A prefeitura de Ribeirão Preto precisará de R$ 15 milhões para restaurar os museus Histórico e de Ordem Geral Plínio Travassos dos Santos e do Café Coronel Francisco Schmidt, no chamado “Complexo dos Museus”, no campus da Universidade de São Paulo (USP).
Os dois equipamentos foram interditados em 2016 depois que parte do forro de um dos prédios desabou. Os espaços culturais também têm outros problemas técnicos que ameaçam a segurança dos funcionários e dos visitantes. Foram constatadas infiltrações, rachaduras e janelas e grades quebradas, além de infestação de cupins.
No final da tarde de quinta-feira, 16 de dezembro, o projeto executivo de restauração, feito por um escritório de arquitetura da cidade, foi entregue à prefeitura de Ribeirão Preto em cerimônia realizada no Salão Nobre do Palácio Rio Branco.
A proposta compreende não somente a reforma e o restauro dos museus, mas também a Casa do Colono, coreto e belvedere, os jardins e o entorno, inclusive o cercamento do complexo. Também prevê a construção de um prédio novo para reserva técnica e um novo local de estacionamento para os visitantes.
Esses novos locais serão incluídos em espaços que não irão interferir no patrimônio histórico. Segundo o prefeito Duarte Nogueira (PSDB), o próximo passo é captar recursos para abrir licitação, contratar uma empresa especializada em restauração e iniciar as obras, o que talvez só ocorra no segundo semestre de 2022.
“Estamos buscando recursos de várias frentes, tanto do Orçamento Municipal, quanto da captação de financiamentos externos”, afirma. Ele diz ainda que não é possível estimar um prazo para reabertura do complexo. O cronograma da obra deve ser apresentado apenas após a captação dos recursos e o término do processo licitatório está previsto para 2022.
Para Isabella Pessotti, secretária municipal de Cultura e Turismo, pasta responsável pelos museus, devolver o acesso aos espaços e, principalmente, o acervo que eles abrigam é de suma importância tanto para o setor cultural quanto para a área da educação – o complexo recebia visita de estudantes para aulas de história “in loco”.
“Tanto no Museu do Café quanto no Museu Histórico e de Ordem Geral, temos um conteúdo riquíssimo, que permeia a história da nossa cidade e do país”, explica. Nas próximas semanas, prefeitura e Secretaria da Cultura e Turismo devem anunciar mais novidades sobre o andamento do processo que prevê a reabertura em etapas do complexo.
A novela do restauro dos dois museus começou em 2016 quando ambos foram interditados, depois que o forro de um dos cômodos desabou. Na época, uma Comissão Especial de Estudos (CEE) na Câmara comprovou a deterioração do acervo e serviu de subsídios para a ação civil movida pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP).
Em outubro de 2017, a Justiça determinou que a prefeitura iniciasse, em até 90 dias, a restauração dos museus, sob pena de multa diária de R$ 1 mil. A administração recorreu da sentença, que acabou sendo mantida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
Já em janeiro de 2019, o Judiciário determinou que a administração municipal teria de reformar os espaços em até dois anos, sob pena de multa de R$ 10 mil por dia de atraso. Os acervos também deveriam ser restaurados dentro de um ano.
O Complexo dos Museus
Com o objetivo de contar a história do “ciclo do café” em Ribeirão Preto e no Brasil, Plínio Travassos dos Santos começou a recolher e colecionar objetos alusivos à cultura do “ouro verde”. Em 20 de janeiro de 1955, já com um número significativo de objetos, foi inaugurado o Museu do Café, instalado provisoriamente, em três salas e três corpos das varandas que circundam o edifício do Museu Histórico.
O prédio do Museu do Café Coronel Francisco Schmidt foi inaugurado oficialmente em 26 de janeiro de 1957, no campus da Universidade de São Paulo (USP). O Museu Histórico e de Ordem Geral começou a sair do papel em 1938, por iniciativa do seu patrono Plínio Travassos dos Santos. Com o objetivo de criar um Museu em Ribeirão Preto. A criação foi oficializada em julho de 1949.
Em 1950, o município recebeu por empréstimo a casa-sede (antigo Solar Schmidt) da Fazenda Monte Alegre. Este imóvel e a área circundante foram posteriormente doados (em regime de comodato) mediante autorização legal. Em 28 de março de 1951, instalado definitivamente no antigo Solar Schmidt, o museu foi inaugurado, com as seções Artes, Etnologia Indígena, Zoologia, Geologia e Numismática.
Os Museus Histórico e do Café abrigam um dos mais importantes acervos relacionados ao café, formado por cerca de três mil objetos, dentre eles documentos históricos, fotografias, numismática, etnologia indígena, mineralogia, mobiliário, indumentária, além de obras de arte como pinturas e esculturas de artistas de renome como Victor Brecheret, Rodolfo Bernardelli, José Pereira Barreto, Tito Bernucci, Oscar Pereira da Silva, J. B. Ferri, Odete Barcelos e Colette Pujol, muitas com temática histórica.