A campanha de vacinação antirrábica deste ano deve ocorrer entre julho e agosto, segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS). A cidade não registra casos de raiva humana há mais de 20 anos e a última ocorrência em animais domésticos data de 2016 – quando o Instituto Pasteur confirmou a morte de um gato no bairro da Ribeirânia, na Zona Sul, infectado com a variante do vírus de encontrado em morcego hematófago.
Em 2015, dois felinos também foram a óbito e, em 2014, dois cães morreram por causa da doença na cidade. Em 2016, o Instituto Pasteur confirmou a morte de seis morcegos – nos dois anos anteriores foram oito casos em cada período. Em 2018, até o início de junho, a cidade já soma 16 mortes de morcegos – 89% dos 18 óbitos de 2017 inteiro, segundo nota da Divisão de Vigilância Epidemiológica (DVE) enviada à redação do Tribuna. No ano passado, a pasta encaminhou ao Instituto Pasteur amostras de 594 morcegos, apenas 18 positivos – 3% do total.
Em 2018, até o início deste mês, a Secretaria Municipal da Saúde enviou para a capital material coletado em 201 espécimes e somente em 16 a raiva foi constatada, quase 8%. No ano passado, a pasta enviou para análise 643 amostras de cães e 330 de gatos – 973 no total. Em menos de seis meses de 2018, já foi remetido ao Instituto Pasteur material coletado em 232 caninos e 120 de felinos – 352 ao todo, 36,2% dos casos suspeitos de 2017.
A Secretaria Municipal da Saúde reafirma que não há ocorrência de raiva humana desde a década de 1990 – a última registrada na cidade foi em 1995, quando uma pessoa morreu. Segundo Luzia Márcia Romanholi Passos, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde e Planejamento da SMS, “a Vigilância Epidemiológica tem ações normatizadas para acompanhamento de pacientes expostos ao risco, indicando esquema vacinal profilático.” A campanha de vacinação deste ano deve ter mais de 90 postos disponíveis – no ano passado a prefeitura tinha 94 pontos distribuídos por Ribeirão Preto. A imunização é gratuita.
A estimativa é imunizar cerca de 50 mil cães e gatos até o final da campanha. No entanto, balanço da secretaria indica que, no ano passado, este número foi superado em 13,05%, chegando a 56.526 – foram vacinados 48.829 cachorros e 7.697 felinos durante o mês de agosto em postos fixos e volantes. A raiva é uma doença que não tem tratamento e é transmitida a animais domésticos por meio de contato com morcegos contaminados. Por isso há necessidade de proteger caninos e felinos, uma vez que a doença pode ser transmitida também ao homem.
Segundo a Divisão de Vigilância Ambiental, as pessoas não devem tocar em morcegos, mesmo mortos. O recomendável é acionar a Secretaria da Saúde e é cobrir o espécime com balde ou caixa de papelão até a chegada de profissionais da pasta. A mesma situação deve ser aplicada para os casos de animais domésticos com comportamentos estranhos – evitar o contato. A vacinação é uma medida preventiva. Se por acaso algum proprietário já tiver dado a vacina e quiser aplicá-la novamente não tem problema. A imunização entrará como reforço.
Quando alguém procura as unidades de saúde da cidade por causa de ataques de cães, gatos ou morcegos, a Secretaria Municipal da Saúde passa a acompanhar o paciente. “A Vigilância Epidemiológica acompanha os pacientes com indicação de profilaxia da raiva humana, convocando-os para continuidade do tratamento, quando faltosos no recebimento de vacinas ou soro antirrábicos, e quando não atendidas as convocações recorre a convocação através da imprensa escrita”, diz em nota.
“Informa ainda que a profilaxia da raiva humana compreende normatização do Ministério da Saúde e está indicada quando trata-se de contato ou agressão por animal silvestre ou animais domésticos não passíveis de observação”, explica.
Sintomas – Na sua forma agressiva ou furiosa (variante 2), a raiva animal apresenta mudança de comportamento, procura por locais escuros e agitação inusitada. A excitabilidade reflexa fica exaltada e o cão ou gato se sobressalta ao menor estimulo. A salivação torna-se abundante, uma vez que o animal é incapaz de deglutir sua saliva, em virtude da paralisia dos músculos da deglutição. O animal se torna agressivo, com tendência a morder objetos, outros animais, o homem (inclusive o seu proprietário) e morder a si mesmo, muitas vezes provocando graves ferimentos.
A forma paralitica ou muda (variante 3 ou variante do morcego) se caracteriza por predomínio de sintomas do tipo paralítico, sendo a fase de excitação extremamente curta ou imperceptível. A paralisia começa pela musculatura da cabeça e do pescoço; o animal apresenta dificuldade de deglutição e suspeita-se de “engasgo”, quando então seu proprietário tenta ajuda-lo, expondo-se a infecção. A seguir, vem a paralisia e a morte. Ribeirão Preto é considerado área livre da raiva do tipo furiosa ou agressiva.
Números da raiva
CASOS CONFIRMADOS
Raiva humana
Um óbito em 1995
Raiva em animais domésticos
Três gatos (um óbito em 2016 e dois em 2015) e dois cães (duas mortes em 2014)
Amostras analisadas em 2017: 973 (643 cães e 330 gatos)
Amostras analisadas em 2018: 352 (232 cães e 140 gatos)
Raiva em morcegos
2018 – 16 casos positivos
2017 – 18 casos positivos
2016 – 06 casos positivos
2015 – 08 casos positivos
2014 – 08 casos positivos
Amostras analisadas em 2017: 594
Amostras analisadas em 2018: 201
Animais vacinados em 2017: 56.526
(48.829 cães e 7.697 gatos)