O primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no domingo, 21 de novembro, teve 26% de abstenção. O exame deste ano já havia registrado queda histórica no número de inscritos. Em edições anteriores, o Enem recebia o dobro de candidatos.
Do total de 3,1 milhões de candidatos inscritos, cerca de 2,3 milhões compareceram às provas de anteontem, em mais de 1,7 mil municípios. Os números foram divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Considerando apenas o Enem impresso, que concentra a maior parte das inscrições, 3.040.907, as faltas chegaram a 25,5%. O estado com a maior porcentagem de faltas foi o Amazonas, com 40,6%. No Enem digital, 46,1% dos 68.893 inscritos não compareceram ao exame.
“Mais importante não é o número de inscritos, mas o número de quem veio realmente fazer a prova”, disse o ministro da Educação, Milton Ribeiro. Ele rebateu as críticas de que as ausências têm relação com falhas do MEC em melhorar o ensino em meio à pandemia. Entre os jovens que desistiram de fazer a prova estão aqueles que não se sentiam preparados.
“Foi um número significativo porque sem o Enem uma série de outros passos da educação brasileira sofreria atraso que poderia prejudicar mais ainda os jovens que querem acender ao ensino superior”, disse Ribeiro. “São pessoas que resolveram enfrentar todas as dificuldades.”
Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira apontam que as quatro maiores cidades da região de Ribeirão Preto tiveram queda de 42,5% no número de inscritos para o Enem 2021. A segunda etapa de provas será no próximo domingo (28).
Em Ribeirão Preto, 16.250 estudantes fizeram as provas em 2020. Agora, 9.884 se inscreveram, uma queda de 39,42%. Em Franca, a diminuição foi de 49,23% em comparação ao ano passado, de 8.063 para 4.093, a maior redução entre as quatro principais cidades.
Em Sertãozinho, 3.130 pessoas se inscreveram para a prova em 2020 contra 1.734 em 2021, queda de 44,60%. Já em Barretos, a queda foi de 41,6%, de 2.915 para 1.715. Em janeiro deste ano, no segundo dia de aplicação do Enem 2020, o exame teve 55,3% de faltas, até então abstenção recorde. Do total de 5.523.029 inscritos no exame, menos da metade, 2.470.396, compareceu aos locais de prova.
O índice foi maior que no primeiro dia, quando 51,5% dos inscritos não compareceram às provas. Na macrorregião de Ribeirão Preto, havia 48.349 estudantes de 19 cidades inscritos. No Enem digital, em fevereiro, o segundo e último dia de provas registrou o índice de 71,3% de abstenção.
Compareceram aos locais de prova 26.709 candidatos. A taxa de ausência deste foi maior que os 68% registrados no primeiro dia, no final de janeiro. Dos 93 mil candidatos inscritos para a estreia da versão digital do Enem, mais de 53 mil não compareceram para fazer a prova. A abstenção foi de 68,1% em fevereiro.
O ministro Milton Ribeiro disse ainda que o conteúdo da prova visto neste domingo mostrou que não “tem cabimento” denúncias sobre interferência no Enem. Caíram no teste questões sobre luta de classes, racismo, desigualdade de gênero e temática indígena.
“Tentaram politizar a prova, não houve nenhuma interferência. Talvez, se tivesse interferência, poderia ser que algumas perguntas nem estivessem ali. Não houve qualquer interferência e escolha de perguntas”, afirmou o ministro. Depois, tentou se explicar.
“Quis salientar que, se dependesse de uma visão radical, de que o governo é radical, existem questões que tocam alguns temas que numa visão mais conservadora são mais caros ao nosso governo.” O Enem foi realizado em meio à crise de servidores no Inep, responsável pela prova. Servidores afirmam que houve pressão para a troca de questões da prova.
O Enem é composto por uma prova de redação e quatro provas com 45 questões objetivas cada: linguagens, matemática, ciências humanas e ciências da natureza. No primeiro dia de prova, os participantes fizeram as provas de linguagens, ciências humanas e redação. No segundo, farão a de matemática e ciências da natureza.