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Quem vota no gay?

1. Articulista sem assunto não deve ter pressa, é só esperar o fim de semana. Bom quando tem o dia da co­munidade “arco-íris”, porque um gaúcho de Pelotas pode aparecer, em São Paulo, pra fazer uma declaração de amor ao seu namorado, pela TV em rede nacional, com reprise no Jornal Nacional. Inédito. Pronto, sorte do articulista.

2. Melhor ainda se o declarante apaixonado for um político de carreira, que age premeditadamente, com coragem. Esta, de político, é coisa séria, não duvide. Existe aquele que se entrega às boas causas: um dia até sai da política, mas a política não sai dele. Há quem rouba, mata, nega vacina, promove genocídio. E tem quem revela o or­gulho gay, aponta o namorado, mas não desmunheca, nem muda a voz (dizem: tipo enrustido, vive no armário).

É a situação do governador Eduardo Leite, que se as­sumiu; quer ser presidente dizendo publicamente as suas verdades pessoais, íntimas, antigas. Sinceridade e transpa­rência fazem bem, deve ter pesquisado as consequências. Saindo com o namorado (o anterior), no Sul deu certo, se elegeu vereador, prefeito e governador, mas enfrentou o “zum-zum” dos preconceituosos “machos, tchê”.

No restante do país é pra se conferir a aceitação, é outro Brasil, sem a modernidade do Sul. No PSDB, o teste inicial em São Paulo. Lançou-se e mandou (su­tilmente) seu recado aos concorrentes, dizendo que precisam falar de si, publicamente, sem receios. Ser gay dá voto? O gaúcho aposta todas as fichas (ou já as queimou?). Causou rejeições e divisão na comunidade LGBTQIA+? (está no google).

3. Os efeitos definitivos da coragem (declarar-se gay) do governador gaúcho saberemos na convenção de setem­bro: o partido vai bancá-lo? Ou preferirá o estilo jeitoso do Doria? Nunca houve um presidenciável gay? (talvez com outras denominações populares). As discriminações nunca são explícitas, abertamente. Censuras veladas exis­tem, principalmente em corporações reduzidas. O PSDB é orientado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mentor ilustre, emérito sociólogo. Mas os que votam não são sociólogos!

4.Neste país, há questões antigas não resolvidas. Franco Montoro, quando governador de São Paulo, nomeou a Comissão da Mulher (foi “bombardeado”). Eram sociólogas, dentre elas a Professora Heleyeth Sa­fiotti, feminista de renome mundial. Ela (tenho certeza, era minha prima) não vetaria a escolha do candidato gay. O Brasil evoluiu, nem tanto…

5. A postura do “guri” dos pampas é sinalização do que poderá ser a campanha presidencial de 2022. Sua proposta de “jogo limpo” será aceita pelos concorrentes que estão se anunciando? O que teriam até hoje escondido dos eleito­res? Qual seria a revelação bombástica do Lula? Se decla­raria irrecuperável amante da Skol puro malte (isso já não é sabido por todos?) ou diria pretender ter no ministério uma “querida”, mesmo que seja aquela de outros tempos. Já do Doria não se tem indicações mais precisas.

É tudo uma questão de tempo, basta começar a campa­nha que aparecem. Dos candidatos do Norte e Nordeste sabe-se com uma ligação telefônica. Afinal, na política as más línguas sempre existiram e “fofocas” se produzem como tiririca: dá sem plantar, em qualquer lugar, não pre­cisa aguar, nem maldade semear. Será? É só esperar, que tudo aparecerá, verdade ou não, se negado, provavelmente.

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