Valdir Avelino *
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Ainda em 2023, o Ministério da Saúde projetou o aumento do número de casos de dengue e covid-19, como está acontecendo hoje em grande parte do País. Como nós sabemos, as duas doenças são espalhadas através de vírus. A dengue é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti e a Covid-19 é transmitida por gotículas de secreções respiratórias de uma pessoa infectada. Como são doenças transmitidas de forma diferente, especialistas já alertaram que os riscos para a saúde aumentam caso o paciente contraia dengue e Covid-19 ao mesmo tempo, o que, segundo eles, é possível.
No caso da dengue, pela primeira vez em muito tempo, os quatro sorotipos do vírus estão circulando no Brasil; algumas regiões podem enfrentar um cenário de epidemia. Também a transmissão da Covid-19 volta a crescer no Brasil e, em especial, no estado de São Paulo e Minas Gerais. A média de casos e internações aumentou e o fato da média de mortes permanecer baixa e inalterada só demonstra a importância da vacinação.
Ainda em agosto do ano passado, uma nova variante do coronavírus, chamada de Éris, havia sido identificada pela primeira vez no Brasil. O primeiro caso foi confirmado no em São Paulo, mas especialistas acreditavam que ela já vinha circulando no País anteriormente. Por causa do baixo índice de testagem, essa nova variante provavelmente só não tinha sido encontrada ainda pelos laboratórios.
A Organização Mundial da Saúde já havia esboçado alguns cenários para a pandemia. O mais provável, segundo a OMS, é que variantes do vírus da Covid-19 sigam circulando em ondas intermitentes, mas com a gravidade diminuída por causa da imunização vacinal ou natural. Na pior das hipóteses, uma nova variante altamente virulenta e transmissível poderia exigir o retorno das medidas emergenciais. Precisamos estar, sempre, atentos. Com a vida e a saúde não se descuida.
Diante deste cenário climático e epidemiológico é preciso redobrar as medidas de prevenção. É preciso que o Poder Público atue fortemente no esclarecimento sobre as diferenças (e semelhanças) dos sintomas das duas infecções. Também é indispensável medidas de reforço da vacinação. Muita gente ainda não tomou todas as doses disponíveis da vacina. Ribeirão Preto é uma cidade próxima da fronteira de Minas. É bom destacar que só em 2024, Minas Gerais teve quase quatro vezes mais mortes por Covid em relação à dengue. Conforme o governo mineiro, 22 pessoas morreram no Estado pelo coronavírus, sendo sete só em Uberlândia.
Em Ribeirão Preto e nas cidades da nossa região, os governantes que observem o avanço da dengue e retorno dos casos de Covid devem levar isso a sério. Volto a uma ideia que o nosso sindicato vem defendendo desde o início da pandemia: as infecções não são inevitáveis,
e as ferramentas que temos usado para nos proteger não são apenas intuitivas – e certamente não deveriam ser controversas. O uso de máscaras e a proteção através das vacinas são fortemente apoiadas pela ciência e por evidências incontestáveis. Os protocolos para enfrentar a proliferação dos mosquitos da dengue também são eficazes e conhecidos.
O Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis, nesse período de transição pós pandemia, permanece igualmente forte e na luta em defesa da saúde e da vida dos nossos trabalhadores e do conjunto da população. Ontem, se não tivéssemos cobrado que os governos adotassem os protocolos sanitários e a imunização, o desastre que nos atingiu seria muito pior. Hoje, acima de tudo, esperamos que a memória dos nossos governantes esteja boa na hora de adotar as medidas necessárias para proteção dos servidores e do conjunto dos moradores das nossas cidades.
* Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis