Em 1925, uma mulher com apenas 25 anos descobre a composição das estrelas, ou seja, do que elas são feitas. O que parece uma história de ficção, saída de um livro, nada mais é do que a vida real da astrônoma e cientista Cecilia Payne-Gaposchkin (1900-1979), que nasceu na Inglaterra e se tornou conhecida por ter descoberto do que são feitas as estrelas. Esta é a trama do espetáculo infantil Do que são feitas as estrelas?, que estreia em Sertãozinho, de 16 a 18 de agosto, no Teatro Municipal Profa. Olympia Faria de Aguiar Adami.
A montagem, idealizada pela atriz Luiza Moreira Salles com dramaturgia de Sofia Fransoli, tem direção de Kiko Marques (recentemente eleito melhor diretor pela Associação Paulista de Críticos de Arte, na categoria Teatro Infanto-juvenil).
Em Sertãozinho, a atriz Luiza Moreira Salles irá também ministrar a oficina Minha Capa Intergaláctica, aberta a crianças de 8 a 12 anos e para toda a família, no dia 17 de agosto, no mesmo local das apresentações.
O projeto, contemplado no edital ProAC Direto 37;2021, do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, prevê, ainda, exibições nos municípios de Rio Preto, Votuporanga, Americana, Santa Bárbara d’Oeste e Pirassununga.
Exploradora cósmica
Em Do que são feitas as estrelas?, a vida de Cecília Payne se transforma em uma aventura intergaláctica onde a Guerreira Ceci, uma menina encafifada com o universo dos porquês, deverá enfrentar intrigas e batalhas, trapaças e chantagens, tempestades e brigas com seres intergalácticos para se tornar uma exploradora cósmica e derrotar a ideia de que mulheres são inferiores. A narrativa acompanha o crescimento de Ceci até se tornar uma das astrônomas mais importantes da história.
Idealizado pela atriz Luiza Moreira Salles, que divide a cena com os atores Carolina Fabri e Diego Chilio, o espetáculo mescla uma história real com uma aventura espacial para contar de forma lúdica a importância da curiosidade, além de enfrentar, com poesia, a ideia antiga de que “tem coisa que não é para menina” incentivando garotas (e garotos) a serem quem são (autênticos) e seguirem seus sonhos.
“Do que são feitas as estrelas? nasceu do desejo de contar a história de vida da Cecilia Payne-Gaposchkin, que teve uma trajetória inspiradora, na qual enfrentou diversos desafios por ser mulher na comunidade acadêmica e científica, em uma época na qual as mulheres não recebiam diploma e não eram incentivadas a estudar e construir uma carreira relevante. E, apesar de Cecília ter realizado grandes descobertas para o avanço da astrofísica, não recebeu seu devido reconhecimento. Ouve-se muito falar sobre Darwin, Newton e Einstein nas escolas, mas não aprendemos sobre Cecilia Payne”, conta Luiza Moreira Salles.
Movimento da órbita
Após descobrir a composição das estrelas, Cecilia Payne apresentou sua tese para o seu orientador que a convenceu de que sua conclusão estava errada. No entanto, quatro anos depois, ele reconsiderou seu posicionamento e escreveu sua própria tese utilizando o método da astrônoma e cientista e só deu crédito a ela nas últimas páginas, sem dizer que havia anteriormente rejeitado sua teoria, ocultando que a descoberta da composição das estrelas era originalmente de Cecilia Payne.
Para contar essa história de muitos desafios, Do que são feitas as estrelas? traz à cena uma série de projeções artesanais com a utilização de um retroprojetor. Para transmitir a sensação dos movimentos das estrelas e do passar do tempo, o cenário é composto por um travelling, que simula o movimento da órbita, equipamento que parece um carrinho montado sobre trilhos muito utilizado no cinema e em filmagens.
Segundo o diretor Kiko Marques, umas das ideias básicas e primordiais para a concepção do espetáculo foi trabalhar com dois planos narrativos: a história real e a aventura intergaláctica de uma guerreira espacial.
Como se se misturassem o fato histórico e uma história contada às crianças antes de dormir, com o intuito de, ao mesmo tempo adormecê-las e acordá-las para o mundo que as espera e para o qual estão se preparando para transformar. “Esses planos foram realçados e aprofundados pela encenação criando ao mesmo tempo duas histórias paralelas e uma única”, revela.
Um dos objetivos da encenação também é o de abrir o diálogo entre os pais e mães e seus filhos e filhas. “Pensamos em um espetáculo que evidenciasse o aspecto transitório da vida, em detrimento da ideia de sedimentação e de materialidade. Queremos que todos os espectadores saiam do teatro vendo um universo que se move, gira e se projeta, sempre em movimento, sempre em transformação”, explica o diretor.
Trajetória
A peça Do que são feitas as estrelas? estreou em agosto de 2022, no Sesc Belenzinho, em São Paulo. Contemplada pelo 12º Prêmio Zé Renato de Teatro realizou, além das oito apresentações no SESC Belenzinho, também, uma circulação, com 12 apresentações pelos CEUs da cidade de São Paulo, totalizando 20 apresentações. A peça recebeu o Prêmio APCA de Melhor Direção e o Prêmio “Pecinha é a Vovozinha” (Dib Carneiro) de Melhor Direção. E, também, recebeu seis indicações pelo crítico Dib Carneiro, para o Prêmio “Pecinha é a Vovozinha”: Melhor Espetáculo, Melhor Dramaturgia (Sofia Fransolin), Melhor Atriz (Luiza Moreira Salles), Melhor Ator (Diego Chilio), Melhor Cenário (Zé Valdir). Em 2023, realizou apresentações no SESC Jundiaí, SESC Campinas, SESC Araraquara e SESC Santo André.
Ficha técnica
Concepção: Luiza Moreira Salles
Direção: Kiko Marques
Elenco: Carolina Fabri, Diego Chilio e Luiza Moreira Salles
Dramaturgia: Sofia Fransolin
Direção de movimento: Bruna Longo
Cenário: Zé Valdir
Trilha Sonora: Ernani Sanchez
Figurino e visagismo: Victor Paula
Retroprojeção: Diego Chilio, Kiko Marques, Luiza Moreira Salles e Criss de Paulo (ilustração)
Iluminação: Danielle Meireles
Operação de luz: Rafael Araújo
Operação de som: Ernani Sanchez
Contrarregra: Eduardo Portella
Voz da criança: Iná Belintani Chilio
Produção executiva: Natália Sá (Aflorar Cultura)
Coordenação de produção: Cynthia Margareth (Aflorar Cultura)
Serviço
Espetáculo: “Do Que São Feitas as Estrelas?
Quando: 16 de agosto de 2023 (quarta), às 19h; 17 de agosto (quinta), às 16h e 19h; 18 de agosto (sexta), às 10h.
Onde: Teatro Municipal Profa. Olympia Faria de Aguiar Adami (Rua Washington Luiz, 1.131 – Centro, Sertãozinho/SP).
Gratuito.
Oficina: “Minha capa intergaláctica”, com Luiza Moreira Salles.
17 de agosto de 2023 (quinta), às 17h30 e às18h30.
Onde: Teatro Municipal Profa. Olympia Faria de Aguiar Adami (Rua Washington Luiz, 1.131 – Centro, Sertãozinho/SP).
Não há necessidade de inscrição prévia.
Gratuito.