Depois de conseguir autorização do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) – vinculado à Secretaria de Estado da Cultura –, para a realização da primeira etapa da reforma e da restauração da Catedral Metropolitana de São Sebastião, em Ribeirão Preto, o pároco da igreja, Francisco Jaber Moussa, popularmente conhecido como Padre Chico, anunciou nesta segunda-feira, 25 de junho, como tentará viabilizar os recursos para as obras. Nesta fase será feito o reparo das rachaduras e o “estacamento” da fundação do prédio. Também participaram da coletiva o engenheiro responsável pelo projeto, Danilo Pereira, e o assessor de comunicação da Pastoral, padre Gilberto Kasper, entre outros.
A autorização para a reforma – que prevê mais duas etapas – foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) de 9 de junho. As outras fases consistem na recuperação da parte hidráulica, na pintura do prédio, recuperação do acervo e na remodelação do paisagismo da Praça das Bandeiras, no entorno da Catedral Metropolitana. Essas obras ainda não foram autorizadas pelo Condephaat.
Para que as obras obedeçam ao cronograma estabelecido – inicio de janeiro de 2019 –, a Catedral de Ribeirão Preto precisa ter metade dos R$ 3 milhões necessários para essa fase. Cerca de R$ 1 milhão a Igreja Católica garante já ter pré-aprovado através do Programa de Ação Cultural (ProAC), desenvolvido pelo governo paulista que concede isenção fiscal de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para empresas que investem em projetos culturais. “Temos a carta de intenções de 30 empresas que demonstraram interesse em participar do projeto e, pelos nossos cálculos, estas colaborações estão próximas de R$ 1 milhão”, afirma Padre Chico.
Para viabilizar os outros R$ 2 milhões, a Catedral Metropolitana está ampliando as campanhas junto à comunidade. Denominada de “Mãos que fazem história”, a paróquia pretende arrecadar estes recursos através de rifas, quermesses, doações anônimas dos fiéis e sorteio de dois Volkswagens Fusca, um fabricado em 1994 que será sorteado na quermesse programada para 14 de julho e o outro fabricado em 1969 que vai a sorteio no mês de janeiro de 2019. O bilhete para concorrer ao sorteio do dia 14 de julho custa R$ 2.
Segundo o engenheiro Danilo Pereira, responsável pele primeira etapa do projeto de restauração, o reparo das rachaduras e o “estacamento” – colocação de estacas – da fundação do prédio não irão interferir no cotidiano da igreja. “Vamos utilizar tecnologia pouco invasiva para evitar acúmulo de detritos e sujeira”, explica. No total serão colocadas no entorno da igreja – junto ao alicerce – cerca de 140 estacas de 22 metros de profundidade feitas com tubos de aço e cheias de concreto.
“O projeto foi feito para garantir o funcionamento normal da Catedral de São Sebastião, seja na realização de missas ou de casamentos”, completa Padre Chico. A previsão é que as obras tenham início no começo de 2019 e durem seis meses.
Pesquisa
Conhecer a opinião dos ribeirão-pretanos sobre quem deve ajudar na reforma da Catedral Metropolitana de São Sebastião. Este é o objetivo da pesquisa realizada pela Igreja Católica desde o início do ano. No questionário estão opções como as paróquias da Arquidiocese de Ribeirão Preto, a iniciativa privada, a comunidade e os órgãos públicos de preservação de patrimônio, entre outras. O levantamento servirá de baliza para a implementação de novas ações junto à comunidade.
Catedral
A Catedral Metropolitana de São Sebastião começou a ser construída no local onde fica atualmente no início do século passado, depois que a torre da “velha matriz”, na praça XV de Novembro, ruiu. Em 3 de março de 1904 foi novamente lançada a pedra fundamental. Em dezembro daquele ano foram concluídos os alicerces e em maio de 1905 foi celebrada uma missa campal no local.
As paredes foram levantadas entre 1905 e 1908. Em fevereiro de 1909, dom Alberto José Gonçalves tomou posse como primeiro bispo – a cerimônia aconteceu na Igreja São José. Em 21 de março de 1909 ele “benzeu as partes concluídas e a nova Igreja Matriz assumiu o papel de palco maior da vida católica na cidade”.
Ônibus contribuíram para aumento das rachaduras
Laudos realizados por uma empresa de engenharia – Centro Tecnológico Falcão Bauer –, a pedido da Catedral Metropolitana de São Sebastião, revelaram que o tráfego de veículos, principalmente a trepidação provocada por ônibus nas ruas do entorno da igreja, agravaram as rachaduras do prédio. Como parte das ações para evitar o aumento das rachaduras – depois de uma longa disputa com a administração municipal da ex-prefeita Dárcy Vera –, a paróquia conseguiu impedir a construção de uma estação do transporte coletivo na rua Florêncio de Abreu, próxima a igreja.
Também conseguiu que a atual administração mudasse o itinerário de 17 linhas do transporte coletivo que passavam pelo local. Outra ação para melhorar o pavimento e evitar trepidações será a troca do piso das ruas do entorno da Catedral de São Sebastião. O projeto da prefeitura de Ribeirão Preto, incluso no Programa de Aceleração do Crescimento II – PAC da da Mobilidade Urbana, prevê a substituição dos paralelepípedos que estão sob o asfalto por uma malha de ferro que minimize as trepidações.