O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação oficial, ficou em 0,02% em março deste ano, o menor resultado para o mês desde o início do Plano Real (1994). Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa é inferior ao 0,54% observado no mesmo período de 2019 e também ao 0,22% de fevereiro deste ano.
Com o resultado da prévia de março, o IPCA-15 acumula taxas de 0,95% no ano e de 3,67% em doze meses – era de 4,21% no período anterior e está dentro da meta de 4% perseguida pelo Banco Central este ano. Fechou o ano passado em 4,31%, acima do teto de 4,25%. Quatro dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram deflação em março, segundo o IBGE. As quedas ocorreram em habitação (-0,28%), artigos de residência (-0,05%), vestuário (-0,22%) e transportes (-0,80%).
Por outro lado, houve aumentos em alimentação e bebidas (0,35%), saúde e cuidados pessoais (0,84%), educação (0,61%), comunicação (0,33%) e despesas pessoais (0,03%). O gasto das famílias com transportes recuou 0,80% em março, após uma alta de 0,20% em fevereiro. O grupo deu a maior contribuição negativa para a taxa de 0,02% do IPCA-15, o equivalente a -0,17 ponto percentual.
O destaque foi a redução de 16,88% nos custos das passagens aéreas, o terceiro mês consecutivo de queda de preços. Em janeiro, as tarifas aéreas já tinham recuado 6,45%, seguido de nova queda de 6,68% em fevereiro. Os combustíveis recuaram 1,19% no mês de março. Houve queda de 1,18% na gasolina e redução de 1,06% no etanol. O óleo diesel ficou 1,95% mais barato, enquanto o gás veicular diminuiu 0,89%.
Os gastos das famílias brasileiras com habitação diminuíram 0,28% em março e o grupo deu uma contribuição negativa de 0,04 ponto para a inflação do mês. A queda foi puxada pela energia elétrica, que recuou 1,30%. Em março, permanece em vigor a bandeira tarifária verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz.
As famílias voltaram a gastar mais com alimentação e bebidas em março. O grupo passou de uma queda de 0,10% em fevereiro para um avanço de 0,35% neste mês, uma contribuição de 0,07 ponto no IPCA-15. O custo da refeição no domicílio saiu de queda de 0,32% em fevereiro para avanço de 0,49% em março.
As famílias pagaram mais este mês pela cenoura (23,92%), ovo de galinha (5,10%), tomate (4,93%) e leite longa vida (1,37%). Na direção oposta, as carnes ficaram 1,81% mais baratas, mas a queda foi menos intensa do que a de fevereiro (-5,04%). A alimentação fora do domicílio subiu 0,03% em março. O preço do lanche fora de casa teve alta de 0,39%, enquanto a refeição recuou 0,08%.
Os gastos das famílias com saúde e cuidados pessoais subiram 0,84%, grupo de maior pressão sobre a inflação, com contribuição de 0,11 ponto percentual para a o IPCA-15 deste mês. Os itens de higiene pessoal ficaram 2,36% mais caros, uma contribuição de 0,09 ponto. Os perfumes aumentaram 5,10%, enquanto os produtos para pele subiram 4,37%. O plano de saúde aumentou 0,60%, com impacto de 0,02 ponto percentual.