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Quando conquistaremos o pódio da inclusão?

Os Jogos Parapan-Americanos de Lima, no Peru, entra­ram para a história do esporte como a melhor campanha da delegação brasileira. Foram conquistadas 308 medalhas, sendo 124 ouros, 99 pratas e 85 bronzes. Nosso hino nacional nunca foi tão tocado em competições internacionais. Um das estratégias foi levar a maior delegação de todos os tempos com 337 desportistas e 513 profissionais.

Daniel Dias continuou soberano na natação vencendo seis provas e chegando a incrível marca de 33 medalhas de ouro na competição continental. Belas histórias foram reveladas como a dos irmãos paraenses, Josermárcio, do goalball e Lucilene, da Natação, ambos têm atrofia do nervo óptico, doença que causa uma perda irreversível da visão.

Enquanto alguns atletas dirigem o foco para as próxi­mas competições mundiais de suas modalidades e para as Paralimpíadas 2020, em Tóquio, outros retornaram para as extenuantes rotinas de treinamento e superação de infinitas barreiras, já que o mesmo país que vibra com o êxito pro­porcionado pelas competições é o que excluiu milhões em ações cotidianas.

Algumas pessoas ficaram surpresas com a quantidade de paratletas e somente a invisibilidade proporcionada pela exclusão social é capaz de fazer com que esqueçamos que, segundo o IBGE, o Brasil possui 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência física.

Discriminação e preconceito são as barreiras invisíveis e uma pesquisa realizada em 2016 apontou que 71% dos atletas paraolímpicos do Brasil já foram alvo de preconceito social. As maiores vítimas foram mulheres entre 20 e 29 anos nas regiões Norte e Centro-Oeste. Existem, ainda, as barreiras físicas.

A falta de acessibilidade, por exemplo, é um problema cul­tural que traz transtornos diários e impede que milhares de brasileiros tenham o direito de ir ao trabalho, escola ou mes­mo praticar lazer, prejudicados pela ausência de uma rampa, por uma calçada mal conservada e até mesmo por motoristas que insistem em utilizar as vagas reservadas.

O processo de inclusão inclui o tratamento adequado, sendo recomendado preferencialmente o uso do termo pes­soa com deficiência, adotado pela Organização das Nações Unidas que definiu: “pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, po­dem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas”.

No mercado de trabalho, há 28 anos, temos a Lei de Cotas para Deficientes que determinas às empresas com 100 ou mais funcionários, a contratação entre 2% e 5% de trabalha­dores com deficiência. Ocorre que, segundo dados do Minis­tério da Economia, o percentual nunca passou de 1%.

As diferenças e exclusões continuam presentes nas ativida­des culturais, sociais, religiosas, e econômicas. É claro que as vitórias esportivas devem ser bastante celebradas, mas nosso país continua muito distante de alcançar o pódio da inclusão plena das pessoas com deficiência.

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