Pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), em parceria com o curso de Engenharia Química, utilizaram uma tecnologia de baixo custo para obtenção de água de reuso, segura do ponto de vista sanitário. A unidade desenvolvida foi instalada na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Caiçara responsável pela coleta e tratamento de esgoto doméstico proveniente dos bairros da zona Leste de Ribeirão Preto e que tem como destino de descarte o Rio Pardo.
O estudo foi pensado para aplicação da água tratada em fins menos nobres, em substituição à água potável, com o intuito de contribuir para o gerenciamento hídrico e a preservação de água para as futuras gerações. O projeto foi desenvolvido pelos professores Murilo Daniel de Mello Innocentini, Cristina Filomêna Pereira Rosa Paschoalato, Marilia Vasconcellos Agnesini, Reinaldo Pisani Júnior e o pesquisador Fernando Marrengula, em parceria com a empresa Ambiente, terceirizada da Secretaria Municipal de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Saerp) na operação e concessão do sistema de tratamento de esgoto de Ribeirão Preto.
O sistema piloto foi idealizado pensando em uma forma de tratamento dos efluentes da Estação, que são gerados diariamente, e descartados nos rios, após tratamento biológico. Esse efluente pode então ser tratado e reaproveitado, na forma de reúso direto não potável, para aplicação em atividades como lavagem de pisos, pátios e jardinagem. A análise dos efluentes coletados na Estação de Tratamento foi feita no Laboratório de Recursos Hídricos da Unaerp.
“A importância e relevância desse projeto é o incentivo ao reuso da água, que se faz extremamente necessário. Mesmo em um país como o Brasil, em que é abundante o volume de água, a distribuição não é homogênea, e temos regiões que sofrem com falta de água ou com água de baixa qualidade, devido à poluição”, destaca a pesquisadora Marília Agnesini.
Para a professora Cristina Paschoalato, coordenadora do Laboratório de Recursos Hídricos, a importância deste estudo se afirma principalmente por conta da sustentabilidade ambiental, conforme os objetivos da Agenda 2030 da Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Os resultados alcançados mostram que a tecnologia implementada em escala piloto de filtração direta em areia pode ser uma alternativa viável para produzir água de reuso segura. O Rio Pardo recebe o lançamento de esgoto da cidade e com aplicação desta tecnologia a qualidade do esgoto vai melhorar e, portanto, serão reduzidos os impactos causados no rio”, complementa a pesquisadora.
O estudo foi publicado, em 2022, na Revista DAE – Departamento de Águas e Esgotos -, publicação trimestral da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). O periódico tem como objetivo a publicação de artigos técnicos e científicos originais nas áreas de saneamento e meio ambiente.