Tribuna Ribeirão
Política

Psol quer devassa em ‘supersalários’

A presidente do Diretório Mu­nicipal do Partido Socialismo e Li­berdade (Psol) em Ribeirão Preto, Annie Schmaltz Hsiou, protoco­lou na tarde desta quinta-feira, 7 de dezembro, na Câmara, reque­rimento pedindo informações detalhadas sobre os “supersalá­rios” pagos pelo Legislativo.

Mais de um terço dos 98 servidores efetivos da Câmara ganham mais que os próprios vereadores (subsídio mensal de R$ 13.809,95). Turbinados por mais de 40 diferentes gratifica­ções e incorporações, os salários de vários funcionários, ex-ocu­pantes de cargos comissionados nos gabinetes dos parlamentares, ultrapassam R$ 20 mil.

Enquanto as demais câmaras das principais cidades da Região Metropolitana pagam salário médio entre R$ 3 mil e R$ 4 mil, o Legislativo de Ribeirão Preto desembolsa, em média, R$ 7,8 mil mensais com cada servidor. Há porteiros ganhando mais de R$ 20 mil e, em outubro uma funcionária, em gozo de férias, recebeu mais de R$ 60 mil.

“Isso é um escárnio para com a população. Nosso requerimento pede informações detalhadas dos motivos que fizeram salários de menos de R$ 2 mil saltarem para mais de R$ 20 mil. Queremos sa­ber o embasamento jurídico de cada gratificação, qual lei que criou cada gratificação, e no caso de incorporação, qual cargo ocupa­do anteriormente pelo servidor”, explica a advogada Taís Roxo da Fonseca, assessora jurídica do Psol em Ribeirão Preto.

As dezenas de gratificações concedidas entre 2011 e 2016 pe­los ex-presidentes Cícero Gomes da Silva (PMDB) e Walter Go­mes (PTB, preso desde dezembro do ano passado), ambos réus em ação penal da Operação Sevandi­ja – eles negam a prática de atos ilícitos e dizem que vão provar inocência –, foram integramen­te mantidas pelo atual presiden­te Rodrigo Simões (PDT), que, além de manter os benefícios que deram origem aos “supersa­lários”, ainda criou este ano mais uma gratificação, elevando os salários de sete servidores.

De acordo com Taís Roxo da Fonseca, será feita uma devassa nos “supersalários” para verifi­car a legalidade dos pagamentos. “Queremos saber como os salá­rios multiplicaram por cinco, seis, sete vezes”, destaca, citando como exemplo a servidora A.C.S., que há dez anos foi contratada para ganhar R$ 5.060,30 e hoje recebe mais de R$ 37 mil graças a grati­ficações e incorporações como adicionais (R$ 1.688,49), comissão de licitação (R$ 1.012,06), incor­poração pela lei nº 2.515/12 (R$ 7.778,95), chefia seção pregão ele­trônico (R$ 3.036,18), verba inde­nizatória pregoeiro (R$ 3.120,77), auxílio-refeição (R$ 770), auxílio­-alimentação (R$ 823) e incor­poração pela lei nº 3.181/76 (R$ 14.527,74). O Ministério Público Estadual (MPE) investiga o caso.

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