Tribuna Ribeirão
Geral

Quatro réus da Boate Kiss são condenados

JULIANO VERARDI/IMPRENSA/TJRS

Após dez dias de julgamen­to, os quatro réus do caso da Boate Kiss foram condenados a penas que vão de 18 anos a 22 anos de prisão. A sentença foi lida na tarde desta sexta­-feira, 10 de dezembro, pelo juiz Orlando Faccini Neto. A Elissandro Spohr, foi aplicada pena de 22 anos e seis meses de reclusão, e a Mauro Hoffmann, de 19 anos e seis meses.

Ambos eram sócios da casa noturna. A Marcelo de Jesus e Luciano Bonilha, integrantes da banda Gurizada Fandan­gueira, foram aplicadas penas de 18 anos de reclusão. Todos eram acusados pelo Ministério Público (MP) por 242 homicí­dios e 636 tentativas de homi­cídio por dolo eventual.

O cumprimento das penas foi fixado como inicial fechado. O juiz determinou a prisão dos quatro réus, mas, em razão de um habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) à defe­sa de Elissandro, foi suspensa a prisão de todos, até a medida ser analisada pelo colegiado.

Inicialmente, aos quatro réus foi imputada a prática de homicídios e tentativas de ho­micídio, praticados com dolo eventual, qualificados por fogo, asfixia e torpeza. No en­tanto, as qualificadoras foram afastadas, e eles responderam por homicídio simples.

A existência, ou não, de dolo (quando o agente assume o risco de cometer o crime) ocupou o cerne dos debates ao longo de oito anos. No dolo eventual, o indivíduo, mesmo tendo previsão do resultado, opta por praticar o ato. O autor prevê, admite e aceita o risco de produzí-lo. Não quer, mas prevê o resultado e pratica.

O júri do caso Kiss teve iní­cio no dia 1º deste mês. Passa­ram pelo plenário do Foro Cen­tral 28 depoentes, dos quais, 12 vítimas, 13 testemunhas e três informantes. Inicialmente, se­riam ouvidas 34 pessoas, mas cada parte abriu mão de oitivas para otimizar o tempo dos tra­balhos. As informações foram divulgadas na página do TJ.

A tragédia na Boate Kiss foi no dia 27 de janeiro de 2013, na cidade gaúcha de Santa Maria. Todos os mortos foram vítimas de um incêndio, que começou no palco da boate e logo se alas­trou, provocando muita fu­maça tóxica. O fogo se iniciou quando um dos integrantes da banda disparou um artefato pirotécnico, atingindo parte do teto, forrado com espuma acústica, que pegou fogo.

O incêndio, que matou prin­cipalmente jovens, marcou a cidade de Santa Maria, conheci­do polo universitário gaúcho, e abalou todo o país, pelo grande número de mortos e pelas ima­gens fortes. A boate tinha apenas uma porta de saída desobstruí­da. Bombeiros e populares ten­taram, de todo jeito, abrir pas­sagens quebrando os muros da casa, mas a demora no socorro acabou sendo trágica para mui­tos dos frequentadores.

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