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Reforma de sítio, terreno e apartamento eram propinas a Lula

“A denúncia procede, os fatos são verdadeiros. Eu diria apenas que os fatos desta denúncia dizem respeito a um capitulo de um livro um pouco maior do relaciona­mento da Odebrecht com o go­verno do ex-presidente Lula e da ex-presidente Dilma, que foi uma relação bastante intensa, bastante movida a vantagens, a propinas pagas pela Odebrecht para agentes públicos, em forma de doação de campanha, de benefícios pessoais, em forma de caixa 1 e caixa 2.”

Assim abriu seu depoimen­to ao juiz federal Sérgio Moro, o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, um dos homens fortes e de confiança de Lula e da história de ascensão política do PT. Pela primeira vez ele confessou seus crimes cometidos no bilionário esquema de corrupção descober­to na Petrobras pela Lava Jato.

Preso desde 2016, Palocci falou por duas horas a Moro e afirmou que a reforma do sítio de Atibaia – que a Lava Jato diz ser de Lula e ele nega –, a compra de um terreno de R$ 12 milhões para ser sede do Instituto Lula, de um apartamento em São Bernardo foram propinas pagas pela Ode­brecht ao ex-presidente.

Palocci confessou ter prati­cados crimes na Petrobras, mas disse ser uma engrenagem. Se­gundo ele, o beneficiário maior era Lula. Ouvido como réu em um processo criminal, o petis­ta citou acerto de R$ 300 mi­lhões de Emílio Odebrecht com Lula. Nesta ação, Lula é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro sobre contratos entre a Odebrecht e a Petrobras. A propina para ele teria sido paga na compra de um terreno para o Instituto Lula e de um apartamento.

Mas o ex-ministro disse que o esquema era muito maior. E que na troca dos governos Lula e Dil­ma, em 2010, Emílio Odebrecht buscou Lula e fez um “pacto de sangue” com ele.

“Foi nesse momento que o doutor Emílio Odebrecht fez uma espécie de pacto de san­gue com o presidente Lula. Ele procurou Lula nos últimos dias de seu mandato e levou um pacote de propinas para o presidente Lula esse terreno do Instituto, que já estava com­prado e seu Emílio apresentou ao presidente Lula, o sítio para uso da família, que estava fa­zendo a reforma em fase final e disse ao presidente que es­tava pronto e disse que tinha a disposição para o presiden­te fazer sua atividade política dele, R$ 300 milhões.”

Palocci diz ter ficado choca­do, quando ouviu no dia seguinte em reunião. Palocci afirmou ter ouvido de Lula: “Ele só fez isso porque tem muito receio da pre­sidente Dilma, porque ele nunca tratou comigo de recurso”.

O ex-ministro admitiu que o Italiano da planilha da Odebrecht era ele. “Não sei porque eles me deram essa alcunha”, disse.

Petrobras – Palocci confir­mou também o esquema de fatia­mento político entre PT, PMDB e PP da Petrobras para arrecadação de propinas. “Era um intenso fi­nanciamento partidário.”

O ex-ministro disse que a Pe­trobras não era sua área de atua­ção direta, mas como membro da cúpula do governo ele disse que sabia dos desvios e discutiu isso internamente. Desde 2014, a Lava Jato apontou que os partidos, por meio dos diretores indicados, ar­recadava de 1% a 3% de propinas, em conluio com empresários.

Além do ex-presidente, tam­bém respondem ao processo o ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma), seu ex-assessor Branislav Kontic, o advogado Ro­berto Teixeira, compadre de Lula, o empreiteiro Marcelo Odebrecht e outros três investigados.

Defesa – O advogado Cris­tiano Zanin Martins, defensor do ex-presidente Lula, declarou em nota. “Palocci muda depoi­mento em busca de delação. O depoimento de Palocci é con­traditório com outros depoi­mentos de testemunhas, réus, delatores da Odebrecht e com as provas apresentadas.
Preso e sob pressão, Palocci negocia com o MP acordo de de­lação que exige que se justifiquem acusações falsas e sem provas contra Lula.

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