Tribuna Ribeirão
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Retrocesso pandêmico na Educação

Toda manhã acordo, agradeço, peço a Deus força, fé e sabedoria. Busco refletir sobre o intangível e procuro reavivar a crença na arma mais poderosa chamada Educação, num contexto tão complexo em que estamos enfrentando.

Em minhas reflexões creio que, para um País se desenvol­ver de forma sustentável, a bandeira da Educação deve ser prioridade, se sobrepondo às bandeiras partidárias, ideoló­gicas ou mercadológicas. E convido você, caro(a) leitor(a), a refletirmos juntos sobre isso.

As grandes mazelas no Sistema Educacional Brasilei­ro foram objeto de inúmeras pesquisas para diagnóstico e soluções, porém, quantos educadores e gestores já não se sentiram impotentes, diante de um sistema que parece fixar entraves que prejudicam avanços educacionais?

Antes da pandemia, lutávamos para que o Plano Nacional da Educação 2020 – um importante avanço educacional na última década – pudesse se tornar realidade. Embora grande parte das metas não haviam sido alcançadas, o Brasil cami­nhava neste sentido, apesar da defasagem histórica. Fiz parte do processo de elaboração do Plano Municipal de Educação de Guarujá e do Plano Estadual de Educação, e sei da relevân­cia deste processo.

Diante de tantas adversidades e realidades tão distintas em nosso País, fomos surpreendidos com os desafios que o novo coronavírus nos impôs. Inclusive no meu artigo “As crises da pandemia”, em abril do ano passado, refletia sobre como um vírus poderia transformar tão repentinamente nossa realida­de e, naquele instante, não imaginávamos quantas perdas nos afligiriam, tudo o que passaríamos desde então.

Cerca de 1,5 bilhão de alunos em todo o mundo foram impactados com o fechamento das escolas no ano passado. Educadores, gestores, alunos, famílias precisaram se reinven­tar, e diversos recursos foram usados para conectar alunos com o conhecimento. Porém, a falta de acesso à internet, níveis diferentes de suporte familiar, desigualdades sociais e de vulnerabilidade resultaram em barreiras de exclusão.

Segundo estudos citados no Relatório Anual de Acom­panhamento do Educação Já, do Todos pela Educação, há previsão de perdas de aprendizagem, prejuízos ao desenvol­vimento estudantil na Educação Básica e ainda, aumento de evasão e redução da escolaridade, entre outros impactos. É imperativo considerarmos outras demandas, como as ques­tões socioemocionais por exemplo, que ampliam a necessida­de de um olhar atento.

É preciso resetar nossa compreensão de Educação! Imple­mentar processos avaliativos que indiquem o desempenho do aprendizado, pôr em prática metodologias para recuperação dos conteúdos e competências. Conhecendo o passado e en­tendendo o presente, podemos traçar novas diretrizes.

Não podemos deixar de acreditar na força da Educação, porém, sem estabelecê-la como prioridade, será ainda mais impraticável priorizar medidas e estratégias para retomada do curso evolutivo da Educação em nosso País.

O maior desafio pós-pandemia será superar um déficit educacional composto, ou seja, um déficit pandêmico aplica­do sobre um déficit educacional que já existia antes.

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