A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte, presidida pelo vereador Marcos Papa (Rede), realizou diligência na Empresa de Trãnsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto (Transerp) na manhã desta quinta-feira, 30 de novembro. Também participaram Jean Corauci (PDT) e Paulo Modas (Pros). André Trindade (DEM) e Alessandro Maraca (PMDB) também integram a CPI, mas não puderam participar.
O superintendente da companhia, Antônio Carlos de Oliveira Júnior, informou aos parlamentares que enquanto a gestão Dárcy Vera (PSD) não aplicou sequer uma autuação no Consórcio PróUrbano em oito anos, a atual administração já autuou o grupo 134 vezes. Previstos em contrato, os valores oscilaram de R$ 140 até R$ 1,1 mil e referem-se a atraso de ônibus, motoristas que não param nos pontos e desvio de itinerário, entre outras infrações.
As multas começaram a ser aplicadas em maio deste ano, depois que a Transerp criou uma comissão de acompanhamento. Após ser notificado, o consórcio tem prazo para justificar a infração. A justificativa é analisada pela comissão antes da aplicação da multa. Em nota enviada ao Tribuna por meio de sua assessoria, o Consórcio PróUrbano rebateu algumas informações e justificou as autuações.
“Não existe multa por lotação. Essa informação não é verdadeira. As multas, 90%, são por atraso ou desvio de itinerário, decorrentes do trânsito ou impedimento de vias. Os ônibus concorrem com carros de passeio, não existe preferência para o coletivo, todos usam as mesmas vias, o que torna impossível cumprir horários”, diz o consórcio.
A Central de Monitoramento do transporte coletivo foi o alvo da comissão.“Percebi progressos e também esforços da parte dos funcionários para fazer a concessionária cumprir o contrato. Entretanto, o sistema precisa ser aperfeiçoado em alguns pontos para atender melhor os usuários do transporte público. O principal ponto é tirar o serviço de 0800 das mãos do PróUrbano e deixá-lo com o órgão fiscalizador. Deixar o PróUrbano receber as reclamações é deixar a raposa tomar conta do galinheiro”, frisou Papa.
Aos vereadores da CPI, o superintendente informou que a Transerp tem acesso a relação de reclamações registradas pelo PróUrbano, mas não tem por hábito aferir se todas as reclamações feitas na central de atendimento realmente viram estatística.
Auditagem do sistema – Por sugestão de Marcos Papa, Oliveira se prontificou a solicitar a gravação das reclamações e fazer uma auditagem do sistema por amostragem. “Qual é o nível de comprometimento por parte dessas atendentes com Ribeirão para registrar as reclamações de forma fidedigna? As estatísticas não batem com as inúmeras reclamações que recebemos nas ruas e no gabinete todos os dias”, enfatizou o presidente da CPI.
Outro problema constatado pela comissão é que o monitoramento em tempo real ocorre somente das oito às 18 horas. As intercorrências registradas pelo sistema das 18 às oito horas, inclusive no horário de pico vespertino, são visualizadas apenas no dia seguinte. Atualmente, a central conta com cinco profissionais internos e dois externos.
Alerta por SMS – Marcos Papa sugeriu que seja implantado no sistema um tipo de alerta para casos de intercorrências fora do horário de monitoramento em tempo real. “Num passado recente, Ribeirão Preto registrou tentativa de sequestro de ônibus. O ideal é que os supervisores da concessionária e da Transerp recebam pelo menos um SMS havendo alguma intercorrência, como um ônibus saindo muito do itinerário”, ressalta. A sugestão agradou a direção da Transerp, que prometeu estudá-la –apesar de considerar o índice de problemas “insignificante”.
“A autuação do PróUrbano foi um avanço provocado pelas investigações da CPI. Diferente do desgoverno anterior, onde a prefeita se comportava como sócia das empresas, como eu já falei várias vezes, essa gestão está aplicando multas por descumprimentos contratuais. Isso é alvissareiro. Creio que fará com que o Consórcio melhore a qualidade do serviço”, avalia o vereador.