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Prefeitura desiste de fechar UBDS Central

Após meses de uma polê­mica que mobilizou boa parte da opinião pública, a prefeitura de Ribeirão Preto, pela primei­ra vez, reconhece publicamente que não terá condições de seguir com a proposta de fechar a Uni­dade Básica Distrital de Saúde Doutor João Baptista Quartin, na avenida Jerônimo Gonçal­ves, para que o governo estadual instale no prédio um Ambula­tório Médico de Especialidades (AME) Mais Regional.

A informação de que a Secre­taria Municipal da Saúde (SMS) estudava um projeto para desa­tivar a UBDS Central e ceder o prédio ao Estado foi dada com exclusividade pelo jornal Tribu­na em 24 de maio. Em princípio, a pasta negou. Dias depois, com alarde, o prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) e o secretário San­dro Scarpelini apresentaram, no Palácio Rio Branco, o esboço da proposta. Várias entidades foram contra a cessão da unidade.

Agora, a administração muni­cipal reconhece que não terá como levar adiante o projeto e culpa o “corporativismo” de alguns seg­mentos pelo fracasso da iniciativa. “Na verdade, houve um ruído de comunicação, onde o corporati­vismo de alguns setores se impôs de tal forma que a proposta não chegou a ter um debate onde as colocações pudessem ser feitas de forma clara”, diz o prefeito Du­arte Nogueira. Segundo ele, esse corporativismo impediu que “se debatesse também os direitos da população em receber um atendi­mento especializado eficaz”.

Nogueira reconhece que não há mais condições de seguir com o projeto. “Infelizmente, a polêmica inviabilizou a utilização daquele local. E não há outro nas mesmas condições para que a gente possa reformar e instalar o AME, que já poderia estar prestes a funcionar”. Segundo ele, a outra alternativa é construir o ambulatório “do zero”. “Esperamos a confirmação do go­verno estadual para encaminhar a construção, já que caberá a ele a parte de equipamentos e recur­sos humanos. Também estamos cobrando a construção do AME do Idoso e já trabalhamos pela implantação do AME Mulher nas proximidades da maternidade Mater”, informa Nogueira.

Representantes do Movi­mento Contra o Fechamento da UBDS Central, frente que reúne mais de 20 entidades entre sin­dicatos de médicos e servidores, associações de classe e de bair­ros, partidos políticos e afins, en­tregaram no Protocolo Geral da prefeitura de Ribeirão Preto um abaixo-assinado com mais de 13 mil subscrições contra a cessão do prédio. A Câmara também emitiu comunicado oficial em que se manifestou contrária ao projeto. Uma Comissão Especial de Estudos (CEE) concluiu que a mudança é inviável e poderia prejudicar a população.

O governo também está preo­cupado porque cidades da região – como Sertãozinho e Batatais – também já se movimentam para levar o AME. Elas também reivin­dicam a instalação do ambulató­rio e já estão se mobilizando para convencer o governo de São Paulo, que vai injetar R$ 20 milhões por ano na unidade. O AME atenderá 25 especialidades médicas, com a previsão de fazer oito mil consultas médicas e três mil consultas não médicas (dentistas, atendimento em enfermagem, entre outros) por mês, 200 cirurgias ambulatoriais mensais e realizar mais de 22 mil exames a cada 30 dias.

A construção de um novo prédio, “do zero”, deve exigir cer­ca de três anos para ficar pronto, segundo já declarou Scarpelini. A prefeitura desistiu de tentar encontrar um prédio já pron­to, alternativo à UBDS Central. Todas as opções apresentadas à administração pela CEE da Câ­mara foram descartadas. O se­cretário da Saúde já deixou claro que, tecnicamente, o prédio do Pronto-Socorro Central seria o único adequado para receber um AME em curto prazo.

Outras alternativas apresen­tadas pelos vereadores não são viáveis. Segundo ele, o Núcleo de Gestão Assistencial (NGA), na rua Minas, nos Campos Elíseos, é uma construção antiga, antes da vigência das normas atuais de acessibilidade – no local não existe sequer uma rampa, mas apenas escadarias.

Já a opção pela Unidade Básica de Saúde (UBS) do Castelo Bran­co tem uma série de empecilhos, como a impossibilidade de desa­tivar o posto, focado na atenção básica de toda uma região da ci­dade – e mesmo a rede de energia elétrica disponível não comporta as necessidades de um AME. Quando ao prédio do Lar Santana, Scarpelini lembra que a constru­ção tem décadas e a reforma seria dispendiosa a ponto de ser inviá­vel – o AME teria equipamentos muito pesados, inviáveis de serem montados num prédio que tem até porão, de tão antigo.

Ou seja, a Prefeitura trabalha agora com apenas duas hipóteses – conseguir aprovar na Câmara a cessão da UBDS ou construir um prédio novo, “do zero”, com pra­zo estimado três anos (definição do terreno, elaboração do projeto executivo, lançamento da licita­ção, prazo de construção etc). Para a nova edificação terrenos não faltam – e o mais indicado é um localizado ao lado do Hospital Es­tadual, na avenida Independência, nas imediações do conjunto João Rossi, área essa que está reservada para o AME.

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