Tribuna Ribeirão
Política

Reforma administrativa – Deputados divergem sobre funcionalismo

A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou (Alesp), na noite de terça-feira, 19 de ou­tubro, a reforma administrati­va enviada pelo governador João Doria (PSDB). O texto do projeto de lei complementar nº 26 altera a remuneração de servidores e foi alvo de protes­tos durante a sessão. Foram 50 votos a favor e 29 contra.

O texto institui um bônus por desempenho aos servi­dores. Este é um dos pontos polêmicos. Parlamentares de oposição afirmam que os ter­mos para a concessão da boni­ficação são vagos e podem ser politizados dentro da adminis­tração do Estado.

Ribeirão Preto é represen­tada por dois deputados na Alesp: Léo Oliveira (MDB) votou a favor e Rafael Silva (PSB), contra. O texto, envia­do para a Assembleia Legisla­tiva em agosto, em regime de urgência, altera pontos como bonificação por resultado, acaba com a possibilidade de faltas abonadas e cria re­gra para contratar servidores temporários em caso de gre­ve, entre outros tópicos.

Nos últimos dois anos, essa será a terceira grande mudança para o funcionalismo estadual. A primeira foi a reforma da Previdência paulista, que pas­sou a valer em março de 2020. A segunda alterou, entre ou­tros pontos, o plano de saúde dos servidores gerenciado pelo Instituto de Assistência Médi­ca ao Servidor Público Estadu­al de São Paulo (Iamspe).

A criação da bonificação por resultados é uma das prin­cipais alterações do projeto. O método já é usado em algumas secretarias. O modelo prevê o pagamento de bônus aos ser­vidores de órgãos públicos e autarquias que avancem na carreira entre um ano e outro.

Outra medida é a alteração da lei 1.093, de 16 de julho de 2009, que trata sobre a con­tratação de temporários no estado de São Paulo, incluindo professores. A nova regra per­mite contratar servidores por motivos de calamidade públi­ca, greve que “perdure por pra­zo não razoável” ou que seja considerada ilegal pela Justiça.

O projeto acaba com a far­ra das faltas abonadas – atual­mente, os servidores podem ter até seis faltas abonadas por ano, sem a necessidade de apresentar documento legal justificando a ausência. O tex­to extingue o reajuste do adi­cional de insalubridade com base no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Funda­ção Instituto de Pesquisas Eco­nômicas (Fipe).

A estimativa é de redução de 40% nos ganhos, chegando a 50% no caso dos funcioná­rios da saúde. Também revoga a possibilidade de pagamento desta “vantagem” durante afas­tamento por meio de licença­-prêmio. A proposta também cria a Controladoria-Geral do Estado (CGE), congregando as funções de auditoria, ouvido­ria, corregedoria e controlado­ria semelhante ao âmbito fede­ral com a Controladoria-Geral da União (CGU).

Segundo o deputado Léo Oliveira, que votou a favor da proposta, a lei não altera os sa­lários dos funcionários públi­cos. Por meio de nota enviada ao Tribuna, ele afirma que o projeto diminui a quantidade de faltas remuneradas e as bo­nificações nos salários deixa de ser automática, e passa a ser através de resultados obtidos dentro do trabalho.

“Para os servidores da se­gurança pública – que já têm corregedoria –, nada muda. A lei também permite que os serviços públicos estaduais, como escolas e saúde, não parem totalmente durante greves. A modernização no setor público é importante para melhorar cada vez mais a prestação de serviço públi­co para a população paulista”, conclui o parlamentar.

Já Rafael Silva votou contra o projeto. O parlamentar afir­ma que é preciso entender que “o serviço público é a escola, é o hospital, é a segurança. Quem precisa desse aten­dimento são as pessoas mais simples, que não têm convênio médico, que não podem pa­gar escola particular, que não têm segurança privada”, diz.

“Os profissionais da saú­de, por exemplo, que deram a vida na pandemia contra a covid-19, e agora vão perder o reajuste no adicional de in­salubridade. Isso não é justo. Os professores, os agentes es­colares, também precisam de valorização, de salários ade­quados”, emenda.

“Os policiais, os aposen­tados. E muitos outros traba­lhadores em funções e com salários mais baixos, como au­xiliar de limpeza, motoristas, merendeiras. Não foi um pro­jeto para melhorar o serviço público oferecido à nossa po­pulação. Por isso votei contra”, argumenta o deputado.

Deputados de oposição disseram que o órgão pode ser usado como um instrumen­to de “perseguição” dentro do governo. “A controladoria, que será aprovada, nós vamos as­sistir a uma verdadeira caça às bruxas dentro do nosso servi­ço público”, afirmou a deputa­da Valéria Bolsonaro (PRTB).

A votação ocorreu em meio a protestos de servidores estaduais em frente à Alesp. Membros dos sindicatos tam­bém ocuparam as galerias da Casa e vaiaram deputados da base. A rapidez para votação é apontada como uma mano­bra do governo para acelerar a aprovação da pauta sem trans­parência e debate público.

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