O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação oficial do país, registrou taxa de 0,02% em junho deste ano. Apesar de ser superior à parcial observada em maio, quando houve deflação de 0,59%, é a menor para o mês de junho desde 2006, quando o custo de vida recuou 0,15%.
O IPCA-15 acumula taxa de deflação (queda de preços) de 0,58% no segundo trimestre do ano. No acumulado do ano, a inflação é de 0,37%, enquanto no total de doze meses chega a 1,92%. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 25 de junho, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O indexador encerrou 2019 em 4,31%, acima do centro da meta do Banco Central, de 4,25%. O IPCA registrou deflação de 0,38% em maio deste ano. A queda de preços foi ainda mais intensa do que a registrada em abril (-0,31%). Foi o segundo mais baixo do Plano Real, a menor variação mensal do indexador oficial da inflação no Brasil desde agosto de 1998, quando foi registrada retração de 0,51% no custo de vida.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, quatro apresentaram inflação, com destaque para alimentos e bebidas, que tiveram alta de preços de 0,47% na prévia de junho. Os destaques deste grupo de despesas foram a batata inglesa (16,84%), carnes (1,08%), a cebola (14,05%) e o feijão-carioca (9,38%). Também registraram inflação os grupos de despesas artigos de residência (1,36%), comunicação (0,66%) e educação (0,03%).
Por outro lado, cinco grupos de despesas tiveram deflação, com destaque para os transportes (-0,71%), impulsionada pela queda de preços de itens como passagens aéreas (-26,08%), gasolina (-0,17%), óleo diesel (-4,39%), etanol (-0,49%) e seguro voluntário de veículo (-2,27%). Também tiveram deflação os grupos de despesa habitação (-0,07%), vestuário (-0,15%), saúde e cuidados pessoais (-0,01%) e despesas pessoais (-0,03%).
Alimentos
Em meio à pandemia do novo coronavírus, as famílias voltaram a gastar mais com alimentação e bebidas e este grupo passou de um avanço de 0,46% em maio para um aumento de 0,47% em junho, maior pressão sobre a inflação do mês, com uma contribuição de 0,09 ponto percentual no IPCA-15. A refeição em domicílio passou de uma elevação de 0,60% em maio para uma alta de 0,56% em junho.
Na direção oposta, ficaram mais baratos o tomate (-12,36%), cenoura (-12,05%) e frutas (-0,80%), depois de já terem recuado no mês anterior. A alimentação fora do domicílio acelerou de uma alta de 0,13% em maio para um avanço de 0,26% em junho. O lanche saiu de elevação de 0,64% em maio para aumento de 0,82% em junho.
Transportes
A queda nos preços das passagens aéreas diminuiu o gasto das famílias com transportes em junho. O grupo passou de um recuo de 3,15% em maio para uma redução de 0,71% este mês, dentro do IPCA-15, e deu a maior contribuição negativa para a taxa de 0,02% do IPCA-15 de junho, o equivalente a -0,14 ponto.
As passagens aéreas caíram 26,08%. Os preços dos combustíveis recuaram 0,34% em junho, uma contribuição de -0,02 ponto percentual para a inflação no quarto mês consecutivo de quedas. A gasolina encolheu 0,17%, após já ter diminuído 8,51% em maio. O óleo diesel ficou 4,39% mais barato em junho, enquanto o etanol teve redução de 0,49%. O gás veicular teve uma alta de 0,84%.
Habitação
Os gastos das famílias brasileiras com habitação passaram de um recuo de 0,27% em maio para uma redução de 0,07% em junho. O grupo deu uma contribuição negativa de 0,01 ponto para a inflação de 0,02% deste mês. A energia elétrica ficou 0,48% mais barata, um impacto de -0,02 ponto percentual. O IBGE lembra que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou em 26 de maio que manterá em vigor a bandeira tarifária verde – em que não há cobrança adicional na conta de luz – até o fim de 2020.
Meta de inflação
O Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou em 3,25% a meta de inflação a ser perseguida pelo Banco Central em 2023. Em reunião ordinária na tarde desta quinta-feira, também definiu uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para o cumprimento da meta. Na prática, isso significa que a inflação de 2023 deverá ficar entre 1,75% e 4,75%.
O Banco Central dá continuidade a um processo iniciado em 2017, no qual o CMN vem reduzindo a cada ano, em 0,25 ponto percentual, a meta de inflação no Brasil. Na época, o conselho havia anunciado metas de 4,5% para 2018 e 4,25% para 2019. Na sequência, foi estabelecida meta de 4% para 2020. Em todos os casos, a margem de tolerância era de 1,5 ponto porcentual. Para os anos de 2021 e 2022, as metas são de 3,75% e 3,50%, respectivamente.