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Restauro de avenida é suspenso

A prefeitura de Ribeirão Preto publicou no Diário Ofi­cial do Município (DOM) de quinta-feira, 23 de fevereiro, comunicado de suspensão da concorrência pública nº 17/2022, sobre a implantação do corredor de ônibus da ave­nida Nove de Julho, um dos cartões postais da cidade e que completou 100 anos em 7 de setembro do ano passado.

O comunicado é assina­do por Ricardo Fernandes de Abreu, secretário municipal da Administração. Com valor es­timado de R$ 33.119.257,31, o processo licitatório havia sido publicado no DOM de 19 de janeiro. Segundo a Secretaria Municipal de Obras Públicas, o prazo para a execução das obras seria de 18 meses a par­tir da assinatura do contrato com a empresa vencedora. Um novo certame será aber­to, sem data prevista.

Motivo
Segundo a Secretaria de Obras Públicas, a suspensão é uma determinação da pasta da Administração por causa de questionamento feito por uma das concorrentes sobre questões técnicas. A respos­ta da secretaria foi anexada ao processo no dia 17 de fe­vereiro, antes do feriado de carnaval.

Portanto, não haveria tem­po legal para que todas as empresas participantes da li­citação pudessem ter acesso à reposta, o que poderia preju­dicar o certame e criar eventu­ais questionamentos jurídicos contra a prefeitura pelos par­ticipantes.

A obra
A obra contemplará o res­tauro do pavimento da Nove de Julho entre a avenida In­dependência e a rua Tibiriçá, o restauro do canteiro central do mesmo trecho, implanta­ção de travessias com acessi­bilidade com deficiência nos cruzamentos e implantação de galerias de águas pluviais nas ruas Comandante Marcondes Salgado e São José, ligando a Nove de Julho à Doutor Fran­cisco Junqueira.

Quanto aos paralelepípe­dos, um problema histórico da avenida, as obras incluem a escavação no solo de aproxima­damente 50 centímetros para a colocação de uma base de concreto. Os paralelepípedos serão recolocados sobre essa base para que eles não afundem mais. Esse trabalho permitirá manter a qualidade do pavi­mento por mais tempo de uso.

Todo o canteiro central será restaurado, preservando os mosaicos de pedras portu­guesas e as árvores, que não serão retiradas. Com a obra, será possível implantar aces­sibilidade nos cruzamentos e retornos da avenida, com ram­pas de acesso para cadeirantes, piso tátil direcional e de alerta indicando os pontos de espera e de travessia.

Licitações
Esta foi a quarta licitação para construção de corredor de ônibus do Programa Ri­beirão Mobilidade lançada no mês de janeiro. O valor total supera R$ 130 milhões (R$ 134.307.451,81). No dia 10, a prefeitura lançou certame para as obras do Quadriláte­ro Central da cidade. O valor máximo estimado é de R$ 26.024.624,07, com prazo para entrega de 18 meses.

Em 12 de janeiro, a admi­nistração Duarte Nogueira (PSDB) lançou concorrência referente ao corredor da ave­nida e rodovia Presidente Cas­telo Branco (SPA-307/330), na Zona Leste, com valor máximo estimado em R$ 36.007.249,48. No dia 13, lançou concorrência para implantação do corredor de ônibus na avenida Costábile Romano e ciclovia na avenida Maurílio Biagi.

O valor estimado era de R$ 39.156.320,95. Porém, a concorrência nº 14/2022 foi suspensa em 13 de janeiro pela Secretaria Municipal de Obras Públicas. Diz que houve falha no edital. A prefeitura havia anunciado que lançaria as lici­tações de quatro corredores de ônibus nos meses de janeiro e fevereiro, completando a rela­ção das obras de mobilidade.

O Programa Ribeirão Mo­bilidade – a versão tucana do Programa de Aceleração do Crescimento II (PAC da Mo­bilidade), com investimento superior a R$ 500 milhões – conta com mais de 30 proje­tos inovadores de intervenção viária na cidade. São R$ 310 milhões em recursos finan­ciados pelo governo federal e R$ 190 milhões do Financia­mento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa) e outras agências de crédito.

Ao todo, serão implantados onze corredores de ônibus em Ribeirão Preto. Serão 56 qui­lômetros no total, percorrendo as principais avenidas do mu­nicípio, além de pontes, túneis, viadutos e 25 quilômetros de ciclovias que irão proporcio­nar maior conforto a 4.154.118 usuários do transporte público.

A história da Nove de Julho
Considerada um cartão postal da cidade, a centenária avenida Nove de Julho foi planejada pelo prefeito João Rodrigues Guião, em 1921. Os primeiros quarteirões, entre a Tibiriçá e a São José, foram entregues no centenário da independência, em 7 de setembro de 1922, com o nome de avenida da Independência, quando também foi inaugurado o obelisco comemorativo à data.

Ficava no entroncamento da então avenida Independência com a rua Tibiriçá. Posteriormente, o obelisco foi transferido para a confluência com a atual Independência. A avenida passou a se chamar Nove de Julho em 1934 em homenagem à Revolução Constitucionalista de 1932. No ano de 1949, durante o governo do prefeito José de Maga­lhães, foram iniciados os estudos para o prolongamento da avenida entre as ruas Sete de Setembro e a atual Independência.

Ainda no ano de 1949, a Nove de Julho foi calçada com paralelepí­pedos entre as ruas Barão do Amazonas e Cerqueira César, além de receber o plantio de 40 árvores da espécie sibipiruna. Ganhou prestígio na cidade a partir do início da década de 1950. As residên­cias construídas nas proximidades seguiram, em sua maioria, o estilo moderno.

Durante a década de 1960, a avenida abrigou algumas das principais mansões de propriedade da elite econômica da cidade. Com o passar do tempo, foi perdendo suas características de área residencial. Ao longo dos últimos 20 anos ela se transformou no principal centro financeiro da cidade e da região.

É famosa pelas frondosas sibipirunas. Mesmo com a transformação que sofreu nos últimos 40 anos a avenida manteve suas caracterís­ticas que lembram a década de 1950 – os paralelepípedos da rua e o calçamento dos canteiros centrais.

Ao longo de seus pouco mais de dois quilômetros, reúne cerca de 30 bancos, entre comerciais e de investimentos, além de seguradoras, consórcios, bares, restaurantes, lanchonetes etc. Um dos principais problemas para a manutenção dos paralelepípedos da avenida é a falta de mão de obra especializada. Os últimos calceteiros se apo­sentaram.

A via – incluindo seus paralelepípedos e as pedras portuguesas do canteiro central – é tombada desde 2008 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac), sendo a extensão do trecho preservado com início na rua Amador Bueno, seguindo até o cruzamento com a avenida Independência.

Outros elementos paisagísticos tombados são: o piso das calçadas de mosaico português do canteiro central e as árvores da espécie sibipiruna. Por ser considerada patrimônio histórico da cidade, a Nove de Julho não pode ter o projeto original alterado e as obras dependem de autorização do Conppac.

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