O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse nesta quarta-feira (10) que 2017 foi um ano com performance macroeconômica muito boa, com queda forte na inflação, que encerrou o ano em 2,95%. “Essa queda substancial na inflação levou a uma queda consistente na taxa de juros. Isso, combinado com outros fatores, propiciou a retomada da economia através do aumento do poder de compra e do consumo. Com isso a economia reencontrou seu rumo após dois anos de recessão”, avaliou.
Goldfajn reforçou que a inflação do ano passado foi uma das mais baixas da história, enquanto os juros caíram para o seu menor patamar histórico. “Esperamos que a retomada da economia continue este ano”, completou. O presidente do BC justificou o fato da inflação ficar abaixo do piso da meta, de 3,0%, devido a um item fora do controle da autoridade monetária, que foi a deflação dos alimentos. “A deflação de alimentos é uma boa notícia para a população. O segmento de alimentos representa quase tudo do desvio em relação à meta de 2017”, afirmou.
Goldfajn enfatizou que a inflação de 2017 ficou abaixo do piso da meta porque no ano passado houve a maior deflação de alimentos da história do País. O Índice Nacional de Preços ao consumidor Amplo (IPCA) encerrou 2017 em 2,95%, abaixo do piso de 3,0% da meta de inflação. “O Banco Central tem que deixar os preços de alimentos caírem, e não pode inflacionar os outros preços da economia para chegar na meta”, avaliou.
Segundo Goldfajn, a inflação já está subindo de volta, em direção ao centro da meta de inflação, de 4,5%. Ele citou as projeções de mercado que apontam para um IPCA acima de 4,0% neste ano. “Ao longo de 2018 vamos subindo gradativamente, à medida que a economia segue se recuperando, e vamos acabar o ano próximos da meta de 4,5%”, acrescentou. O presidente do BC enviou carta aberta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, com as justificativas do Banco Central para o fato de a inflação oficial de 2017 ter ficado abaixo da meta.
Pelas regras do regime de metas, sempre que a inflação fugir do intervalo estabelecido, o presidente do BC precisa enviar uma carta aberta ao ministro da Fazenda – que é, tecnicamente, o presidente do Conselho Monetário Nacional (CMN), responsável pelo estabelecimento das metas. No passado, o descumprimento havia ocorrido nos anos de 2001, 2002, 2003 e 2015. Em todos estes casos a inflação havia ficado acima do teto do intervalo da meta. Em 2017, porém, o problema foi uma inflação muito baixa, inferior ao piso.