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Quase metade dos alunos da rede estadual não acessou vídeo-aulas

ALFREDO RISK

Metade dos alunos matri­culados nas escolas da rede estadual de ensino do Estado de São Paulo – mais de 1,67 milhão de estudantes – não acessou a plataforma virtual para acompanhar os conteú­dos de aulas à distância im­plantados pela Secretaria Es­tadual da Educação ao longo dos dez meses da pandemia em 2020.

Até 31 de janeiro, segun­do dados colhidos pelo Tri­bunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE/SP) jun­to à secretaria da Educação, um total de 1.672.413 alunos (50,3%) não realizou qual­quer tipo de interação com a plataforma disponibilizada. O restante, 1.652.594 estu­dantes, teve acesso ao con­teúdo por tablets, celulares, computadores e TVs.

Os números de visualiza­ções às vídeo-aulas se deram principalmente nos primei­ros três meses de implanta­ção. Em abril de 2020, foram 852.627 registros. Em maio, o sistema apontou 503.812 acessos para, em junho, al­cançar 166.017 novos usuá­rios. No segundo semestre do ano – entre julho e dezem­bro – houve 130.138 cadas­tramentos, o que representa uma media de 21,6 mil novos acessos por mês.

Os dados têm sido moni­torados pelo TCE desde o dia 27 de abril de 2020, quando a medida foi implantada pela Secretaria da Educação para estabelecer o retorno das au­las na modalidade virtual. A plataforma virtual do progra­ma ‘Ensino a Distância’ foi criada para atender 3.325.007 alunos matriculados e é aces­sível por meio de aplicativo em smartphones e compu­tadores, e também tem seu conteúdo reproduzido pela televisão, nos canais TV Edu­cação e TV Univesp.

Ao longo da pandemia, a Secretaria da Educação tam­bém adotou outras medidas para subsidiar os alunos com alternativas complementares para a aprendizagem. O for­necimento de material escolar impresso foi voltado apenas para os ciclos do Ensino Fun­damental e Médio, não abran­gendo os programas de Educa­ção de Jovens e Adultos (EJA).

Além de fornecer kits de material impresso, foram firmadas parcerias com pla­taformas digitais de ensino e houve fornecimento de in­ternet patrocinada pelo Go­verno para acesso gratuito ao aplicativo Centro de Mídias de São Paulo (CMSP).

A dotação orçamentária destinada pelo Estado, entre abril e dezembro do ano pas­sado, alcançou o montante de R$ 93.729.695,58 e teve como propósito abranger as 5.430 escolas de Ensino Funda­mental e Médio da rede pú­blica paulista.

A íntegra dos dados e das informações, fornecidos pela Secretaria de Estado da Educação ao TCE até 31 de janeiro, pode ser obtida por meio do ‘Painel COVID-19’, disponível pelo link https://bit.ly/3e2P56t.

O advogado Marco Auré­lio Damião, especialista em administração pública, co­menta que o ensino da rede pública foi um dos mais afe­tados pela pandemia. “A si­tuação dos alunos é agravada pela falta de lugar adequado para assistir as aulas, de aces­so à internet, de computador, celular e também suspensão da merenda escolar”, diz.

Para Damião, a pande­mia do coronavírus deixou mais evidente a desigualda­de social entre pobres e ri­cos. “Maior parte dos alunos de escolas públicas sofrerá as consequências de um ano letivo praticamente perdido, afetando negativamente a continuidade dos estudos e o ingresso no disputado mer­cado de trabalho”, avalia.

“Acredito não ter havi­do tempo suficiente para montagem e organização de um sistema de educação a distância, com professores e alunos conectados e inter­ligados, mas sim um plano emergencial de aprendiza­gem básica”, finaliza.

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