Tribuna Ribeirão
Geral

Procura por imóveis cresce em Serrana

ALFREDO RISK/ARQUIVO

Everton Sylvestre
Especial para o Estadão

O anúncio de que Serrana vai fazer parte de estudo inédito para vacinar contra a covid-19 todos os moradores adultos, ex­ceto grávidas e lactantes, mudou a rotina do município do inte­rior paulista, de cerca de 45.844 habitantes, distante 24 quilôme­tros de Ribeirão Preto e a 314,9 quilômetros da capital.

Grande parte já está ansiosa por receber as doses do imuni­zante, mas alguns ainda relatam receio em participar da pesqui­sa. Ao mesmo tempo, imobiliá­rias já veem aumento de interes­sados em alugar casas na cidade. A expectativa é de que 30 mil se­jam vacinados, voluntariamen­te, a partir de 17 de fevereiro.

Serrana funciona como dormitório para aproxima­damente 20 mil pessoas que trabalham em Ribeirão Preto e teve alto índice de infecções – 2.401 casos confirmados e 57 mortes. A professora aposenta­da Maria Elisa Valeriano, de 76 anos, diz que pretende tomar a vacina na primeira oportuni­dade. “Deus do céu, não tenho nem dúvida”, diz ela, cuja filha e genro estão isolados agora após serem contaminados.

A auxiliar de produção Maria José Torteli, de 41 anos, também comemora. Como a cidade foi dividida em qua­tro setores, ela já sabe que seu bairro está no último, em que a vacinação começa em 10 de março. A filha Valentina, de 2 anos, não será imunizada, mas é a principal preocupação dela e do marido. Ao se vacinar, o casal – que evita sair de casa desde o início da pandemia da covid-19 – espera proteger mais a filha, que tem asma.

Já outros dizem não ter de­cidido se vão participar, como o soldador Claudinei Aparecido, de 41 anos. “Vou pela minha cabeça, não pela dos outros.” A Coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantan e o laborató­rio chinês Sinovac, passou por testes de eficácia e segurança, com 12,5 mil voluntários, e tem autorização de uso emergencial pela Agência Nacional de Vigi­lância Sanitária (Anvisa).

“Mesmo com medinho, pre­tendo tomar”, diz a estudante Elaine de Souza, de 18 anos. Ela recebe mensagens por WhatsA­pp que colocam em xeque as va­cinas, mas acredita que esse dis­curso vem perdendo força. Nas imobiliárias, o telefone não para de tocar. Moradores de cidades vizinhas, da capital e de outros Estados tentam alugar casa em Serrana na esperança de tam­bém serem vacinados primeiro.

As assistentes administrati­vas Marcela Amaral, de 27 anos, e Priscila Silva, de 37, contaram ontem mais de 50 ligações. “Há pessoas que propõem pagar um ano para manter o imóvel alu­gado por um mês”, diz Marcela. Ambas pretendem se vacinar. Segundo ela, alguns abrem o jogo durante a conversa.

“A procura é principalmen­te por imóveis baratos e sim­ples. Em alguns casos, (os imó­veis) não comportam o tanto de moradores que a pessoa diz que compõe a família”, relata. Ela já até elaborou um infor­mativo padrão em que orienta ser necessário fiador, perma­necer no imóvel por doze me­ses e que a prefeitura vai fazer cruzamento de dados antes de aplicar a vacina.

Segundo a prefeitura, a es­tratégia de mudar às pressas não vai adiantar – o Butantan já iniciou no semestre passado o cadastro de moradores e um mapeamento de Serrana. O instituto já desenvolvia o estu­do na cidade desde meados de 2020. Até o início da semana, o projeto era denominado “Pro­jeto S, de Secreto”; agora passar a ser “Projeto S, de Serrana”.

A vice-prefeita e secretária de Saúde, Leila Gusmão, diz que as vacinas usadas nesse trabalho não interferem no número de doses distribuí­das pelo instituto ao ministé­rio. Para a gestão municipal, a imunização acelerada também encurta o caminho para a reto­mada econômica.

Segundo o Butantan, Ser­rana foi escolhida por ter alta prevalência do vírus. Para isso a cidade, foi dividida em 25 subáreas, que formarão quatro grandes grupos populacio­nais – denominados clusters –, cada qual identificado com uma cor distinta – verde, ama­relo, azul e branco. Também não poderá tomar a vacina quem teve febre nas 72 horas anteriores. O estudo fará as comparações entre os clusters, antes e depois da vacinação.

Postagens relacionadas

Brasileira que viajava de moto com marido sofre estupro coletivo na Índia

William Teodoro

PUBLICIDADE: AgroTribuna

Redação 1

PUBLICIDADE: Claro

Redação 1

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com