Tribuna Ribeirão
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Queiroz fala de ‘500 cargos’ no Congresso

EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO


Agência Estado

Fabrício Queiroz, ex-as­sessor do senador Flávio Bol­sonaro, aparece em áudio de WhatsApp obtido pelo jornal O Globo falando sobre indica­ções para cargos no Congres­so Nacional. De acordo com a publicação, a mensagem foi enviada por Queiroz em ju­nho – seis meses depois de o jornal O Estado de S. Paulo ter revelado que o ex-assessor foi citado em relatório do an­tigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf, agora Unidade de Inteligência Financeira) por movimenta­ções atípicas em sua conta.

“Tem mais de 500 cargos, cara, lá na Câmara e no Se­nado”, diz Queiroz no áudio. “Pode indicar para qualquer comissão ou, alguma coisa, sem vincular a eles em nada. ‘Vinte continho’ aí para gente caía bem pra c*”. Queiroz cita o gabinete do filho do presidente Jair Bolsonaro. “O gabinete do Flávio faz fila deputados e se­nadores lá para conversar com ele. Faz fila. É só chegar: ‘meu irmão, nomeia fulano para tra­balhar contigo aí’. Salariozinho bom, para a gente que é pai de família, p* que pariu”, diz.

O Ministério Público quer saber por que Queiroz, de ja­neiro de 2016 a janeiro de 2017, movimentou em uma conta mais de R$ 1,2 milhão, quantia considerada incompatível com a renda do assessor Ele trabalhava para Flávio, oficialmente, como motorista. Em maio, a Justiça do Rio autorizou a quebra de sigilo bancário e fiscal do senador e de Queiroz, atendendo um pedido do Ministério Público Estadual do Rio, junto com familiares de ambos e dezenas de outras pes­soas que trabalharam com o en­tão deputado estadual.

Um mês depois, o presiden­te do Supremo Tribunal Fede­ral (STF), ministro Dias Toffoli suspendeu, a pedido da defesa de Flávio, todos os processos judiciais que tramitam no País onde houve compartilhamento de dados da Receita Federal, do Conselho de Controle de Ativi­dades Financeiras e do Banco Central com o Ministério Públi­co sem uma prévia autorização judicial. Com a determinação do ministro, todos os casos que tratam sobre a controvérsia fi­cam suspensos até que o STF de­cida sobre a questão, incluindo o processo contra Flávio.

Em 30 de setembro, Gilmar Mendes decidiu suspender processos envolvendo a quebra do sigilo de Flávio no caso. A decisão de Gilmar atende ao pedido da defesa do filho do presidente, que alegava que processos que miram Flávio não foram devidamente sus­pensos, desrespeitando, por­tanto, a decisão de Toffoli.

O senador Flávio Bolsona­ro publicou um vídeo em suas redes sociais no qual rebate o áudio de Queiroz. “O que fica bem claro nesse áudio é que ele Queiroz não tem nenhum acesso ao meu gabinete, o que me parece bastante óbvio”, diz o senador na publicação. O fi­lho mais velho do presidente Jair Bolsonaro reclamou da im­prensa, que estaria fazendo “um estardalhaço” a partir do áudio, e disse estar em um momento de “bastante tranquilidade”.

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