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Quaresma: tempo de reconciliação!

O quarto domingo da quaresma, chamado “laetare” por­que de certa forma antecipa as alegrias preparadas neste forte tempo de reconciliação, remete-nos a um dos sacramentos mais ricos da Igreja, embora subestimado, quando não bana­lizado: O sacramento da reconciliação! Depois da eucaristia, é o sacramento da reconciliação que nos coloca de volta, diante do amor e do perdão de Deus. Para mim, o sacramen­to da reconciliação é como um antibiótico espiritual, que nos impermeabiliza espiritualmente, diante de todas as tentações que procuram afastar-nos do amor de Deus. Como é boa a sensação de termos sido perdoados ou de termos conseguido perdoar a alguém que nos machucou, ofendeu ou prejudicou!

O Evangelho de São Lucas nos apresenta os passos do sacramento da reconciliação, na parábola do Pai Misericor­dioso, contada por Jesus no capítulo 15. O filho mais novo sai de casa, vira as costas para o pai, gasta numa vida desenfrea­da toda parte da herança que lhe coube e chega ao fundo do poço. Sob os escombros da rejeição, da exclusão e da discri­minação da sociedade, faz a experiência da vida longe do pai. O pai sofre com a ausência do filho, mas não corre atrás. Fica esperando pacientemente. Deixa o filho fazer a experiência da miséria humana, da vida sem sentido e vazia de amor.

No momento em que o filho se arrepende, ele mesmo dá o passo de volta: a conversão começa a acontecer, a fim de conduzi-lo à reconciliação! Não adianta procurarmos o Sacra­mento da Reconciliação por mero cumprimento de preceito, ou para agradar os pais, ou o marido a esposa. Deus espera que a iniciativa seja nossa, só nossa. Quando o pai avista a volta do filho, então sim, corre ao seu encontro; nem o deixa chegar.

Abraça-o, sinal de acolhida; beija-o, sinal do ósculo da paz, devolvendo-lhe a paz que o pecado, o afastamento, lhe havia roubado; oferece-lhe uma túnica limpa, sinal de que não há mais o direito de culpar-se, pois obteve o perdão in­condicional; sandálias nos pés, sinal de dignidade, pois só os filhos dos empregados andavam descalços; anel no dedo, sinal de herdeiro, mesmo que tenha esbanjado tudo o que havia herdado, volta a ser herdeiro do pai. E finalmente, o novilho gordo, a festa, a Eucaristia, que simboliza a ação de graças pela volta do filho, que estava morto e reviveu, perdido e foi reencontrado (cf. Lc 15,1-3.11-24).

Assim também nós somos convidados a celebrar a recon­ciliação com Deus, conosco mesmos e com os outros, para que a quaresma produza seus efeitos saborosos. Acontecem em nossas foranias, na Arquidiocese de Ribeirão Preto, os chamados mutirões de confissões, onde temos a oportuni­dade de confessar nas diversas paróquias, com a presença de dezenas de sacerdotes, preparando-nos devidamente para celebrarmos a Páscoa do Senhor que se aproxima! O papa Francisco, quando trata da misericórdia de Deus, costuma afirmar que o confessionário é o único Tribunal de onde o réu confesso sai absolvido!

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