O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 – prévia da inflação oficial no país – desacelerou a 0,04% em junho, depois de cair 0,51% em maio, ante alta de 0,57% em abril. Fechou março em 0,69%, após avanço de 0,76% em fevereiro e aumento de 0,55% em janeiro. No mesmo mês do ano passado, o IPCA-15 tinha subido 0,69%.
A alta de 0,04% é a mais branda desde setembro de 2022, quando houve queda de 0,37%. Considerando apenas meses de junho, o resultado mensal foi o mais baixo desde 2020, quando houve elevação de 0,02%. Os dados foram divulgados na manhã desta terça-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com o resultado de junho, a prévia da inflação oficial acumula variação de 3,16% no primeiro semestre do ano, ante 3,12% até maio e 2,59% até abril. Em doze meses, a taxa acumulada caiu de 4,07% até o quinto mês do ano para 3,40% até junho, ante 4,16% até abril. Desceu ao menor patamar desde setembro de 2020, quando era de 2,65%.
Completou 13 meses seguidos de redução. Três dos nove grupos de produtos e serviços que integram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 registraram quedas de preços em junho. Os recuos ocorreram em Transportes (-0,55%, impacto de -0,11 ponto percentual), Alimentação e Bebidas (-0,51% e impacto de -0,11 ponto) e Artigos de residência (-0,01%, sem impacto).
Os grupos com aumentos foram Vestuário (0,79%, impacto de 0,04 p.p.), Habitação (0,96%, impacto de 0,14 p.p.), Educação (0,04%, sem impacto), Despesas Pessoais (0,52%, impacto de 0,05 p.p.), Saúde e Cuidados Pessoais (0,19%, impacto de 0,02 p.p.) e Comunicação (0,11%, impacto de 0,01 p.p.).
Habitação
Os gastos das famílias brasileiras com Habitação passaram de uma alta de 0,43% em maio para uma elevação de 0,96% em junho, uma contribuição positiva de 0,14 ponto percentual para o IPCA-15 deste mês. O destaque no grupo foi a taxa de água e esgoto, que subiu 3,64%, impacto de 0,06 ponto. A energia elétrica residencial aumentou 1,45%, choque de 0,06 ponto percentual. O gás encanado caiu 0,33%.
Transportes
Os preços do grupo Transportes caíram 0,55% em junho, após queda de 0,04% em maio. O segmento deu uma contribuição negativa de 0,11 ponto porcentual para o IPCA-15. Os preços de combustíveis tiveram queda de 3,75% em junho, após avanço de 0,12% no mês anterior.
A gasolina caiu 3,40%, após ter registrado queda de 0,21% em maio, enquanto o etanol recuou 4,89% nesta leitura, após alta de 3,62% na última. A alta de 10,70% nos preços das passagens aéreas impediu uma redução mais acentuada nos gastos das famílias com transportes em junho.
Foi o item de maior impacto positivo, 0,06 ponto percentual de contribuição para a inflação de junho, ao lado da taxa de água e esgoto (alta de 3,64% e impacto de 0,06 p.p.) e da energia elétrica residencial (aumento de 1,45% e contribuição de 0,06 p.p.).
Alimentação
Um novo recuo no preço das carnes ajudou a baratear a despesa das famílias com alimentação em junho. O grupo Alimentação e bebidas passou de uma alta de 0,94% em maio para uma redução de 0,51% em junho. O segmento deu uma contribuição negativa de 0,11 ponto percentual para a taxa geral de 0,04% do IPCA-15 deste mês. A alimentação no domicílio recuou 0,81% em junho, após ter ficado 1,02% mais cara em maio.
Neste mês, as famílias pagaram menos pelo óleo de soja (-8,95%), frutas (-4,39%), leite longa vida (-1,44%) e carnes (-1,13%). As carnes já acumulam um recuo de preços de 4,56% no ano. Por outro lado, houve altas no ovo de galinha (2,04%) e no pão francês (0,72%). A alimentação fora do domicílio subiu 0,29% em junho, ante alta de 0,73% em maio. O lanche aumentou 0,34%, e a refeição fora de casa teve elevação de 0,28%.
Despesas pessoais
Os gastos das famílias brasileiras com Despesas pessoais passaram de uma elevação de 0,40% em maio para uma alta de 0,52% em junho, contribuição positiva de 0,05 ponto percentual. A maior pressão partiu do aumento de 6,19% nos jogos de azar, após reajuste médio de 15,00% no valor das apostas a partir de 30 de abril. Houve influência também dos aumentos em cinema, teatro e concertos (1,29%) e no pacote turístico (1,07%) em junho.
Saúde
Os gastos das famílias brasileiras com Saúde e cuidados pessoais passaram de uma elevação de 1,49% em maio para uma alta de 0,19% em junho, contribuição positiva de 0,02 ponto percentual. A maior pressão partiu do aumento nos planos de saúde (0,38%), decorrente do reajuste de até 9,63% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 13 de junho, com vigência a partir de maio de 2023 e cujo ciclo se encerra em abril de 2024.
A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – indexador oficial de preços no país – fechou maio em alta de 0,23%, ante 0,61% de abril. A taxa em doze meses está em 3,94% e, em cinco meses deste ano, é de 2,95%, de acordo com o IBGE.
A meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central é de 3,25%, que tem teto de tolerância de 4,75%. O IPCA fechou 2022 em 5,79% e, pelo segundo ano seguido, ficou acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).