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Prefeitura de Ribeirão pode ‘desenterrar’ cápsula centenária

A revelação feita com exclusi­vidade no sábado passado, 10 de março, pelo jornal Tribuna, de que uma “cápsula do tempo” pode es­tar enterrada há mais de um sécu­lo a poucos metros do Palácio Rio Branco, sede da prefeitura de Ri­beirão Preto, levou a administração a anunciar providências para tentar localizar o material que teria sido colocado no local em 1913.

A história da “cápsula do tem­po” começou em maio de 1912, quando a Câmara, então em sua 13ª legislatura, aprovou a insta­lação do primeiro monumento em praça da cidade. O mandato durou de 1911 a 1914 e teve dez vere­adores. Antes da separação dos poderes Legislativo e Executivo, o prefeito era também vereador, es­colhido pelos seus pares.

Naquele ano, o prefeito era Joa­quim Macedo Bittencourt, que tinha na Câmara a companhia do coronel Manuel Maximiano Junqueira, João Alves Meira Junior, major Augus­to Junqueira, major José de Castro, coronel José Martimiano da Silva, tenente-coronel Saturnino Correa de Carvalho, coronel Francisco Sch­midt (o “rei do Café”), João Pedro da Veiga Miranda (que anos seguintes seria o primeiro e até hoje único civil a ocupar o Ministério da Marinha) e Renato Jardim. Nenhum deles era militar de carreira, os títulos eram apenas honoríficos.

Aprovada a instalação de uma herma (escultura de um busto feito sem os braços) do Barão do Rio Branco, figura proe­minente da diplomacia brasileira no início do século passado, o monu­mento foi encomendado ao Lyceu de Artes e Officios de São Paulo. Confeccionada em bronze, a herma ficou pronta um ano depois. A sole­nidade de inauguração foi marcada para 28 de setembro de 1913.

Quatro dias antes, segundo o memorialista Rubem Cione, ocorreu o ato de colocação da pedra funda­mental, quando foi depositada uma caixa na base do monumento com jornais da época, auto lavrado e as­sinado pelo então prefeito Macedo Bittencourt e demais autoridades, além de moedas correntes do país.

Desde então não houve notícias de que a “cápsula do tempo” tenha sido recuperada, o que indica que ela pode continuar enterrada debai­xo da pedra fundamental – prova­velmente uma das peças de granito que servem de base para o pedestal que sustenta a herma do Barão do Rio Branco.

A pedido do Tribuna, a Coorde­nadoria de Comunicação Social da prefeitura encaminhou nota expli­cando que vai investigar se a cápsu­la do tempo encontra-se no local e qual a melhor forma de recuperá-la sem colocar em risco o monumento ao Barão do Rio Branco.

Detalhe: em junho do ano pas­sado, na cerimônia que comemorou os centenário de inauguração do Palácio Rio Branco, o prefeito Du­arte Nogueira Júnior (PSDB) coman­dou a colocação de uma “cápsula do tempo”, enterrada no jardim da pra­ça a menos de dois metros de onde pode estar enterrada, há 105 anos, outra cápsula do tempo.

A íntegra da nota da CCS é a seguinte: “A prefeitura buscará es­tudos para verificar a existência da cápsula, assim como a possibilida­de de retirá-la do local por método não destrutivo, para não colocar em risco o monumento histórico representado pela herma do Barão do Rio Branco. Também consultará técnicos no assunto de forma a, se for o caso, preservar o material ali eventualmente depositado, para que não se deteriore e possa ser conhecido pela população após seu depósito há 105 anos”.

 

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