O promotor Wanderlei Trindade, da área do Patrimônio Público de Ribeirão Preto, defende a volta da aliá Bambi para o Bosque Zoológico Municipal Doutor Fábio de Sá Barreto. A manifestação datada de novembro consta da ação judicial que determinou a transferência do animal para o Santuário dos Elefantes, na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso do Sul.
De acordo com o promotor, a elefanta de 58 anos, quatro toneladas e três metros de altura estava sendo bem tratada em Ribeirão Preto e faz parte do patrimônio público da cidade.Portanto, deveria ficar no município. Em seu parecer, Trindade cita que é do interesse da população local e da Região Metropolitana a permanência de Bambi no Bosque Zoológico Fábio Barreto.
Também destaca que o Bosque Fábio Barreto vinha promovendo as adequações necessárias para permanência do animal no zoo, seguindo as recomendações da Associação de Aquários e Zoológicos do Brasil, da Secretaria de Estado da Infraestrutura e Meio Ambiente (Sima) e do Conselho Regional de Medicina Veterinária.
O pedido do promotor ainda precisa ser analisado pela 1ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto, onde corre o processo. O Tribuna tentou falar com Wanderlei Trindade sobre sua manifestação no processo, mas não conseguiu. Ele também não retornou às mensagens enviadas por WhatsApp.
Bambi foi transferida para o santuário em 24 de setembro, ou seja, dois meses antes da manifestação do Ministério Público de São Paulo (MPSP). Antes de ser transferida os técnicos do santuário realizaram – durante três dias – várias tentativas para convencer a aliá a entrar na caixa em que seria transportada para o Mato Grosso do Sul.
A distância entre Ribeirão Preto e a Chapada dos Guimarães é de 1.250 quilômetros. Bambi chegou ao Santuário de Elefantes do Brasilem 26 de setembro, após dois dias de viagem. É a sétima aliá elefanta do local. Guida e Maia foram os primeiros elefantes e chegaram em Mato Grosso em outubro de 2016.
Também já viveu no local a elefanta Ramba, que morreu em dezembro do ano passado. Guida morreu em junho de 2019. Atualmente, além de Maia, vivem no local Rana, Lady, Mara e agora, Bambi, a única indiana – as outras são asiáticas. Inicialmente, a alía passou pelo centro de medicina veterinária do santuário e ficou em um espaço de três hectares, equivalentes a três campos de futebol, preparado para ela.
Ainda enfrentou um grande incêndio que atingiu a região em outubro. Depois de adaptada, Bambi seria levada para um espaço bem mais amplo, com 28 hectares divididos entre riacho, lago, árvores e um espaço com lama. Para conseguir os recursos da transferência, o Santuário dos Elefantes realizou pela internet uma campanha denominada “Bambi vem para a manada” e conseguiu arrecadar R$ 50 mil reais na vaquinha virtual.
A aliá indiana Bambi chegou ao Bosque Fábio Barreto em 23 de julho de 2014. Veio do zoológico municipal da cidade de Leme (SP) por determinação da antiga Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Na época, a pasta considerou o local e o espaço em que ela vivia inadequados.
Antes, pertencia ao Circo Stankowich. Com quatro toneladas e três metros de altura, tem 58 anos, é cega do olho esquerdo e tem dificuldade de mastigação (deslocamento de retina bilateral, catarata bilateral e lesão óssea crônica inflamatória em membro posterior direito).
O Bosque Fábio Barreto tem agora apenas uma aliá, Maison, de aproximadamente 48 anos. Asiática, ela pesa quatro toneladas. Ela chegou ao zoo de Ribeirão Preto em 17 de outubro de 2011, doada ao município pelo proprietário do Circo Kronner, Carlos Antônio Spíndola, o popular “Biriba”. Veio do Uruguai, onde trabalhou debaixo da lona até o governo, a exemplo de outros países como o Brasil, proibir a apresentação de animais em espetáculos circenses.