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Quem já leu a Constituição?

É surpreendente constatar que de 100 brasileiros somente dez conhecem, de alguma tímida maneira, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. No meio político nunca se falou tanto da Constituição. Sabemos claramente que o Congresso jamais deveria afastar-se dela para a elabo­ração de leis que nascem tanto na Câmara dos Deputados, quanto no Senado Federal.

Já o Supremo Tribunal Federal deve garantir a observân­cia da Constituição Federal, não obstante de vez em quando também surpreende a Nação com hermenêuticas assustado­ras, votos que duram cinco horas e que nem mesmo os pares compreendem. Tentam justificar seus votos com o injustificá­vel, disfarçando não poucas vezes seus partidarismos, e nem por último demonstrando, claramente, que nem todos são tão intocáveis como gostariam de ser tratados. Alguns também “escondem seus próprios escorregões ou de seus digníssimos familiares e amigos”. Lembrando que hermenêutica é uma ex­pressão grega (hermeneuo) que significa “a arte de interpretar o sentido da palavra do autor”.

Deputados federais, senadores e nem por último alguns ministros da Suprema Corte se atribui o direito de herme­nêuticas sofistas (enganadoras) da Constituição por interesses escusos, pessoais, partidários e pior, sempre em detrimento do amado povo desta rica, mas assaltada Nação Brasileira. Nunca se ouviu falar como agora de bilhões e bilhões de reais desviados da Saúde, da Educação, da Infraestrutura e de necessidades básicas que levam o povo a sofrer as consequên­cias, muitas vezes, por desconhecer direitos e responsabilida­des contidas, claramente descritas na Constituição. Mas quem já leu a Constituição?

Não basta a indignação com a sistêmica corrupção, que as operações da Lava Jato e do Ministério Público já defla­graram. É urgente que tomemos consciência de nossa parti­cipação neste cenário diabólico. Fomos nós que votamos nos Homens e Mulheres que hoje ocupam as cadeiras do Con­gresso Nacional. Seremos nós que votaremos novamente ou não, nas próximas eleições.

Até quando nos deixaremos enganar com propagandas enganosas? E por que nos enganam? Porque não conhecemos nossos direitos, nossos deveres e, consequentemente não exercemos nossa cidadania. Antes, nos deixamos vestir por desalento, desgosto pelo bem comum e por uma política suja, corrompedora, ladra, bandida a ponto de se tornar judicia­lizada a cada manhã, com manchetes de mais prisões de ho­mens antes públicos e agora suspeitos de desvios de bilhões, vitimando todos os dias milhões de crianças, jovens e idosos, desatendidos em seus direitos, os mais básicos, descritos na Constituição. Mas quem já leu a Constituição?

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