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Prisão de Dárcy Vera fará um ano

No início deste mês, o Tri­bunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) negou o 12º pedido de liberdade impetrado pela defe­sa de Dárcy Vera (sem partido). Ré em uma das ações penais da Operação Sevandija, a que in­vestiga fraude no pagamento de honorários advocatícios em processo de perdas inflacioná­rias dos servidores públicos, a ex-prefeita de Ribeirão Preto está na Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé, no Vale do Pa­raíba, há 358 dias – completa­rá um ano atrás das grades no próximo sábado, 19 de maio.

O Dia das Mães deste do­mingo (13) será o primeiro de Dárcy Vera na prisão. A defesa faz de tudo para provar que a ex-chefe do Executivo ribei­rão-pretano é inocente, como ela alega desde 1º de setembro de 2016, quando a força-tarefa foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Polícia Federal (PF). No entanto, juízes, desembarga­dores e ministros negaram to­dos os recursos apresentados pela equipe da advogada Ma­ria Cláudia Seixas. Dárcy Vera responde por corrupção pas­siva, organização criminosa e peculato – quando alguém tira proveito do cargo público que exerce em benefício próprio ou de terceiros.

A advogada Maria Cláudia Seixas alega que a ex-prefeita é inocente, não foi condenada e que a prisão preventiva vai completar um ano daqui a uma semana, um prazo considera­do extenso. Dárcy Vera já teve outros onze recursos negados pelo juiz da 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira – respon­sável pelas ações penais da Ope­ração Sevandija –, pelo próprio TJ/SP, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e até pelo Su­premo Tribunal Federal (STF).

A ex-prefeita também já foi condenada a cinco anos de prisão em regime semiaberto pelo desvio de R$ 2,2 milhões provenientes do Ministério do Turismo (MTur) para realiza­ção de uma das etapas da Stock Car, em 2010, primeiro ano da competição na cidade e que levou cerca de 45 mil pessoas à Zona Sul.

A sentença foi emitida pelo juiz Eduardo José da Fonse­ca Costa, da 7ª Vara Federal de Ribeirão Preto. A mulher que governou a cidade por dois mandatos (2009-2012 e 2013-2016) e bateu recordes de votos nega a prática de atos ilícitos e diz que vai provar inocência. Nesta ação, o ma­gistrado também pede que a ex-prefeita devolva os R$ 2,2 milhões aos cofres públicos. A defesa de Dárcy Vera já entrou com vários habeas corpus – com pedidos de liminares –, todos negados.

Em 4 de abril, os promo­tores do Gaeco entregaram ao juiz Silva Ferreira o relató­rio final da investigação que envolve a suposta fraude no pagamento de honorários ad­vocatícios de uma ação ganha pelos servidores referente às perdas econômicas do Pla­no Collor (década de 1990), a única em que Dárcy Vera é ré – ela está presa desde que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) cassou a liminar que a mantinha em liberdade, em 18 de maio do ano passado.

Dárcy Vera chegou a ficar doze dias presa no final de 2016, quando ainda estava no cargo de prefeita de Ribeirão Preto. Ficou presa na Supe­rintendência da Polícia Fe­deral e em Tremembé entre 2 e 14 de dezembro, mas saiu graças a uma liminar conce­dida pelo ministro Sebastião Reis Júnior, do STJ.

Além dela, outras cinco pessoas são rés nesta ação pe­nal. Os promotores defendem a condenação da ex-chefe do Executivo e pedem pena máxi­ma para ela. Se for condenada, pode pegar 30 anos, o tempo máximo de cárcere segundo o Código Penal. O relatório tem 193 páginas. A expectativa é que a sentença seja anuncia­da ainda neste semestre. Os demais réus respondem por associação criminosa, corrup­ção ativa e passiva e peculato.

No relatório de acusa­ção, o Gaeco anexou atas de assembleias que teriam sido adulteradas para elevar o per­centual dos honorários pagos à ex-advogada do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto (SSM/RP), Maria Zuely Alves Librandi, e rascunho da contabilidade do caso encontrado no escritó­rio de outro ex-advogado da entidade, Sandro Rovani – os dois também estão presos em Tremembé. Nas anotações aparecem as iniciais “DV” com o valor de R$ 7 milhões à frente. Para o Ministério Pú­blico Estadual (MPE), trata-se do montante que a ex-prefeita receberia de propina.

O Gaeco também cita a de­lação premiada de Wagner Ro­drigues, presidente destituído do Sindicato dos Servidores. As declarações do ex-sindica­lista incriminam Dárcy Vera. Ele confirmou que a ex-pre­feita recebeu R$ 7 milhões de propina de Maria Zuely. Outro ponto de destaque no relatório são as escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal com auto­rização judicial que indicam troca de favores entre os acusa­dos com o objetivo de fraudar o processo.

Nesta ação, a ex-prefeita é acusada de chefiar um es­quema que teria desviado R$ 45 milhões de uma ação que envolve 3,5 mil servidores pú­blicos, de reposição das per­das do Plano Collor (o pro­cesso dos 28,35%, da década de 1990). O MPE diz que a fraude, inicialmente, era es­timada em cerca de R$ 130 milhões e previa o repasse de R$ 69,9 milhões para Maria Zuely. Afirma que ela não teria direito ao pagamento porque era advogada nomeada pelo sindicato, com salário e todos os direitos garantidos.

Ao Gaeco, Rodrigues infor­mou também que a ata de uma assembleia realizada em 20 de março de 2012 foi adulterada por ele e pelo então advogado do sindicato, Sandro Rovani. Em votação anterior, os ser­vidores já haviam decidido que não pagariam honorários advocatícios. Um parágrafo afirmando que os trabalhado­res decidiram pela cessão dos valores devidos foi incluído no documento. O assunto sequer foi mencionado para discus­são no documento original, que tratou apenas do reajuste salarial do funcionalismo.

De acordo com a Promo­toria, o termo de aditamento previa redução dos juros de mora de 6% para 3%, e esse valor seria destinado à Maria Zuely, cerca de R$ 58 milhões. Entretanto, o então secretário de Administração, Marco An­tônio dos Santos – outro que está preso em Tremembé – se utilizou de um jogo de plani­lhas e elevou o valor para R$ 69,9 milhões. Para o Gaeco, to­dos os documentos apresenta­dos induziram a Justiça a erro e o pagamento dos honorários milionários foi autorizado.

Com isso, a suposta qua­drilha manteve os desvios planejados. Afora Wagner Rodrigues, todos os demais réus negam a prática de atos ilícitos e dizem que vão pro­var inocência. Além dos cita­dos, o também advogado An­dré Soares Hentz é réu nesta ação. Diz que apenas prestou serviços para Maria Zuely e que vai provar inocência. Ele e Rodrigues são os únicos que aguradam ao julgamento em liberdade.

Na colaboração ao Minis­tério Público Estadual, Wag­ner Rodrigues disse que, dos R$ 45 milhões obtidos com a fraude, R$ 7 milhões teriam sido destinados à ex-prefeita Dárcy Vera, R$ 2 milhões para o ex-secretário Marco Antônio dos Santos e R$ 11,8 milhões seriam divididos entre ele e o ex-advogado do sindicato, Sandro Rovani. O restante fi­caria com Maria Zuely. Todos estão presos, menos o delator. Uma das supostas provas apre­sentadas pelos promotores ao juiz é um e-mail enviado pelo advogado André Soares Hentz a Rovani aconselhando o cole­ga a fraudar a ata da assembleia do funcionalismo.

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