O mundo luta contra o coronavírus, sendo que um grupo que deve estar sofrendo com os efeitos psicológicos da pandemia são os atletas de alto rendimento. Afinal de contas, além da covid-19, eles enfrentam a decepção com o adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio e também com a dificuldade que é manter os treinamentos em nível elevado sem poder sair de casa. É o momento de trabalhar ainda mais o lado mental, que tanto influencia nas grandes decisões.
Especialista em Psicologia do Esporte e, dentre outros trabalhos, psicólogo da seleção brasileira de vôlei masculino na conquista da medalha de ouro nos Jogos do Rio, em 2016, Gilberto Gaertner alerta para a necessidade de manter a rotina.
“Um ponto fundamental neste momento é manter uma rotina diária de trabalho, com horários bem definidos. É preciso o tempo para treinar, o tempo para lazer, o de socialização e o de cuidar da própria saúde e de sua família”, explicou o psicólogo.
Gaertner acredita que o atleta precisa manter a concentração até mesmo nos momentos em que estariam competindo caso não houvesse a quarentena. “Mas sempre com equilíbrio, para evitar um estresse acentuado, uma exaustão e isso pode fazer com que a pessoa largue as coisas e entre em uma situação de desânimo, o que pode iniciar até casos depressivos”, ponderou.
O problema é que a maior parte dos atletas não possui uma estrutura completa para suas atividades em casa. O jeito é se adaptar e jamais diminuir o ritmo, afinal de contas, além da pressão em se manter bem fisicamente, os atletas sofrem, como o resto do mundo, pela preocupações com sua saúde e de familiares, em especial, os que estão no grupo de risco.
“Isso pode causar uma ansiedade muito grande, por não conseguir fazer o quer e do jeito que quer. O atleta pode desacelerar e mudar o ritmo, por entender que as dificuldades são muito intensas”, explicou o psicólogo.