Edwaldo Arantes *
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Há muito tempo atrás, exerci o cargo de Secretário Municipal do Planejamento e Gestão Ambiental, nomeado Secretário Adjunto, com a licença do Titular para um curso em Londres, fui nomeado Secretário.
O então Prefeito à época, destaco com justiça, refutando como um dos mais importantes da história política de nossa cidade, pelo seu tino desenvolvimentista, primeiro a propor parcerias público privadas, também, pelo seu alto grau intelectual, voltado às ações sociais, culturais, educacionais e saúde.
Nas cerimônias e inaugurações, havia momentos que se afastava para o pão de queijo e café, talvez pensando sobre tarefas, como Chefe do Executivo Municipal.
Não tive quaisquer dúvidas, aproximei-me interpelando-o:
– Senhor Prefeito, vossa Excelência deveria pensar em introduzir peixes na alimentação dos alunos.
– Respondeu de pronto:
– Que ideia maluca é está, caro Edwaldo Arantes?
Terminada a cerimônia dirigi-me a sede do próprio municipal, meu celular chamou menos de quarenta minutos depois, era o Chefe de Gabinete do alcaide.
– Edwaldo! O Prefeito comunica que o senhor tem seis meses para entregar a ação, entretanto, não pode colocar sequer um centavo, a não ser, toda estrutura governamental.
Rapidamente, reuni minha competente equipe, iniciamos o plano para implantação do ousado e pioneiro projeto.
Eram necessários recursos e parcerias, principalmente, universidades, iniciativa privada, instituições, poder público estadual e, principalmente, as secretarias municipais, desde as técnicas como as educacionais e culturais, divulgando entre diretores, professores, alunos e mães, a importância em contar também com um alimento fundamental e saudável em seus cardápios.
O Departamento de Zootecnia da UNESP – Universidade Estadual Paulista de Jaboticabal, um dos mais conceituados e destacados cursos, considerado centro de excelência, também em piscicultura.
Um Professor Doutor, definido como uma das maiores autoridades na área, apaixonou-se pela ideia e, imediatamente, estabeleceu o plano e as necessidades para sua perfeita execução.
Escolhi como local para a instalação dos tanques o Horto Municipal, que compunha juntamente com outros, como Bosque Zoológico Municipal Fábio Barreto, todos os parques, jardins, e a conceituada Diretoria de Gestão Ambiental, completavam departamentos da Secretaria.
Sob a batuta do mestre, a administração iniciou a construção dos tanques, com o acompanhamento e supervisão “in loco” da universidade.
Era necessário prover itens determinados à sua conclusão, alevinos, rações, medicamentos veterinários, água pura, indispensáveis à qualidade do cultivo e sucesso da produção.
Procurei o meu saudoso amigo, Wilson Toni, que levou-nos à Presidência da CPFL, então pública, que garantiu a doação dos alevinos.
Uma destacada multinacional alimentícia, forneceu rações e nutrientes, conceituada fábrica de artigos veterinários, contribuiu com vacinas e produtos terapêuticos aos procedimentos, tratamentos e prevenções, garantindo alta qualidade dos pescados.
A espécie escolhida pelos técnicos da universidade foi a tilápia.
“Originária da África, se adaptou bem às águas brasileiras, amplamente cultivada e consumida, ideal para crianças e idosos, o filé devido ao seu sabor, sua carne branca, pouquíssima gordura, praticamente isenta de espinhas. Seu alto valor nutritivo supera carnes bovinas, suínas e aves”.
No dia da inauguração estávamos a beira de um tanque, o senhor prefeito retirou as primeiras tilápias, sob os olhares surpresos dos presentes, imprensa, brilhante equipe da UNESP, convidados, membros da administração municipal, principalmente do então Secretário Municipal da Saúde, brilhante e competente médico, esteve todo o tempo ao meu lado, defensor intransigente da realização e do sucesso do empreendimento, o saudoso e inesquecível, Dr. Luis Carlos Raya.
Tecendo breves comentários, surgiu minha paixão pelos peixes, adquiri aquários de todos os tamanhos e espécies, nas madrugadas ficava sorvendo meus vinhos, embalado por uma leve música em baixíssimo som, as luzes do aquário iluminando meus pensamentos, o silêncio clareando minhas dúvidas e anseios.
* Agente cultural