No momento em que municípios da região registram índices alarmantes de casos de dengue, como Araraquara e Franca, e óbitos provocados pela doença, como São Joaquim da Barra (quatro) e Guaíra (um), a prefeitura de Ribeirão Preto fortalece as ações de combate ao Aedes aegypti – mosquito transmissor da doença, do zika vírus, da febre chikungunya e da amarela na área urbana. Nesta sexta-feira, 8 de fevereiro, o prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) deu início a uma campanha de conscientização junto a imobiliárias para sensibilizar os proprietários de imóveis desocupados quanto à necessidade de vistoria desses espaços.
“Nossa população já sofreu epidemias sucessivas de dengue e é imperativo que todos nós façamos nossa parte”, diz o prefeito. Atualmente, em Ribeirão Preto, é expressivo o número de imóveis desocupados em todas as regiões, o que tem dificultado e comprometido as ações de controle da dengue. “Os imóveis fechados não são vistoriados pelas equipes de agentes de combate a endemias e, sem a vistoria, a quebra da cadeia de transmissão da doença fica comprometida”, complementa Nogueira.
O Aedes aegypti se desenvolve em locais com água parada, quer no ambiente externo ou interno, nos mais diferentes tipos de recipientes, originando grande número de focos – uma fêmea pode dar origem a 1,5 mil mosquitos durante seu ciclo de vida. Além disso, a dispersão dos vetores em busca de alimentos pode atingir um raio de até 400 metros (com a ajuda do vento pode ir mais longe), originando inúmeros outros focos na redondeza. “Por esta razão, é fundamental que os proprietários dos imóveis desocupados sejam orientados a executar medidas de controle e eliminação de criadouros”, conclui o chefe do Executivo.
Ribeirão Preto não enfrenta epidemia de dengue há dois anos, desde 2016, quando 35.043 pessoas foram vítimas do Aedes aegypti, mas os números constatados em apenas 26 dias de 2019 preocupam as autoridades, principalmente porque um novo sorotipo, o vírus tipo 2, ainda mais forte, já circula no município. Além disso, o número de pessoas com a doença em Ribeirão Preto aumentou 15,5% em janeiro, em comparação com o mesmo mês do ano passado, saltando de 45 para 52, sete a mais – em 2017 foram apenas 16 ocorrências no período. Em 2016, ano da última epidemia, a cidade contabilizou 9.346 vítimas do Aedes aegpyti. Dentre os casos deste ano, um terço é de dengue tipo 2.
A prefeitura pede à população para que adote medidas preventivas em suas residências, a fim de evitar possíveis focos de criadouros do mosquito nas residências – evitar água parada é a melhor ação contra o vetor. Ribeirão Preto terminou 2018 com 246 os casos de dengue, número exatamente igual ao do período anterior. A quantidade de vítimas do Aedes aegypti nos dois períodos está entre as mais baixas registradas nos últimos doze anos. O segundo menor registro de casos foi em 2012, com 317 casos. Em 2014 foram 398 registros. Nos demais oito anos os casos confirmados foram superiores a mil, em alguns deles passando de dez mil registros, como em 2016 (de 35.043 casos), 2010 (de 29.637), 2011 (de 23.384) e 2013 (de 13.179).
A Secretaria Municipal da Saúde pede à população para não relaxar, evite água parada e elimine os criadouros do vetor, principalmente agora, quando começa a época das chuvas. Em 2018 foram 45 casos em janeiro, 37 em fevereiro, 28 em março, 42 em abril, 35 em maio, 17 em junho, onze em julho, cinco em agosto, um em setembro, seis em outubro, quatro em novembro e 15 em dezembro. Das 246 pessoas picadas pelo Aedes aegypti, 81 moram na Zona Leste, mais 64 na Oeste, 49 na Norte, 35 na Sul e 17 na Central.
O total de casos de 2018 é 99,3% inferior do que os 35.043 de 2016, 34.797 a menos. A cidade também fechou 2018 com 1.492 notificações sob investigação. Segundo o mais recente Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa), o índice de infestação predial (IIP), que mede a quantidade de criadouros do Aedes aegypti em Ribeirão Preto é de 2,7%, e a cidade está em alerta contra o vetor. Significa que a cada 100 imóveis, quase três têm focos do inseto. No levantamento de junho a situação era bem pior e o município estava no grupo de risco, com IIP de 5,3%. Fechou 2017 em alerta. Na época, o índice estava em 1,3% – inferior ao de 2016, de 1,6%.