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Réveillon e Carnaval, como Gasparini decidiria

Já temos mais de quatro meses de pandemia. Todos os brasileiros experimentaram as mais diversas situações nunca imaginadas. Os desafios foram intensos, tristes, jamais ad­mitidos por qualquer pessoa, realista ou não. Os administra­dores públicos ou de empresas privadas foram intensamente exigidos, em procedimentos de rotina ou de extrema excep­cionalidade. Mas ainda estamos num momento difícil, que exige decisões firmes e de coragem, porque estamos cuidando de vidas humanas e não se permitem vacilos.

Atingimos o instante mais agudo da retomada econômica. Visualiza-se a necessidade do estímulo ao empreendedoris­mo, do apoio à iniciativa com caráter econômico, que fomen­te o trabalho (como emprego ou não). Todavia, nem tudo que se apresente nesse sentido ainda é possível, porque gera aglomerações e estas sugerem transmissibilidade do vírus, concentrações não são recomendadas.

Portanto, é preciso que o gestor (empreendedor público ou da iniciativa privada) tenha a firmeza para dizer sim ou não, concordar ou não com o que se proponha, para este final de ano e para 2021. Afinal, ainda não temos uma vacina que proteja e nos permita ter práticas (especialmente coletivas, em grupos) como tantas que eram do nosso costume. É por isso que se diz que agora haverá um novo normal.

Cada um deverá saber o que possa ser o seu novo nor­mal, a partir dessa pandemia (já e não após a pandemia, cujo final ninguém sabe precisar). Estamos incorporando às nossas práticas exigências desse momento sem anteceden­tes, como uso de máscaras, distanciamento nos encontros sociais, critérios de higiene pessoal, dos locais onde o vírus pode nos surpreender.

É por tudo isso que nas grandes cidades do mundo discutem realizar ou não os eventos da virada do ano, que comemoraremos em novo estilo, em grupo restrito, familiar. No Brasil, acrescem outros eventos de grande concentração popular, como o carnaval (de rua; o dos salões já quase extin­tos; o verão estimula as praias…).

Cancelar é prejuízo de bilhões à nossa economia. Adiar implica num novo calendário, nem sempre adaptável ao re­gionalismo do país. A decisão é difícil, mas terá que ser toma­da em vários níveis: capitais, grandes cidades e interioranas, turísticas ou não, aqui também, por prefeitos, governadores e dirigentes particulares.

Nesse contesto, lembro quando a dengue se tornou uma preocupação aos prefeitos (1991). Sem as proporções atuais (muito piores), em Ribeirão Preto, Welson Gasparini reuniu o seu secretariado (e assessorias técnicas). Todos falaram. O prefeito não. Todos voltaram a reafirmar os pontos importan­tes do que se deveria fazer. O prefeito não. Todos fecharam as questões: administrativas e jurídicas. O prefeito em silêncio, só ouvindo. Aí alguém indagou ao prefeito como ficam estas medidas que tem caráter político? Foi, então, quando o pre­feito falou: “Se estas são as medidas corretas, então são estas a serem cumpridas. Está encerrada a reunião.”

Assim aprendi que quem decide não fala, ouve. Mas, decide na hora certa, com poucas palavras. E bastam. Pa­rabéns, Gasparini! O eterno prefeito de Ribeirão Preto. E sempre respeitado!

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