Em maio de 2007, recebemos a visita da ministra do Turismo, em memorável evento realizado em um hotel aqui da cidade pelo Ribeirão Preto Convention & Visitors Bureau.
Com autorização do diretor do aeroporto de Ribeirão Preto, pudemos recepcionar a ilustre visitante nos pés da escada do avião. O interessante é que, no trajeto entre o Leite Lopes e o hotel do evento, conseguimos sensibilizar a Ministra de que a nossa cidade estava apta a disputar o título de Cidade Referência em Turismo de Negócios e Eventos. Vale lembrar que outras 5.500 cidades do Brasil também disputavam o título. Os sólidos argumentos apresentados pelo Convention foram suficientes para impactar a decisão ministerial.
No discurso, sem nada nos antecipar e para a nossa alegria, a ilustre visitante nos brindou com a declaração de que, naquele momento,a cidade havia sido escolhidapara receber a chancela do Ministério do Turismo.
E o que a cidade iria ganhar com isso? Muito. Por exemplo, monitoramento e orientações da FGV, recursos, apoios, visibilidade, projetos, etc. Dito e feito.
Por outro lado, como contrapartida, a cidade teria que cumprir algumas metas, dentre elas a criação de uma Secretaria de Turismo e adotar posturas perenes para fazer jus àquele título. O Convention capitaneou essa missão de maneira que, em 2008, após a eleição do novo gestor municipal, convenceu a então recém-eleita prefeita a criar a tal Secretaria de Turismo.
Nos tempos atuais, a dita secretaria nada tem feito, a não ser receber recursos para pagamento de sua equipe. Com orçamento medíocre e com um chefe da pasta que desconhece completamente o setor, tem andado para trás. Não apresentou nenhuma proposta concreta e não buscou recursos disponibilizados nos governos Federal e Estadual e, pior, os perdeu.
Enfim, para se consolidar como uma cidade de negócios e eventos, no último dia 08 de junho de 2018, o Convention apresentou uma proposta de redução do ISS para eventos (de 4% para 2%), a exemplo do que acontece com os principais destinos brasileiros. Essa redução, com certeza, traria muitos eventos para cidade, pois a incluiria no rol das cidades competitivas e que têm uma política de apoio efetiva. Porém, a Prefeitura deu de ombros e mais uma vez perdeu o bonde das oportunidades. Pior, como procedimento recorrente, sequer respondeu ao ofício.
A título de convencimento de ações visionárias, recentemente, o governador João Dória procedeu a redução do ICMS do querosene de aviação de 25% para 12%. Com essa ação, o Estado de São Paulo, em apenas um ano, receberá como compensação, fruto de ações paralelas e estratégicas, mais de R$ 111 milhões.
Além disso, segundo o Secretário de Turismo do Estado de São Paulo-Vinicius Lummertz, as empresas aéreas irão criar 490 novas partidas semanais e 70 novos voos nacionais. Outras seis novas linhas serão criadas para o interior do Estado, dentre elas, Ribeirão Preto. Ainda segundo o secretário de Turismo do Estado, “o saldo líquido projetado entre a renúncia do ICMS e arrecadação adicional de receitas é de R$ 111 milhões anuais e pode gerar aumento de 39 mil empregos em um ano e R$ 1,4 bilhão em salários.”
Sabe-se que o setor de eventos é o filé mignon do setor de turismo. Segundo uma pesquisa da CWT Meetings & Events, a previsão é que o segmento tenha um crescimento de 5% a 10% este ano.Uma outra pesquisa feita pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB) e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), aponta que 77,3% dos profissionais esperam crescer as vendas até dezembro e 41,2% afirmaram que terão uma verba de marketing maior que o ano de 2018.
Esse cenário só reforça como os investimentos em marketing impactam diretamente o mercado de eventos. Outro número interessante, de um segmento totalmente ligado ao mercado de eventos, é o do setor hoteleiro. Segundo estudo apresentado pela The International Society of Hospitality Consultants (ISHC) no Fórum Nacional da Hotelaria, há uma expectativa de crescimento de 13% no setor, até 2022.
E Ribeirão Preto, grife que é, está deixando de receber inúmeros eventos nacionais e internacionais, por conta do descaso. Haja vista o estado de penúria que se encontra o Parque Permanente de Exposições. Com a redução do ISS e pela ação de captação e produção em escala, poderíamos receber inúmeros eventos e gerar incontáveis postos de trabalho, além, claro, de tributos.
Enfim, com a visão pouco estratégica e de baixo conhecimento gerencial, o pouco caso com a proposta do Convention, sentencia-nos a ficar na rabeira, mais uma vez.
O que se espera, é que haja uma mudança administrativa urgente. Pelo menos é o desejo do setor hoteleiro, de eventos, transportadores, de fornecedores de equipamentos, de serviços, de consultores, gastronômico, centro de convenções, etc.
Com estas mudanças e com uma política pública adequada, poderemos sim, ser chamados de Cidade Referência em Turismo de Negócios e Eventos. Por enquanto, é apenas um sonho.