O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP/ USP) começou a vacinar os profissionais de saúde da instituição que atuam na linha de frente de combate ao coronavírus na manhã desta terça-feira, 19 de janeiro. A cerimônia aconteceu na Unidade Campus, na Cidade Universitária, Zona Oeste, e marcou o início da imunização contra a covid-19 na cidade.
A primeira a receber a CoronVac na cidade foi a técnica de enfermagem Maria Luci dos Santos, de 44 anos. Conhecida como Malu pelos colegas de trabalho, atua no HC há três anos. Ela tomou a dose às 9h20. Na pandemia, decidiu alugar um apartamento em Ribeirão Preto para proteger sua família, que mora a uma distância de 60 quilômetros, em Pitangueiras.
Casada e com três filhos, retorna ao lar somente nos dias de folga. “Assim, não levo o vírus para casa. Encarei isso porque tenho certeza que posso ajudar. Não largo isso por nada”, afirma Maria Lucia, que poderá estar mais segura para voltar a Pitangueiras.
O governador João Doria (PSDB), que já havia acompanhado a vacinação no HC da capital, no domingo (17), no HC da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e no HC da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu, na segunda-feira (18), também esteve em Ribeirão Preto na manhã de ontem.
“Nesse momento, estamos vacinando todos profissionais de saúde, os médicos, enfermeiros auxiliares e também todos que trabalham na linha de frente em unidades médicas, as pessoas do atendimento, recepção, limpeza, manutenção e segurança. Sem elas, um hospital não funciona. Todos eles estão na linha de frente, ajudando a salvar vidas em São Paulo e no Brasil”, afirmou Doria.
O prefeito Duarte Nogueira (PSDB), que acaba de se recuperar da covid-19, também participou da cerimônia. “Estamos prontos para iniciar a vacinação contra a covid-19. Já servimos como exemplo de sucesso na estratégia da campanha vacinação contra febre amarela, em 2017, e contra a H1N1, em 2020, e novamente seremos referência em imunização. Iremos vencer o coronavírus”, disse o tucano.
O Instituto Butantan, que desenvolve a CoronaVac em parceria com a chinesa Sinovac Life Science, enviou 6.520 doses para o HC, que poderá imunizar 3.260 médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, 10,2% do total de 32 mil trabalhadores do setor em Ribeirão Preto. Estes profissionais receberão duas doses em um intervalo de 21 dias. O Hospital das Clínicas tem 5.972 profissionais, e a prioridade é para quem atua diretamente com os pacientes de covid-19.
Outras três pessoas foram vacinadas na cerimônia de ontem de manhã: as enfermeiras Juliana Badia e Flabia Trovó e a fisioterapeuta Vivian Siansi.
Ainda pela manhã, mais 16 profissionais da saúde receberam a dose. A imunização continuou durante a tarde e atingiu mais de 400 pessoas. As doses na Unidade Campus foram aplicadas por uma equipe composta por cinco mulheres, todas trabalhadoras do HC.
Ao longo da semana, a expectativa é de pouco mais de três mil profissionais de saúde do HC sejam vacinados, tanto os da Unidade Campus quanto os da Unidade de Emergência, no Centro. Os municípios também deverão imunizar a população com apoio de equipes da atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS), segundo as estratégias adequadas ao cenário local.
Cada hospital será responsável pelo preenchimento dos sistemas de informação oficiais definidos pela Secretaria da Saúde para monitoramento da campanha. A divisão das grades considerou o quantitativo proporcional de vacinas esperado para São Paulo conforme o Programa Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde.
As seis unidades hospitalares paulistas receberam 60 mil doses nesta primeira etapa. Foram selecionadas para a fase inicial porque são hospitais-escola regionais, com maior fluxo de pacientes em suas áreas de atuação. O Butantan já pediu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o registro emergencial para um segundo lote de 4,8 milhões de novas doses da CoronaVac.
Segundo o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, o pedido de autorização do uso emergencial do segundo lote abrangerá um número ainda maior de doses, podendo chegar a 35 milhões. Novas remessas de insumos para envase deverão chegar nas próximas semanas, aguardando apenas aval do governo da China.
Das 8,7 milhões de doses previstas em contrato para entrega até 31 de janeiro, seis milhões já foram encaminhadas. As demais devem seguir até o final deste mês. A programação prevê que até abril o Butantan entregue ao Ministério da Saúde 46 milhões de doses da vacina. O governo de São Paulo lançou o site www.vacinaja.sp.gov.br para agilizar a campanha de vacinação contra a covid-19 no estado. Nele, todas as pessoas aptas a receber a vacina do Butantan podem fazer um pré-cadastro.
A Secretaria de Comunicação do Estado de São Paulo lançou nesta terça-feira, 19 de janeiro, o “Vacinômetro”, ferramenta digital nos mesmo moldes do Impostômetro e que permite a qualquer pessoa acompanhar em tempo real o número de vacinados em território paulista. Está disponível no portal do governo de São Paulo (https://www.saopaulo.sp.gov.br/) e até às 20 horas de ontem indicava 8.401 vacinados no estado.