O número de casos de dengue em quatro meses deste ano, em Ribeirão Preto, superou o montante registrado no mesmo período de 2022 e a cidade já enfrenta nova epidemia. O volume de chuva bateu recordes no município no verão e início de outono. Somado à falta de atenção e cuidado da população, propiciou o surgimento de criadouros e a proliferação do mosquito Aedes aegypti – vetor da doença, do zika vírus e da febre chikungunya.
Ribeirão Preto registrou 5.440 casos de dengue entre 1º de janeiro e 30 de abril, 1.684 a mais que os 3.756 do primeiro quadrimestre de 2022, alta de 44,8%. Com mais 99 de maio já são 5.539. Em menos de uma semana foram confirmados mais 1.682 – eram 3.857. Ainda há 13.169 em investigação. Em 2023, a cidade soma 74% do total do ano passado, de 7.484.
São 1.910 ocorrências em abril, abaixo das 2.487 do mesmo período do ano passado, recuo de 23,2% e 577 a menos. Na comparação com as 2.346 de março, o recuo chega a 18,6%. São 436 a menos. Os dados ainda indicam 885 em fevereiro e 398 de janeiro.
O número de casos de dengue no ano passado, em Ribeirão Preto, é 20 vezes superior ao total de 2021 inteiro. Entre 1º de janeiro e 31 de dezembro, a cidade contabilizava 7.484 vítimas do mosquito Aedes aegypti, contra 360 de 2021. São 7.124 a mais em 2022 e alta de 1.979%. A média de infecções no ano passado foi de 20 pacientes por dia na cidade, quase um por hora. Neste ano é de 38.
Morte
Os números mudam todo mês. O município já registrou uma morte em decorrência da doença neste ano (não há informações sobre a vítima) e uma em 2022, segundo a Secretaria Municipal da Saúde. Em 2021 não houve óbitos na cidade.
Em 2020, ocorreram onze mortes, mas um caso era importado de São Simão. No total oficial, Ribeirão Preto fechou 2020 com dez ocorrências fatais, sete a mais do que os três falecimentos de 2019, alta de 233,3%. O número de dez mortos pelo Aedes aegypti é o maior em pelo menos seis anos (desde 2016). Antes de 2019, a cidade não registrava óbito em decorrência da infecção desde 2016, quando nove pacientes não resistiram aos vírus.
Alerta
O aumento de casos da doença acende o sinal de alerta na cidade, ainda com volume de chuva bem acima da média para o período. Em 2021, o número de casos despencou em Ribeirão Preto, na comparação com o ano anterior. Segundo dados do Boletim Epidemiológico, divulgado pela Secretaria Municipal da Saúde, em 2020 foram registrados 17.606. Ou seja, a queda é de 98%, ou 17.246 a menos.
Faixa etária
A última vez que Ribeirão Preto declarou epidemia de dengue havia sido há três anos, na primeira metade de 2020, a sexta em pouco mais de uma década. Na época, a média diária de pessoas diagnosticadas com o vírus transmitido pelo Aedes aegypti em 365 dias foi de 48, duas por hora.
Neste ano, das 5.539 vítimas, 1.813 pessoas têm entre 20 e 39 anos, outras 1.385 estão na faixa dos 40 a 59 anos, 921 estão entre 10 e 19 anos, 718 têm mais de 60 anos, 497 são crianças de 5 a 9 anos, 174 têm entre 1 e 4 anos e 31 são bebês com menos de 1 ano de idade. São 2.185 casos na Zona Leste, 1.075 na Oeste, 783 na Norte, 734 na Sul e 678 na Central, além de 84 sem identificação de distrito.
Em 14 anos, Ribeirão Preto já registrou 154.373 casos de dengue, mas este número pode ser quatro vezes superior – de 617.492. Em 2021, a cidade também teve dois casos de febre chikungunya importados da Praia Grande, no litoral sul de São Paulo, e Goiânia, capital do Estado de Goiás. Em 2022 foram cinco ocorrências, quatro importadas. Neste ano são 16 casos, sete importados.
Não há casos de zika vírus e febre amarela em 2021, 2022 e neste ano. Em 2019, a cidade registrou 79 casos de sarampo. Em 2020, mais quatro, totalizando 83 desde então. Não há ocorrências nos três últimos anos. Oitenta por cento dos focos de dengue estão dentro das casas da cidade. A prefeitura tem realizado vários mutirões para recolher criadouros do vetor, mas a população tem de colaborar.
No último sábado, 6 de maio, a Secretaria Municipal da Saúde realizou mais uma série de visitas casa a casa e nebulização nos bairros Jardim Aeroporto, Jamil Cury, Jardim Marchesi, Bonfim Paulista, Jardim Florestan Fernandes e Planalto Verde.
Foram visitados um total de 2.477 imóveis, entre residências e terrenos baldios, locais onde foram encontrados 67 focos do mosquito transmissor, os quais foram eliminados. Também foram retirados 200 quilos de criadouros do mosquito, além de 21 pneus. Participaram da ação 106 funcionários, atuando em 13 viaturas oficiais e um caminhão.