Tribuna Ribeirão
Cultura

Regras podem tirar blocos das ruas

Vários blocos carnavales­cos que pretendiam sair às ruas em fevereiro não sabem mais se terão condições de atender todas as determina­ções apresentadas pela Co­missão do Carnaval 2018, composta por representantes da Secretaria Municipal da Cultura (Secult), Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto (Transerp), Polícia Militar (PM), Guarda Civil Municipal (GCM) e De­partamento de Fiscalização Geral da Secretaria Munici­pal da Fazenda (Sefaz).

Dez agremiações manifes­taram interesse em desfilar nas ruas da cidade, como o Tribuna já havia informado – as escolas Imperadores do Samba e Em­baixadores dos Campos Elíseos, o Carnagay, o afoxé Orunmilá, o maracatu Chapéu de Sol e cinco blocos – Bloco da Vila, Califór­nia, das Bonecas e Bonecos, Os Marcianos (em Bonfim Paulis­ta) e Bloco dos Pingurço.

Com as regras apresen­tadas pela comissão, alguns não devem desfilar –o Bloco da Vila já anunciou sua desis­tência. Na última quarta-feira (18), durante em reunião em sua sede, a Secretaria Muni­cipal da Cultura apresentou aos organizadores de blocos, escolas de samba, afoxés e maracatus as exigências le­gais. Por meio de nota envia­da ao Tribuna, “a administra­ção municipal informa que as exigências para a realização do carnaval de rua, além de obedecer à legislação, tem o objetivo de garantir a segu­rança das pessoas que parti­cipam dos eventos.”

A lista inclui a assinatura de um termo de compromisso em que os organizadores se respon­sabilizam por tudo o que ocor­rer durante o desfile nas esferas civil, criminal e administrativa. A Secult também avisou aos responsáveis pelas agremiações que será necessário respeitar a lei municipal nº 14.072, propos­ta por Orlando Pesoti (PDT) e aprovada pela Câmara em ou­tubro do ano passado, exigindo que todo evento público con­trate seguranças particulares, de empresas devidamente habilita­das – um para cada 100 pessoas.

Cristina Rodrigues, do maracatu Chapéu de Sol, por exemplo, disse em entrevista nesta quinta-feira, 18 de janiro, que ainda não sabe se vai sair às ruas na terça-feira de carnaval, 13 de fevereiro. “Não temos recursos para arcar com a con­tratação de seguranças. Nossa estimativa é de reunir entre mil e 1.500 pessoas, então teríamos de contratar pelo menos cinco seguranças”, explica.

“Avisamos a secretaria e nos disseram que estão tentando providenciar os seguranças. Se der certo, saímos. Caso contrá­rio, não”, informa. A lei prevê multa de R$ 5 mil em caso de desrespeito. Se sair em 2018, o maracatu completará o quinto ano nas ruas da Vila Tibério. O trajeto é bastante curto, da esquina das ruas Dois de Julho e Bartolomeu de Gusmão até a praça José Mortari.

Já o tradicional Bloco da Vila, o segundo mais antigo (só perde para o Berro, do Cineclu­be Cauim), que não havia con­seguido sair em 2017 e este ano havia anunciado seu retorno, anunciou nesta quinta-feira sua desistência. O organizador Fer­nando Braga lamenta as exigên­cias impostas pela Secult, que para ele inviabilizam o desfile.

“Com empresários do bair­ro tínhamos angariado cerca de R$ 10 mil, o suficiente para sair no mesmo esquema de 2016, quando atraímos perto de cinco mil pessoas. Mas, com as novas exigências, o custo mais do que dobrou”, destaca Braga, lembrando que até am­bulância tipo UTI precisa ser contratada pela organização.

Além da questão da con­tratação de seguranças, Braga diz que a Secult transferiu para a organização dos blocos a res­ponsabilidade pela interdição das ruas – até os cavaletes ne­cessários terão de ser providen­ciados pelos grupos. Todos os moradores dos quarteirões que serão percorridos têm de ser co­municados com antecedência. “Avisaram que não poderemos usar o nome Secretaria Munici­pal da Cultura nem como apoio. Ou seja, na prática, eles tiraram o corpo fora”, reclama.

Já o irreverente Bloco Ber­ro, o mais antigo, que sai desde 2003, optou por contornar as exigências. “Assim que tivemos conhecimento das exigências, deixamos de participar das reu­niões. Nosso trajeto é curtíssi­mo, passamos a tarde na frente do Cauim, no sábado anterior ao carnaval (dia 3 de fevereiro), e por volta de 19 horas desce­mos até a sede da UGT (Memo­rial da Classe Operária, na rua José Bonifácio nº 59), onde tem um baile”, informa o presidente do Cauim, Fernando Kaxassa.

Ele avisa que o Bloco Berro vai às ruas, sim. “Este ano homenage­aremos a bióloga Ângela Doreto e a Fernanda Secchi, do coral cê­nico Bossa Nossa, que participam do bloco desde o primeiro ano. A música é do Márcio Coelho”, diz. Este será o 16º desfile pelas ruas da região central de Ribeirão Preto. O desfile terá início às 16 horas, em frente à sede do Cauim, na rua São Sebastião nº 920 (telefone 3441- 4341), no Centro.

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