Tribuna Ribeirão
Política

Projeto das creches é sancionado com vetos

ALFREDO RISK/ ARQUIVO TRIBUNA

O prefeito Duarte Noguei­ra Júnior (PSDB) sancionou a popular “Lei das OS’s” (nú­mero 14.370/2019), que auto­riza a Secretaria Municipal da Educação a fechar parcerias com Organizações Sociais para a terceirização de 2.509 vagas em sete novas unidades de educação infantil – creches e pré-escolas. A sanção foi pu­blicada no Diário Oficial do Município (DOM) desta sex­ta-feira, 26 de julho, com vetos.

O projeto nº 134/2019 foi aprovado na sessão extraordi­nária da última segunda-feira (22), na Câmara de Vereado­res – a proposta passou com 17 votos favoráveis, seis contra e quatro ausências. O Sindica­to dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis (SSM/RP) vai recorrer à Justiça – o presi­dente do Conselho Municipal da Educação (CME), Márcio Silva, também já disse que acionará o Judiciário. O SSM/ RP aguardava apenas a lei ser sancionada para adotar as me­didas judiciais. A ação civil pública deve ser impetrada na próxima semana.

O projeto passou com oito emendas parlamentares, sendo três da Comissão Permanente de Transparência (CPT) que versam sobre o cumprimento de metas e aplicação dos recur­sos. Outras três são de Ales­sandro Maraca (MDB) – uma substitutiva, outra que obriga a contratação de professores por meio de processo seletivo e a que prevê a aprovação do con­trato de gestão pelo Conselho Municipal da Educação.

A que estipula o prazo de 90 dias para as OS’s se adap­tarem caiu – no projeto ori­ginal, esse tempo é de dois anos. Uma emenda de Fabiano Guimarães (DEM), de cará­ter técnico, e uma de Marcos Papa (Rede Sustentabilidade), que estabelece duração de no máximo dois anos para o con­trato de gestão, também passa­ram. Nesta sexta-feira, porém, o prefeito Duarte Nogueira Júnior vetou parcialmente as emendas parlamentares.

Serão terceirizadas as uni­dades Parque dos Pinus (129 vagas na creche, com previ­são de abertura no segundo semestre de 2020), do Jardim Paulo Gomes Romeo (94 vagas na creche, que deve atender já neste ano), do Jardim Heitor Rigon (idem), do Residencial Vida Nova Ribeirão (436 vagas na creche e mais 600 na pré -escola e atendimento já neste segundo semestre de 2019) e no Sesi da rua João Guião (202 vagas na creche e 200 na pré -escola e em 2020).

O sindicato informou ao Tribuna nesta semana que a equipe jurídica da entidade já estava elaborando a minuta da ação civil pública. O objetivo é barrar judicialmente a aplica­ção da lei. Outras instituições, como o Conselho Municipal de Educação (CME) e 12ª Sub­seção da Ordem dos Advoga­dos do Brasil (OAB-RP), já an­teciparam que poderão levar a questão para a esfera judicial por meio de ações. Argumen­tam que mesmo com a lei em vigor, até o final do próximo ano a prefeitura não consegui­rá zerar o déficit de mais de quatro mil vagas de educação infantil na cidade.

O sindicato cobra a convo­cação de professores concur­sados, mas a administração diz que já preencheu as vagas estipuladas nos processos se­letivos e que a contratação vai gerar uma despesa que a pre­feitura não tem como bancar. Porém, o secretário da Educa­ção, Felipe Elias Miguel, disse na terça-feira (23) que os pro­fessores aprovados em concur­so deverão ser chamados para ocupar cargos na expansão da atual rede pública.

Sindicato, CME e OAB temem, ainda, que o serviço oferecido pelas OS’s seja pre­cário e que nenhum professor terceirizado denuncie a contra­tante por medo de perder o em­prego. A votação do projeto nº 134/2019, que terceiriza parte da educação infantil munici­pal, foi marcada por protestos de professores, servidores, conselheiros e entidades liga­das à área. Até ovos foram ati­rados do plenário em direção aos legisladores, mas os mani­festantes não acertaram o alvo.

Com cartazes e apitos e fa­zendo muito barulho, a plateia reclamou bastante do resultado favorável ao governo. A Guar­da Civil Metropolitana (GCM) acompanhou a sessão. A am­pliação de convênios tem o ob­jetivo de aumentar o número de matrículas na primeira etapa da educação básica, a chamada educação infantil. A prefeitura pretende criar, até o segundo semestre do próximo ano, 2.509 vagas em regime de parcerias.

Segundo a Secretaria Mu­nicipal da Educação, se o mu­nicípio tivesse de bancar as sete novas unidades escolares, terá um custo de R$ 36 milhões. Já com a contratação das Or­ganizações Sociais, a despesa seria de R$ 18 milhões, 50% inferior. Outra exigência esta­belecida é que as selecionadas atendam somente aos usuários da lista de espera da pasta.

Segundo o secretário da Educação, Felipe Elieas Miguel, com a aprovação do projeto de lei 134/2019, a pasta passará a utilizar as OS’s para gerir sete unidades de educação infantil municipal, o que representa a criação de 2.509 vagas, sen­do 1.409 em creche e 1.100 na pré-escola. “Ao mesmo tem­po, essa iniciativa irá con­tribuir para que as famílias possam trabalhar e tenham a segurança de que seus filhos estarão na escola”, ressalta.

A Secretaria da Educação ressalta que a rede municipal já possui contrato com OS’s que atendem a 2,5 mil alunos em creches, 412 na pré-escola e 373 na educação especial.

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