Valdir Avelino *
[email protected]
Durante anos e anos de abandono e desvalorização do servidor e do serviço público, a escola deixou de ser um lugar seguro para os nossos filhos. Até mesmo a sala de aula, onde todos acreditávamos ser um lugar protegido, livre de qualquer violência, passou a ser um local violento e, às vezes, mortal. Essa semana, mais uma vez, uma jovem aluna morreu e três estudantes ficaram feridos, após um ataque a tiros na Escola Estadual Sapopemba, na zona leste de São Paulo. Segundo o governo paulista, um dos alunos se machucou ao tentar fugir do ataque. Todos os feridos foram levados para o Hospital Geral de Sapopemba, onde também faltavam investimentos públicos e número adequado de servidores.
Casos dessa natureza cometidos desde 2002, segundo o Instituto Sou da Paz, ocorreram com frequência no ano passado. Segundo reportagem publicada pela imprensa, ao todo foram sete ataques em escolas nos primeiros seis meses deste ano e mais dois neste mês de outubro – em Poços de Caldas (MG), no dia 10, e agora em Sapopemba. Em geral, os crimes são cometidos por homens, adolescentes ou adultos usando arma de fogo.
Por que a escola pública, durante décadas um espaço de paz, proteção e segurança para nossas crianças e jovens, foi sendo transformada num cenário de violência e medo permanente? O alto índice de agressão a professores, servidores públicos e violência entre os próprios alunos está intimamente ligado a visão do estado mínimo, da retirada de investimentos indispensáveis no serviço público e na própria infraestrutura do espaço escolar.
O governo que corta investimentos em serviços essenciais como saúde, educação, assistência social, entre outros, dá início a agressões contra um sistema educacional saudável. O governo que desvaloriza e não respeita os direitos mais essenciais dos servidores públicos, acaba promovendo um ambiente que não é de paz nas escolas públicas. Governo que não se rebela contra o descontrole no porte de armas, que atua com violência contra sindicatos e contra aqueles que não compõem sua base parlamentar, não tem autoridade política para conter as agressões.
Para implantar políticas públicas de prevenção à violência nas escolas públicas é preciso, primeiramente, que se acredite no papel do serviço público. Governo que pretende privatizar a Sabesp, a CPTM e o Metrô – todos altamente lucrativos – não tem condições alguma de oferecer uma resposta promissora para nossa sociedade.
À frente do Sindicato dos Servidores Municipais/RPGP, junto com nossa diretoria e com o respaldo da categoria, defendo a adoção, imediata, em todos os níveis, de medidas urgentes em defesa do serviço público – único caminho possível para garantir a existência de escolas públicas seguras, saudáveis, com crianças e jovens na direção de um futuro promissor.
Sem escolas seguras, alegres, dinâmicas, com profissionais valorizados e respeitados, não há caminho que garanta o desenvolvimento pleno das nossas crianças e jovens. Sem um serviço público valorizado e respeitado, não há perspectiva de uma vida adulta feliz, próspera e com condições dignas para as gerações que hoje estão em nossas salas de aula.
* Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis