A partir do dia 1º de abril, os preços dos medicamentos serão reajustados. A previsão é que o valor suba de 4,46% a 6,31%, mas ainda não há nada definido oficialmente. A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão que ajusta os valores, leva em consideração a influência do câmbio, oscilações do mercado, índice da inflação e os custos operacionais da indústria para estabelecer um valor.
Os valores são estabelecidos através de três classes: fitoterápicos, genéricos e equivalentes e os produtos de referência. Quando o reajuste for divulgado, as farmácias já estarão autorizadas para aplicar os novos valores dos medicamentos. Os gastos com a compra de remédios estão na lista das principais despesas para os cuidados com a saúde entre as famílias brasileiras.
“Infelizmente, o aumento vai agravar ainda mais a dificuldade de quem não consegue seguir o tratamento medicamentoso prescrito por um especialista por falta de condições em custeá-lo, e poderá gerar o mesmo problema para quem já o faz com algum sacrifício”, diz Luiz Monteiro, presidente da Associação Brasileira das Empresas Operadoras de Programas de Benefícios em Medicamentos (PBMA). Estima-se que cerca de 50% das pessoas que iniciam um tratamento de saúde o abandonam por falta de acesso ao medicamento prescrito.
“E de muitas que seguem, uma boa parte acaba se endividando por isso”, diz o presidente da entidade. É o que mostra uma pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), publicada no ano passado. Os números divulgados apontaram que, em 2017, despesas não pagas relacionadas aos cuidados com a saúde colocaram 25,3% dos brasileiros na lista de negativados. O gasto médio mensal de quem faz uso de remédios contínuos ou periódicos é de R$ 138,32.
“A interrupção do tratamento acaba gerando ainda mais despesas ao paciente, já que os problemas com a saúde se agravam e, invariavelmente, é necessário a realização de novos exames e até mesmo de novas internações”, completa Monteiro. Ele explica que, com o Programa de Benefícios em Medicamentos, as pessoas têm mais chances de seguir o tratamento, já que o subsídio oferecido por empresas facilita o acesso da população ao medicamento.
“O subsídio pode variar de acordo com o plano escolhido pelas empresas, mas há casos em que pode ser de até 100% do valor”, relata o presidente da PBMA. O conceito de PBM já existe no mercado americano desde 1980 e atualmente perto de 80% da população aviam suas receitas médicas pelo sistema. Aqui no país o conceito chegou a partir de 1990.
Hoje, no Brasil, funcionários de empresas como Telefônica Brasil, IBM, Caterpillar, Unilever, Arcelor Mital, Carrefour, Nestlé, Gerdau e Tigre, entre outras, já subsidiam medicamentos para seus funcionários. Dados levantados pela associação mostram que cerca de 110 milhões de unidades (caixas) de remédio foram distribuídas no país, em 2018, por meio do PBM. Para 2019, a instituição prevê um crescimento em torno de 15%, ou seja, que aproximadamente 125 milhões de unidades sejam dispensadas.
No ano passado, os medicamentos ficaram, em média, 2,43% mais caros. O reajuste aplicado ficou entre 2,09% a 2,84%, abaixo da inflação de 2017, de 2,95%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma) disse que, pelo segundo ano consecutivo, o reajuste dos medicamentos ficou abaixo do que a inflação. De 2013 a 2017, cita, a taxa acumulada do IPCA foi de 36,48%, ante 32,51% dos reajustes médios autorizados pelo governo para remédios.