A eleição para a Mesa Diretora da Câmara de Ribeirão Preto, marcada para 28 de novembro, na última sessão ordinária do mês, terá surpresas. Nos bastidores do Legislativo, a maioria dos vereadores garante que o grupo de 17 parlamentares que comanda a Casa de Leis há três anos, desde 2017, o popular G-17, rachou de vez. Parte da situação e a oposição já se articulam para barrar o nome de Fabiano Guimarães (DEM) à presidência e a reeleição de Lincoln Fernandes (PDT) não está descartada – seria a primeira da atual legislatura (2017-2021).
Vereadores que participaram das várias reuniões promovidas pelo G-17 disseram ao Tribuna que não há consenso em torno do nome de Fabiano Guimarães para comandar a Câmara em 2020 e que o acordo já foi para a gaveta. A maioria dos parlamentares rejeita a indicação do democrata para o cargo. Alguns políticos da Casa de Leis consultados pelo Tribuna – e que pediram anonimato – afirmam que para juntar os casos só com “super bonder”.
Vereadores do grupo da situação – com a ajuda de alguns do grupo de oposição à atual Mesa Diretara – se uniram para tentar emplacar outro nome para a presidência. Em 29 de outubro, por exemplo, em uma reunião considerada por quem participou como “quente demais”, alguns parlamentares do grupo, como Igor Oliveira (MDB), teriam dito para Guimarães que não votariam nele de jeito nenhum.
Outra reunião realizada para tentar buscar consenso seria realizada na última quinta-feira, 31 de outubro, mas acabou sendo cancelada, já que não havia clima. O Tribuna apurou que outros encontros devem ocorrer nesta semana, já que a eleição da próxima Mesa Diretora tem de ser definida em 28 de novembro, como determina o Regimento Interno (RI) da Câmara.
O nome que estaria sendo costurado para comandar o Legislativo em substituição ao de Fabiano Guimarães é o do atual presidente, Lincoln Fernandes – seria a primeira reeleição da atual legislatura, já que, pelo acordo do G-17, deveria ocorrer um revezamento. Já presidiram o Legislativo Rodrigo Simões (PDT), em 2017; Igor Oliveira, em 2018; e agora Lincoln Fernandes, em 2019.
Alguns vereadores ouvidos pelo Tribuna apostam que Lincoln Fernandes já teria o total de votos suficiente para vencer a disputa. A reportagem apurou ainda que pelo menos seis desses votos viriam do grupo minoritário e de oposição da Câmara, formado por dez parlamentares. Para impedir a eleição de Guimarães, estes parlamentares apelariam para o “voto útil”, com a recondução – a “contragosto” – do pedetista à presidência.
Procurado pelo Tribuna, Fabiano Guimarães disse que tem trabalhado para apaziguar ânimos e que busca a conciliação. Ele acredita que os vereadores deverão honrar o acordo feito no ano passado. “Estou trabalhando em busca do consenso”, disse. Já Lincoln Fernandes afirma que sua prioridade neste momento é continuar administrando o Legislativo.
De certo, pelo menos até o momento, é que na composição da futura Mesa Diretora estão os nomes de Alessandro Maraca (MDB) e Jean Corauci (PDT) para as duas vice-presidências e de Waldyr Villela (PSD) para a uma das duas secretarias. Mas, como ainda serão realizadas novas reuniões, tudo pode mudar e novas disputas internas ainda podem ocorrer.
O fim do acordo fechado no ano passado teve início há um mês com a exigência dos vereadores Adauto Honorato, o “Marmita” (PR), e Maurício Vila Abranches (PTB) em integrarem a Mesa Diretora. Na época, o republicano, que atualmente é o segundo vice-presidente, chegou a discutir de forma acalorada nas reuniões do grupo para ser o escolhido.
Já Vila Abranches brigava para ser vice-presidente no lugar de Alessandro Maraca. Em uma reunião realizada no dia 10 de outubro, acusou Fabiano Guimarães de não defender a sua indicação contra a de Maraca. Muita água ainda vai passar por debaixo da ponte, mas o G-17 já está abalado.
O futuro presidente terá de administrar o dia a dia de uma Câmara com 93 servidores concursados e 135 comissionados, o que acabará tomando grande parte do seu tempo em pleno período eleitoral. No ano passado, a atual Mesa Diretora da Câmara foi eleita com 17 votos a favor e dez contra.
Lincoln Fernandes venceu Marcos Papa (Rede) e foi eleito presidente para o mandato de um ano, mas agora surge a possibilidade de reeleição. Em 2016, em meio ao escândalo da Operação Sevandija e com nove parlamentares afastados, Viviane Alexandre (PSC), Gláucia Berenice (PSDB) e Bertinho Scandiuzzi (PSDB) se revezaram na presidência.
Rodrigo Simões (PDT) foi eleito no início da atual legislatura, em 2017, e optou por não concorrer ao cargo novamente em 2018. Igor Oliveira (MDB) foi eleito e também não quis tentar a reeleição neste ano. Além de Lincoln Fernandes na presidência, o grupo da situação emplacou os demais componentes da Mesa Diretora.
Otoniel Lima (PRB) é o primeiro vice-presidente, Paulo Modas (Pros) o segundo vice, Jean Corauci é o primeiro secretário e Adauto Honorato, o “Marmita”, o segundo. As cinco disputas terminaram com 17 votos favoráveis ao bloco vencedor e dez para o adversário.
Vereadores do grupo dos 17
Lincoln Fernandes (PDT)
Alessandro Maraca (MDB)
Igor Oliveira (MDB)
Marinho Sampaio (MDB)
Nelson Stefanelli (“Nelson das Placas”, PDT)
Jean Corauci (PDT)
Luciano Mega (PDT)
Orlando Pesoti (PDT)
Andre Trindade (DEM)
Fabiano Guimarães (DEM)
Isaac Antunes (PR)
Adauto Honorato ( “Marmita”, PR)
Maurício Vila Abranches (PTB)
Waldyr Villela (PSD)
Otoniel Lima (PRB)
Paulo Modas (Pros)
Jorge Parada (PT)
Vereadores da oposição
Marcos Papa (Rede)
Glaucia Berenice (PSDB)
Bertinho Scandiuzzi (PSDB)
Maúrício Gasparini (PSDB)
João Batista (PP)
Elizeu Rocha (PP)
Renato Zucoloto (PP)
Marco Antônio Di Bonifácio (“Boni”, Rede)
Paulinho Pereira (PPS)
Rodrigo Simões (PDT)