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Prefeitura retira ‘projeto do Uber’

ALFREDO RISK

A prefeitura de Ribeirão Preto retirou da pauta de vota­ções da Câmara desta terça-fei­ra, 3 de julho, o projeto de lei nº 118/2018, enviado ao Legislativo pelo prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) e que regulamen­ta o transporte por aplicativo na cidade – o popular “projeto do Uber”. A decisão foi anunciada horas antes da sessão e atendeu a uma reivindicação dos vere­adores. Motoristas de appsnão ficaram satisfeitos com as regras previstas nas 17 páginas do do­cumento,mas os taxistas lotaram o plenário para cobrar a aprova­ção da proposta.

Segundo a administração municipal, não houve consen­so para votação do projeto e, a pedido do Legislativo, em acor­do com o Executivo, o projeto será discutido após o recesso da Câmara, que começa na se­gunda quinzena de julho – a primeira sessão será no início de agosto. A discussão deverá incluir uma audiência pública com a participação de motoris­tas de aplicativos como Uber, 99Pop, WillGo, Cabify e 99Táxi e taxistas e cooperativas, além da sociedade civil.

Para o motorista doUber Mateus Aleixo, a retirada do projeto foi uma vitória d| a cate­goria, pois agora será possível a mobilização de todos interessa­dos e a elaboração de um projeto de lei que, segundo ele, seja justo. Eles questionam o curso de qua­lificação. De acordo com Aleixo, quando o motorista tem que mudar a classificação da Car­teira Nacional de Habilitação (CNH) a categoria Atividade Remunerada (AR) já é obriga­do a passar por reciclagem. Para trabalhar com os aplicativos o motorista precisará ter CNH desta categoria.
Ele também questiona as cobranças de taxas previstas no projeto de lei. “È preciso que a prefeitura, antes de elaborar o projeto de lei, discuta com os ta­xistas e motoristas de aplicativos para que todos possam ser be­neficiados”, conclui o condutor, para quem os taxistas e motoris­tas por aplicativos podem traba­lhar em harmonia.

A proposta teriade ser vo­tada nesta terça-feira porque o prazo de 45 dias estabelecido pelo artigo 42 da Lei Orgânica do Município, para que o proje­to fosse levado ao plenário, expi­rou no domingo (1º). A prefeitu­ra solicitou no encaminhamento do projeto que o Legislativo obe­deça a LOM. Isso significa que se não fosse votado a pauta seria trancada. Apenas o Executivo poderia requisitar a retirada do projeto, como aconteceu.

A proposta “que disciplina o transporte individual privado remunerado por plataformas digitais em Ribeirão Preto” já gerou muita polêmica. Os tra­balhadores dos appsafirmam que o novo projeto de lei inibe o exercício da atividade, além de gerar custos que deverão ser repassados para os usuários do serviço. Já os taxistas pedem ra­pidez na aprovação do projeto, pois, segundo eles, atualmente enfrentam uma concorrên­cia desleal. Querem a limita­ção no número de motoristas autorizados a trabalhar pelos aplicativos. Para eles, o ideal seria a Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto (Transerp) conceder mil autorizações, no máximo.

A primeira tentativa de regulamentação do transpor­te por aplicativo, por meio de decreto assinado pelo prefei­to – com base em estudos da Transerp –,foi vetada pelo Le­gislativo em 6 de março. Os vereadores alegaram que o Congresso Nacional e o gover­no federal não haviam regula­mentado o serviço. No dia 27 de março, porém, o presidente Michel Temer sancionou a lei nº 13.640 que regulamenta o transporte privado de passagei­ros por aplicativos.

Atuam em ribeirão Preto cerca de 1.500 pessoas ligadas ao aplicativo Uber, quase quatro ve­zes o número estimado de taxis­tas (800) – a Transerp tem 384 concessões, mas a quantidade de trabalhadores é maior porque eles se revezam em turnos com o mesmo carro. As principais queixas dos motoristas de apli­cativos em relação ao projeto da prefeitura são a cobrança de taxa de 1% a 2% por corrida e a exigência de o veículo estar no nome do condutor.

Muita gente usa o carro de parentes ou até alugam auto­móveis para trabalhar. Alguns artigos das duas propostas são semelhantes. No novo projeto, também serão obrigatórios ve­ículos com capacidade de até quatro passageiros, excluído o condutor, desde que possua, no máximo, oito anos de fabrica­ção e seja licenciado em Ribei­rão Preto, além de devidamente identificado com o nome da provedora a que estiver vin­culado, exposto no para-brisa dianteiro de veículo quando da prestação do serviço.

Confusão antes da sessão da Câmara

Fabiano Guimarães explicou que sobrevivência do setor depende de investimento em tecnologia ( FOTO: ALFREDO RISK )

Nesta terça-feira (3), no início da sessão da Câmara, houve tumulto no plenário por causa de um desentendimento entre o vereador Fabiano Gui­marães (DEM) e dezenas de taxistas que acompa­nharam a sessão para cobrar a votação do projeto de lei que regulamenta o transporte por aplicativos na cidade.Segundo os taxistas, o vereador teria ofendido a categoria ao afirmar de forma pejorativa que “os taxistas estarão no extinto em dois anos”. Após a declaração, os motoristas de táxi passaram a gritar palavras de ordem contra o parlamentar, que deixou o plenário.Procurado pelo Tribuna, Fabiano Guimarães explicou que, na verdade, quis dizer o seguinte: “Se o mercado de táxis não buscar inovações tecnológicas e continuar como está, será extinto”. Ele afirmou também que o governo precisa criar desonerações para o setor.

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