Desde o dia 28 de agosto de 2020, a família do adolescente Wesley Pires Alves Filho, de 14 anos, está à sua procura. Neste mês de junho completará dez meses que o garoto saiu da casa onde morava com os pais e as duas irmãs, em Franca, na região de Ribeirão Preto, para ir até um varejão da cidade.
Durante as investigações, a Polícia Civil de Franca chegou a traçar um perfil psicológico do adolescente, assim como realizar uma perícia em seu telefone celular. Contudo, não foi encontrado nenhum tipo de conversa que remetesse a uma fuga.
A polícia e a família já realizaram buscas em diferentes cidades e estados, como Rio de Janeiro e Minas Gerais. Ainda neste ano, a família de Wesley fez uma rifa de um Volkswagen Gol para arrecadar fundos e conseguir realizar buscas em sítios, fazendas, em cidades pequenas e até em vilarejos de Minas Gerais.
Naquela época, nossa reportagem entrou em contato com Wesley Pires Alves, pai do adolescente, que disse que ainda acreditava na localização do filho e se questionava do motivo para ele ainda não ter retornado para família.
“Mas por que ele ainda não voltou? Medo. O medo de ter feito o que fez. Eu na idade dele também não voltaria. Não sabemos também se ele está com uma pessoa por vontade própria”, comentou.
Na última quinta-feira, 10 de junho, o jornal Tribuna entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) que, por meio de nota, informou que o caso segue sendo investigado pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Franca.
Foi informado também que familiares de Wesley foram ouvidos e as buscas para localizar o adolescente e esclarecer os fatos ainda estão em andamento.
No entanto, ressaltou que mais detalhes não poderiam ser fornecidos para não interferir no andamento da investigação. “A autoridade policial está à disposição dos familiares para esclarecer os questionamentos pertinentes”, finalizou em nota.
Quem possuir qualquer informação sobre a localização de Wesley, os telefones para contato são (16) 99316- 9255, assim como o 190 da Polícia Militar e o 181 do Disque Denúncia.
Desaparecimento no Brasil
Segundo dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2020, o Brasil registrou pouco mais de 79 mil pessoas desaparecidas no ano anterior. Sendo que destas, 39 mil foram posteriormente localizadas. Somente no Estado de São Paulo, o número absoluto de desaparecidos naquele ano foi de 21.745, sendo localizadas quase 10 mil.
No dia 10 de fevereiro, o Diário Oficial da União trouxe publicado o decreto que regulamenta a Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas. A política define as atribuições dos órgãos federais e cria um comitê gestor.
A Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), coordenará as ações de cooperação operacional entre órgãos de segurança e autoridades estaduais. A pasta também vai consolidar informações em nível nacional, elaborar o relatório anual de estatísticas sobre pessoas desaparecidas e gerenciar o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas.
A reformulação desse cadastro foi uma das principais mudanças trazidas pela Lei 13.812, aprovada em 2019, que instituiu a Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas. A ideia é que o banco de dados tenha informações públicas, disponíveis para o público em geral, e informações sigilosas, que deverão ser compartilhadas apenas por forças de segurança e órgãos públicos envolvidos na política.