A Secretaria Municipal de Administração está analisando a documentação e a capacidade técnica da Construtora Increbase, segunda colocada na concorrência eletrônica lançada pela prefeitura de Ribeirão Preto para escolher a responsável pelas obras de restauração do Palácio Rio Branco – em 26 de maio vai completar 107 anos.
A licitação foi aberta em 18 de abril, mas a primeira colocada, a Construtora Dois Irmãos Importadora e Serviços Ltda., que ofereceu o menor preço – R$ 6.500.000 –, foi inabilitada após análise da documentação. Dezenove empresas se inscreveram no certame e algumas impetraram recursos contra a decisão da Comissão de Licitação.
Os recursos estão sendo analisados e o prazo final para a conclusão é de seis dias úteis, contados desta quarta-feira (24). A Construtora Increbase diz que fará o serviço por R$ 6.548.330, valor 20% inferior aos R$ 8.185.413,42 estipulados em edital. São R$ 1.637.083,42 a menos.
A terceira colocada é a AKMX Arquitetura e Engenharia Ltda., que apresentou proposta de R$ 6.548.331, seguida por ASF Engenharia e Negócios Ltda. – venceu a licitação para reconstrução de ponte no Royal Park, na Zona Sul –, com contrato estimado em R$ 6.930.333, e pela Incorplan Engenharia Ltda, que faria o serviço por R$ 6.932.050). Até a sétima colocada, as ofertas estão abaixo de R$ 8.000.000.
O valor mais alto é o do teto previsto em edital. Os trabalhos de restauro e recuperação foram autorizados pelo prefeito Duarte Nogueira (PSDB) em 1º de fevereiro. O projeto executivo de restauro foi desenvolvido pela empresa Corsi Arquitetura e Construções. Foi aprovado, em reunião extraordinária realizada em 19 de janeiro, pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac).
Atende às necessidades atuais do edifício, inaugurado em 1917. A obra deverá ser concluída em dois anos. O objetivo da prefeitura de Ribeirão Preto é preservar a estrutura e adequar os espaços com obras de acessibilidade, para se tornar multifuncional e abrigar atividades culturais, inclusive com cafeteria.
Ao lado do Theatro Pedro II, do Centro Cultural Palace, do Edifício Antonio Diederichsen, de alguns palacetes no Centro Histórico e dos casarões que hoje formam o Complexo dos Museus, no campus da Universidade de São Paulo |(USP), o palácio é um dos símbolos da pujança de Ribeirão Preto no início do século passado, riqueza alicerçada nas fortunas dos barões do café, principalmente.
Uma parte do projeto trata da adequação do porão para dar um uso funcional e com acessibilidade completa, inclusive com acesso independente (elevador) voltado para a Duque de Caxias. A ideia é que o espaço abrigue a Escola de Arte do Bosque, que hoje está em funcionamento no Centro Cultural Palace.
Outra parte importante das obras de restauração e adequação trata da climatização dos ambientes com equipamentos atuais, permitindo a retirada de antigos aparelhos de ar-condicionado instalados nas fachadas do palacete histórico.
“Nossa proposta é que o Palácio Rio Branco seja um espaço multifuncional e democrático de promoção das artes, propiciando o desenvolvimento de atividades e eventos culturais e fortalecendo a memória cultural da nossa cidade”, pontua o secretário da Cultura e Turismo, Pedro Leão.
Fora isso, o prédio terá destinação exclusiva cultural, sendo que os salões do primeiro andar contarão com uma agenda de atividades contemplando exposições, ações formativas de cultura, saraus e apresentações diversas, segundo a Secretaria de Cultura e Turismo.
A intervenção trata do resgate da edificação do Palácio Rio Branco. O projeto de restauração e reforma contempla um café, espaços para formação permanente, acessibilidade completa com elevador externo, banheiros em todos os pisos, dentre outras coisas.
O Palácio Rio Banco vai completar 107 anos em 26 de maio. A construção do teve início em 3 de agosto de 1915 e a obra ficou pronta em abril de 1917. O prédio conta com dois pavimentos e um porão, tem 600 metros quadrados de área coberta, totalizando 1.800 metros quadrados de construção. O estilo de sua fachada é uma transição do barroco para o moderno e foi inspirado nas fachadas arquitetônicas do início do século da França.
O nome escolhido foi uma homenagem ao Barão do Rio Branco, falecido em 1912. A herma na praça em frente ao palácio, construída em 1913, foi a “pedra fundamental” para da obra do palacete. O monumento foi restaurado em 2018 depois de ser alvo de vândalos. Durante seus anos iniciais, o imóvel foi a sede da Câmara dos Vereadores, da prefeitura, da Procuradoria e outros órgãos políticos.
O governo municipal (Câmara e prefeitura) funcionou conjuntamente no Palácio Rio Branco até 1956, quando o Legislativo foi transferido para o antigo prédio da Sociedade Recreativa e de Esportes, na rua Barão do Amazonas nº 323, onde fica hoje o Museu de Arte de Ribeirão Preto (Marp). Foi a sede da prefeitura até 1º de setembro de 2022.
O Palácio Rio Branco tem dois salões que marcaram as grandes decisões da política e economia de Ribeirão Preto, o Rosa, nomeado como Orestes Lopes de Camargo, e o Salão Nobre Antônio Duarte Nogueira, pai do atual prefeito. Hoje, estes salões representam a história viva de Ribeirão Preto.
Em 2017, uma “cápsula do tempo” foi enterrada em frente ao Palácio Rio Branco. Uma edição do jornal Tribuna está entre os itens que o prefeito Duarte Nogueira guardou no compartimento. O objeto será aberto em 2056, ano do bicentenário de fundação da cidade. O tombamento do prédio ocorreu em 28 de março de 1988, pela lei nº 5.243.