Tribuna Ribeirão
Política

Reforma administrativa – Acordo com Fadep não foi homologado

O acordo judicial de não persecução cível, proposto pelo promotor Carlos Cezar Barbo­sa para a Fundação para o De­senvolvimento do Ensino e da Pesquisa do Direito (Fadep) – acusada de fraude após ser con­tratada para elaborar o projeto de reforma administrativa da prefeitura de Ribeirão Preto –, ainda não foi homologado.

A Fadep é alvo de ação civil por improbidade proposta pelo Ministério Público de São Pau­lo (MPSP), na 2ª Vara da Fazen­da Pública de Ribeirão Preto, a cargo da juíza Lucilene Apare­cida Canella de Melo. Apesar de ter personalidade jurídica própria, a fundação é ligada à Faculdade de Direito da Uni­versidade de São Paulo (USP) – campus de Ribeirão Preto.

O acordo de persecução tem por finalidade impedir o início ou continuidade de uma ação civil pública por ato de im­probidade administrativa me­diante a aplicação de sanções aos agentes responsáveis pela prática dos supostos atos ilegais.

O acordo foi apresentado pelo MP e aceito pela funda­ção no dia 7 de novembro do ano passado, mas ainda não foi homologado porque a Jus­tiça pediu, no final de abril, para a prefeitura se manifes­tar se concorda ou não com a proposta, mas ainda não hou­ve resposta. Nesta sexta-feira, 19 de maio, o governo infor­mou, por meio de nota, que “recebeu a notificação e está analisando os termos do acor­do para a sua manifestação”.

O trabalho realizado pela fundação serviu de base para o projeto de lei do Executivo que alterou a estrutura admi­nistrativa da prefeitura. Foi aprovado na Câmara e sancio­nado pelo prefeito Duarte No­gueira (PSDB) em 21 de abril de 2021. Entretanto, como o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) detectou falhas na lei, determinou que a pre­feitura refizesse o projeto.

Em primeira discussão, foi aprovado na sessão de quinta­-feira (18). A votação da reda­ção final será na próxima ter­ça-feira, dia 23. Pelo acordo, a fundação se comprometeu a devolver aos cofres munici­pais, na forma de prestação de serviço, o valor de R$ 172.500, correspondente a um quarto do total do contrato na época da assinatura.

O contrato assinado era de R$ 690 mil e o restante seria a parte correspondente para de­volução – em caso de condena­ção – dos outros três acusados. A prestação de serviços seria feita em 2023 e 2024, com a rea­lização de cursos de treinamen­to para os membros dos Con­selhos Municipais da Criança e Adolescente e do idoso.

O objetivo é a captação de recursos do Imposto de Renda (IR), destinados por lei fede­ral a estes conselhos. Também seriam ministrados cursos de aperfeiçoamento para os con­selheiros tutelares, além da re­alização de projeto pedagógico sobre cidadania para alunos dos ensinos fundamental e mé­dio das redes municipal e esta­dual da cidade. Quatrocentos professores também seriam ca­pacitados para ministrar o pro­jeto de cidadania aos alunos.

Além dos cursos, a funda­ção se comprometeu a disponi­bilizar um total de R$ 361.200 nos anos de 2023 e 2024 para ações da Faculdade de Direito da USP que beneficiem direta­mente a população de Ribeirão Preto. As ações envolveriam o atendimento psicológico de alunos carentes, recepção de ca­louros, escritório experimental e atividades estudantis externas.

Além da fundação, são réus na ação Gustavo Assed Ferrei­ra, presidente da entidade na época da contratação; o então secretário da Casa Civil, An­tonio Daas Aboud; e o ex-se­cretário da Fazenda, Demerval Prado Júnior. Abboud era se­cretário adjunto da Casa Civil. No começo do atual mandato tucano (2021- 2024), foi nome­ado secretário de Governo.

Já Demerval ocupou o cargo de secretário municipal da Fa­zenda de 4 de janeiro de 2021 até o dia 13 de abril do mesmo ano. Ou seja, ficou no posto por pou­co mais de três meses. No pro­cesso, os dois são acusados pelo Ministério Público por suspeita de omissão e consequentemen­te, favorecimento no processo de contratação – com dispensa de licitação – da fundação.

Se condenados, todos os réus terão que restituir aos co­fres públicos o valor pago, além de ficarem sujeitos a processos administrativos e criminais. Todos os acusados negam as irregularidades. Afirmam ain­da que os serviços contratados foram efetivamente executados.

Segundo o promotor Carlos Cezar Barbosa, o acordo pro­posto é individual e beneficiará somente a Fundação para o De­senvolvimento do Ensino e da Pesquisa do Direito (Fadep) e, caso desejarem, os outros acu­sados terão que se manifestar junto ao MP que poderá, a seu critério, elaborar acordos para cada um deles.

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