Tribuna Ribeirão
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Quem tem medo da hora da verdade?

João Augusto da Palma *
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As eleições passaram, sejam lá como foram. Na lei nova a campanha eleitoral voou. Sofremos menos, porque as agressões entre os candidatos não se deram como nos últimos trinta anos. Época em que até as famílias dos concorrentes eram vítimas:espalhavam mentiras para destruir imagens e afetar a reputação de quem disputava. Abalava-se a dignidade sem receio, nem preocupação com o necessário respeito entre eles e com o próprio público (invadiam nossas casas).

Os maus políticos proporcionavam ao eleitor agressões de suas assessorias que se prestavam praticar ofensas públicas. Já existiam as primeiras fake news, ainda não industrializadas pelos “profissionais” que se revelaram autores de crimes eleitorais. Notava-se o surgimento dos marqueteiros, conhecedores das técnicas da comunicação, a princípio respeitados e sem serem temidos. De lá para cá, com o avanço das redes sociais, os dominadores das fake news são vigiados pela Justiça eleitoral.

O pleito deste ano pareceu com menor teor criminal, principalmente quanto ao dano moral, assim entrou para a história. Os mais abusados não passaram do 1º turno, atestando não terem caído no agrado do eleitor, novamente. Insistirão em 2024? Se recusam a aprender a competir? A agressividade fazia o gênero da oposição. O partido se dizia ter ideologia. Logo vimos que não é bem assim. A época é outra. O eleitor quer político “ficha limpa” e sem “boca suja”.

Sempre se espera dos candidatos a qualidade da boa oratória, ter tiradas pitorescas, como aquela em que um dia se perguntou ao candidato qual era o valor do quilo do arroz e do feijão. Não soube, perdeu a eleição. Esse “duelo” inteligente não houve em Ribeirão.

Mas deixou-se o eleitor com o gostinho de “quero mais”. Afinal, a pandemia desestruturou a nossa economia, os empregos, a vida em sociedade está querendo se refazer. Quem se elegeu saberá se inserir nesse novo contexto ? Qual a contribuição que se poderá esperar de quem saiu com as honras da vitória?

O momento está difícil para todos que empreendem ou são simplesmente trabalhadores, na informalidade. Tem muita gente procurando onde viver para não morarno submundo, em pontilhões ou praças abandonadas, numa trágica dignidade prometida por nossas leis.

Espera-se sensibilidade do gestor público. Obras eleitoreiras ou oportunistas (nas vésperas das eleições) já não garantem a longevidade das carreiras profissionalizadas na política brasileira. O eleitor anota as promessas do palanque e faz cobrança, a seu modo, durante o mandato (ou no fim).

Os administradores (políticos) hoje são relacionados às ocorrências de cada dia. Exemplo: semana passada,empresa que fazia transporte clandestino de trabalhadores, se envolveu em acidente com 42mortos e mais 10 feridos; ela não tinha autorização e não foi fiscalizada. A omissão tem efeito. O eleitor aprendeu a conferir. Lembrará. O resultado é só uma questão de tempo! Quem anda sem memória é político, como Bolsonaro que agora nega ter chamado a covid de “gripezinha” (já matou 170 mil no Brasil). Jornal da Globo (madrugada de 27/11/2020) mostrou a fala do Presidente em 20/3/2020. Lamentável!

* Advogado especialista (USP) em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho, professor e escritor

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