Por Isabela Palhares, Julia Marques e Tulio Kruse, especial para AE
Quando viaja à noite de carro, Iuna Joo, de 12 anos, mantém os olhos fixos no céu estrelado. Apaixonada por Astronomia, pensou em uma profissão quando enxergou Saturno e a Lua pela primeira vez por um telescópio. “Meu sonho é ser astronauta, e pensei que nunca aconteceria.”
Iuna chorou quando soube que participaria de um programa em parceria com a Nasa, a agência espacial americana. Aluna do colégio Dante Alighieri, na região central de São Paulo, a adolescente vai propor projetos de pesquisa com potencial para serem enviados à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), comandada e operada por 15 países.
A escola foi selecionada para o “Student Spaceflight Experiments Program” (SSEP), iniciativa do governo americano que estimula experimentos educacionais sobre o tema. Já estão participando 300 estudantes do colégio e 45 de outras duas escolas – uma pública e outra privada, ligada a uma instituição filantrópica. Juntos, em grupos mistos, eles vão criar 75 projetos até o fim de outubro.
Na primeira reunião, a turma do 7º ano do Dante já discutiu cultivo de alimentos no espaço, armazenamento de gases e o comportamento do concreto em outra atmosfera – para construir casas em Marte. Já Iuna quer saber como o sistema digestivo humano reage à falta de gravidade. “Fico muito nervosa quando penso nisso, porque é algo muito grande para mim, e acho que nunca vou esquecer esse momento.”
Dos 75 projetos desenvolvidos, três serão escolhidos, por uma banca de avaliadores externos e pesquisadores universitários, para serem enviados à Nasa. Depois, a agência espacial vai eleger o projeto que será levado para a ISS. A proposta vencedora vai ao espaço no ano que vem.
A bordo da ISS, será executada por um astronauta e, depois de quatro a seis semanas, será trazida de volta à Terra para análise dos resultados.
Protagonismo
Os alunos têm autonomia para colocar ideias em prática. “Os professores orientam e dão suporte, mas são os estudantes que definem o que querem e como vão fazer. O projeto é todo deles”, explica Sandra Tonidandel, coordenadora pedagógica do Dante. Ela destaca a parceria com outros colégios. “Os alunos compartilham ideias, criatividade e a emoção de fazer ciência.”
Para Sofia Reis, de 12 anos, aluna do Projeto Âncora, em Cotia, na Grande São Paulo, participar da experiência é uma oportunidade. “Estamos sendo apoiados por várias pessoas e isso incentiva a continuar estudando.” O contato com alunos de outras realidades, afirma, só agrega. “Conhecemos gente nova, que tem outras ideias e pensa diferente. Vamos adaptando para algo que todos concordem.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.