“Após o jogo com o Bahia, eu conversei com o Guerra no vestiário e troquei algumas ideias, inclusive de trazer o Luan de volta”, afirmou Renato. “Tenho conversado com o presidente, trocado algumas ideias, vamos deixar passar esses dois jogos para ver. O jogador que fez o que fez por nós não desaprende a jogar. Às vezes, você precisa dar um carinho, ser um amigo, ser um bom gestor”, completou.
O treinador condenou a agressão sofrida por Luan, rebateu as críticas feitas ao jogador e defendeu o direito de atletas aproveitarem o horário fora do trabalho como quiserem. “Não adianta você falar que o Luan deveria estar em casa. Ele não deveria estar em casa, ele tem todo o direito de aproveitar a vida. Ele quer jogar, já não é problema meu. É problema dele com o clube. Ele treina e não colocam ele para jogar, é um problema do clube. Agora, ele não tem direito de se divertir? Cadê a democracia? O jogador quando tem um problema com o clube não pode mais viver a vida dele?”, disse.
Renato também destacou que o meia sempre gostou de se divertir, mas que isso nunca o atrapalhou nos tempos em que os dois trabalharam juntos no time gaúcho. Além disso, questionou a forma como o Corinthians tem tratado o caso do atleta, que não conseguiu se firmar em quase quatro anos de clube, motivo da revolta de parte dos torcedores.
“Eu fico triste, porque gosto muito do Luan. Comigo aqui ele fazia coisas que está fazendo em São Paulo, mas era o primeiro a chegar, um dos últimos a ir embora e rendia dentro de campo. O treinador em primeiro lugar tem de entender de futebol e, do lado, ser um grande gestor, muitas vezes um amigo, um pai, um psicólogo. O que é feito no Corinthians não é problema meu. Comigo ele rendeu muito”, afirmou.
A violência no futebol brasileiro, de forma geral, foi outro assunto tratado pelo técnico tricolor durante a coletiva. “Quando tem uma morte, se mobilizam, vão fazer isso, mudar lei… Enquanto não tiver morte, vão empurrando com a barriga. Ouvi uma declaração do delegado: se o Luan não der queixa, a polícia não pode fazer nada. Pode. Cadê o Ministério Público? Se o Luan estivesse até hoje desmaiado no hospital e não pudesse dar queixa, ia ficar por isso mesmo? Não adianta falar que são torcedores. Não é a torcida do Corinthians. As autoridades têm de fazer alguma coisa”.
LUAN AGREDIDO
Durante a madrugada da última terça-feira, Luan estava com amigos (homens e mulheres) em um quarto do segundo andar do motel Caribe, na Barra Funda, quando ouviram uma pancada forte na porta e visualizaram sete pessoas. Eles fizeram ameaças de morte ao jogador e agrediram todos que estavam no local e se identificaram como membros Gaviões da Fiel, principal organizada do Corinthians; A Polícia Civil já identificou os agressores, que agora serão intimados a prestar esclarecimentos.
O Boletim de Ocorrência registrado por dois amigos do jogador diz que um deles, Reginaldo Coelho, entrou no quarto do motel gritando “vou matar o Luan, vou matar vocês”. Reginaldo é um dos 12 corintianos presos em Oruro, na Bolívia, em 2013, acusados de envolvimento com a morte do Kevin Espada durante um jogo da Libertadores, contra o San Jose. Danilo Silva de Oliveira , outro presente no motel, também esteve preso na Bolívia.
Luan está no Corinthians desde 2020, contratado pelo clube junto ao Grêmio por cerca de R$ 29 milhões à época, durante a gestão do presidente Andrés Sanchez, e com um salário de R$ 800 mil. Com contrato válido até o final desta temporada, ele não entra em campo desde fevereiro de 2022 e treina em horários separados do elenco principal.
Nesta semana, antes da agressão, Luan retornou aos holofotes após participar do podcast do ex-atacante Denilson. Em entrevista, ele revelou que tem condições de ser reintegrado ao time e chegou a pedir a Luxemburgo para treinar junto com os companheiros – fato que foi negado pelo treinador. Sem ser utilizado por Vítor Pereira, ele foi emprestado ao Santos na última temporada, mas retornou ao clube no fim de 2022.