Transformar a qualidade de vida em Ribeirão Preto pelo reflorestamento urbano – este é o projeto Ribeirão Floresta da AEAARP-Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto, que será lançado nos dias 10 e 11 de outubro, com mesa-redonda, plantio simbólico de 33 mudas de árvores e início do trabalho de campo com mapeamento, inventário arbóreo e reflorestamento. O lançamento terá, ainda, demonstração de poda, escalada em árvores, tipos de nós e amarrações e lançamento de cursos gratuitos de capacitação para profissionais que trabalham em campo com poda e os que iniciarão o inventário arbóreo.
O projeto é coordenado pelo engenheiro agrônomo José Walter Figueiredo Silva, responsável pela criação e implantação do Programa Município VerdeAzul, lançado em 2007 pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, e é mais uma ação da campanha Civilidade nas Ruas – esta voltada a ações de sustentabilidade, lançada em 2019 pela AEAARP.
“É um projeto ousado que responde às recomendações dos especialistas em mudanças climáticas e ESG, atende aos objetivos do milênio da ONU e contempla os anseios e necessidades da população. O estado de São Paulo ainda não tem uma cidade exemplo em reflorestamento urbano, por isso abraçamos este projeto transformador assinado por nosso associado e um dos grandes especialistas no assunto”, comenta Fernando Junqueira, presidente da AEAARP.
O trabalho de campo começa com projeto piloto no bairro São Luiz e, na sequência, outra agenda será organizada para o trabalho em todo o município. “Para isso, já iniciaremos cursos gratuitos de capacitação de profissionais para trabalhar no inventário, plantio e poda de árvores”, informa Figueiredo e Silva. Os cursos de capacitação serão abertos a prefeituras de toda a região de Ribeirão Preto, que já estão se inscrevendo.
Reflorestamento urbano
Para que a população viva bem, as cidades devem ter 50% de cobertura vegetal natural – isso inclui todo tipo de plantação, seja em áreas públicas ou nas casas, empresas, escolas etc. Esse percentual é indicado no programa VerdeAzul em consonância com a Universidade de São Paulo. O coordenador do Ribeirão Floresta lembra que cada árvore joga no ar água e oxigênio e capta CO2 e esse processo funciona quando respeitada a distância entre as árvores, determinada conforme o porte das plantas. “Se estiverem distantes, essa energia se perde. Espécies de grande porte podem estar até 20 metros de distância uma da outra, mas árvores pequenas não podem ultrapassar a distância de 6 metros”, explica.
O município paranaense de Maringá é um exemplo de reflorestamento urbano. A arborização adequada contribui com o equilíbrio térmico: no calor, as árvores podem contribuir com a diminuição da temperatura em até 7o C. No frio as árvores ajudam a aquecer. Outro benefício é a evapotranspiração, fenômeno em que a arvore joga gotículas de água no ar, mantendo a umidade relativa, isso porque para viver, uma árvore devolve ao meio ambiente 97% de água que absorve e fica com apenas 3% para a própria sobrevivência. Uma sibipiruna adulta absorve 500 litros de água por dia e devolve 485 para a atmosfera.
A comunicação entre as árvores
“As árvores têm um tipo de comunicação que o ser humano não domina. Estamos no planeta há milhões de anos e as arvores estão há bilhões, por isso são mais evoluídas em alguns aspectos como a comunicação”, ilustra José Walter. Ele cita como exemplo as acácias da África cujas folhas são um dos pratos favoritos das girafas e, por isso, ao longo do tempo essas árvores passaram a ficar sem folhas para fotossíntese. No processo evolutivo, as acácias começaram a se proteger amargando as próprias folhas. Pesquisadores descobriram que, à chegada das girafas, a árvore começa a exalar odor percebido pelas acácias vizinhas. Em um raio de 10 quilômetros, todas as acácias fazem o mesmo para espantar os animais. Essa espécie de árvore também conversa pelo solo. “As árvores aproveitam os fungos existentes no solo para se comunicarem. Essa comunicação se dá pelas hifas ou ramificações dos fungos como se fosse uma rede de comunicação por onde uma árvore avisa a outra sobre alterações de temperatura ou chegada de chuvas, por exemplo. É como as árvores criam suas defesas e é por isso que mantêm-se vivas nas florestas. A Silvicultura Urbana estuda esta relação das árvores na floresta e verifica qual a maneira melhor de possibilitar que elas vivam bem na urbe. Isso mostra a importância da floresta urbana. Temos de trazer essa riqueza para dentro da cidade”, finaliza José Walter.
AGENDA
10/10 – 19h00
Mesa-redonda Ribeirão Floresta com José Walter Figueiredo Silva, Demóstenes Ferreira da Silva Filho (Departamento Silvicultura ESALQ), Waleska Del Pietro (consultora em cidades inteligentes), Laurindo Antonio da Silva (Secretaria Municipal de Meio Ambiente), Edson Ávallos (secretário executivo do Consórcio Municipal da Mogiana), Evandro Grilli (Comissão Meio Ambiente OAB Ribeirão Preto), Daniel Caiche (coordenou a elaboração do PL 4309/2021″Política Nacional de Arborização Urbana”), Leonardo Barbieri (diretor de Agronomia AEAARP), Alexandre Tazinaffo (diretor Universitário AEAARP), Cristina Heck (diretora de Arquitetura e Urbanismo AEAARP), Luiz Carlos Oranges Jr. (diretor de Engenharia AEAARP) e Tatiane Brioli (CREA).
11/10
08h00 – Plantio simultâneo de 33 árvores (ipês amarelos, samambaias, ipês brancos e pitangas) nas calçadas do entorno da sede da AEAARP por voluntários
09h00 – Demonstração de poda: retirada de galhos e ponto de corte, conforme ABNT16246-1, 12h00 em um Jacarandá-Mimoso
09h30 – Demonstração de NR 12 – uso de motosserra, equipamentos de proteção individual e d proteção coletiva e escalada em árvores
10h30 – Demonstração de escalada, poda e descida dos galhos, tipos de nós e amarrações em uma Sibipiruna-Caesalpinia pluviosa, na praça vizinha à sede da AEAARP