Por Bárbara Correa, especial para o Estadão
O que você faria se pudesse voltar no tempo e encontrar sua versão mais jovem? Bom, Ryan Reynolds, que interpreta o protagonista Adam em um novo filme de ficção científica da Netflix, descobre que lidar consigo mesmo pode ser muito mais complexo do que salvar o mundo.
Projeto Adam é o novo longa sobre viagem no tempo que estreia nesta sexta-feira, 11, no serviço de streaming. No longa, o personagem precisa salvar o futuro e entender o passado. Então, ele volta diretamente do ano de 2050 para 2022 e encara o seu eu de 12 anos de idade, interpretado por Walker Scobell .
Diferentemente de outros filmes de viagem no tempo, nesta produção, os personagens do passado e futuro interagem entre si e Adam precisa lidar com sua relação mal resolvida com o pai Louis (Mark Ruffalo) que, no futuro, já morreu.
Em entrevista ao Estadão, o diretor de Projeto Adam, Shawn Levy, explicou que desejava, de fato, criar um filme de ficção científica que fosse mais pessoal. “A maioria dos filmes de viagem no tempo são sobre coisas grandes como ‘salve o mundo’. Eu queria fazer um filme sobre um homem que precisa salvar a si mesmo”, explicou.
Adam e seus pais: um novo olhar
Na trama, Adam de 12 anos é um jovem distante e não muito afetuoso com sua mãe, Ellie, interpretada por Jennifer Garner, porém carrega muita admiração pelo pai. Essa perspectiva é invertida após a morte de Louis.
Já adulto, o protagonista carrega revolta em relação ao pai e se arrepende de não ter sido mais carinhoso com a mãe. Tudo isso muda quando ele tem a oportunidade de rever ambas relações e, para Jennifer, essa ressignificação dos laços familiares é a grande mensagem da trama.
“Há realmente um desejo no filme de falar com as pessoas para verem seus pais como se fossem seus ‘eus’ mais jovens. O filme faz um ótimo trabalho ao conectar essas relações e isso é a coisa que mais amamos sobre essa história”, afirmou a atriz.
Adam e a viagem até sua criança interior
Essa mudança de olhar do personagem só acontece depois que Adam adulto é confrontado por sua versão mais jovem sobre o motivo pelo qual ele sente tanta revolta com seu pai. A jornada do personagem com sua criança interior acontece quando, no filme, o personagem de 12 anos aponta:
“Você só sente raiva porque é mais fácil. É mais fácil sentir raiva do que se sentir triste e com saudade”, diz o personagem de Walker no filme, sobre a perda do pai. Shawn explica que essa fala não foi à toa:
“O jeito que o garoto diz isso nos força a considerar: ‘Espera, estou realmente bravo com isso ou estou apenas magoado?’. É mais fácil ficar com raiva do que triste, acho que isso é uma verdade muito humana”, afirma.
“Não importa se pudermos voltar ao nosso próprio passado, essa ideia de questionar a nossa raiva e talvez compreender-nos um pouco melhor, escavando a tristeza, que é a raiz da raiva, acho que é uma experiência muito útil”, reiterou.
“É uma aventura familiar!”
Mesmo envolvendo muita ação e cenas de batalhas em naves espaciais, o diretor comenta que sua intenção foi trazer um tom otimista, divertido, caloroso e engraçado para o filme. “É uma aventura familiar”, inicia.
“Todos nós, não importa a idade, cultura ou nacionalidade, somos tão moldados pela dinâmica da nossa família e todos nos apegamos a nossa história através da memória. Se tivéssemos a chance de revisitá-la, poderia ser revelado algo muito mais verdadeiro sobre nós mesmos. É sobre uma jornada humana coletiva”, concluiu